Aos 79 anos de idade, Santarém morreu na manhã de terça-feira, 07, no Hospital São Vicente em Passo Fundo. O ex-jogador e ex-técnico de futebol lutava contra um câncer e estava hospitalizado há duas semanas. Antônio Carlos Lemos Santarém nasceu em Porto Alegre em 30 de dezembro de 1939. Deixou a esposa Helenita e os filhos Emerson, Daniele e Patrícia. Seu corpo foi velado no Memorial Vera Cruz e, à noite, foi trasladado para Porto Alegre onde será sepultado, hoje, às 8 horas no Cemitério São Miguel e Almas.
O futebol
Santarém iniciou em times menores da capital e logo chegou à base do Cruzeiro, onde começou a carreira profissional. Chegou a Passo Fundo vindo do Veterano de Carazinho para o 14 de Julho. Também atuou no Gaúcho, Flamengo de Caxias, Ypiranga de Erechim, Glória e Juventude dentre outros. Também foi técnico tendo passado por clubes de Passo Fundo e região. Depois trabalhou na Caixa Econômica Estadual em Passo Fundo, onde manteve residência por décadas. Santarém era um bom papo e suas histórias encantaram gerações nos cafés Oásis e Borga ou no Krep’s, locais que mais frequentava. O assunto, claro, era sempre o futebol. Manteve um bom relacionamento com jogadores de várias épocas, pois era comum encontra-lo conversando com Bebeto (já falecido), Cláudio Freitas ou Zé Ricardo. Não foi diferente na despedia, onde encontramos Sandro Sotilli, Vadecão, Canhoto, Saul, Mário Tito...
Clássico e habilidoso
Quem viu Santarém jogar responde com os mais elogiosos adjetivos. Entre os ex-jogadores há uma unanimidade: foi um craque. Vadecão jogou com ele no Gaúcho em 1962/63 e no 14 em 1965. Diz que “era fantástico, fora de série, muito clássico e tinha muita noção de jogo. Se fosse hoje, ele seria milionário”. Mário Tito teve Santarém como treinador no Gaúcho em 1976/7, mas já conhecia o seu futebol. “Quando cheguei a Passo Fundo, em 1970, o vi atuar pelo 14. Jogava muito. Nossa! Era muito clássico”. Saul Custódio foi companheiro de equipe no 14 de Julho entre 1971 e 1972. “Foi um privilégio, nosso camisa 10 era o ‘Pelé de Serra’. Sabia o que fazia, era um meia diferenciado para a época, pois ele entrava na área e enfrentava os zagueiros”, contou com entusiasmo.
Em campo
Não faltam histórias sobre o craque. Em 1968, Santarém fez dois gols na decisão que deu o título da Segunda Divisão ao 14 de julho, no Estádio Celso Fiore. No Gauchão 1971 o 14 acabou com a invencibilidade do Internacional. Jogo complicado e aos 12 minutos do segundo tempo Zezinho e Santarém trocaram passes, bola lançada para Pedrada que estufou a rede de Gainete. Enfim, ele construiu o gol da única vitória de uma equipe passo-fundense em jogos oficiais sobre a dupla Gre-Nal. Mas o arquivo de O Nacional também registra o gol antológico de Santarém na vitória por 3 x 1 do 14 de Julho sobre o Flamengo de Caxias. Jogo pela Segunda Divisão, em outubro de 1967, ele recebeu a bola na intermediária e driblou nada menos do que sete adversários e, ainda, o goleiro e mandou para o gol. (Colaborou o jornalista Lucas Scherer)