Ter a oportunidade de disputar um título de uma competição do futsal gaúcho, considerado um dos principais do Brasil, é um sonho de muitos profissionais. Mas chegar a uma decisão depois de ficar internado na UTI Covid e se reinventar, passando por uma rotina de treinamentos remotos, é algo que ficará marcado na carreira do técnico Juninho, do Passo Fundo Futsal.
Na última terça-feira (1º), a equipe ficou com o vice-campeonato da Liga Gaúcha de Futsal após perder os dos jogos da decisão da competição para a ACBF. Mesmo sonhando, e lutando pelo título, o PFF ficou com o vice-campeonato, porém o técnico Juninho teve muitos motivos para comemorar, já que foi uma grande vitória pessoal chegar a esta decisão, depois permanecer na UTI Covid por oito dias.
Em entrevista ao jornal O Nacional, o técnico falou sobre a importância desta conquista para a sua carreira e para a sua vida.
A campanha
A Liga Gaúcha de Futsal deveria ter encerrado em 2020, porém, devido às questões sanitárias relacionadas ao Covid-19, ela foi interrompida por mais de cinco meses, e retomada já na fase semifinal em 2021. O técnico avaliou que a campanha foi muito positiva, pois o clube conseguiu manter o elenco de qualidade e a competitividade durante as duas temporadas. “Montamos uma equipe muito competitiva em 2020, e conseguimos manter o grupo em 2021 para encerrar essa competição. Fiquei muito satisfeito com os números da equipe, com a segunda melhor campanha da competição e por detalhes não conseguiu esse feito inédito que seria o título. Tivermos 75% de aproveitamento durante toda a competição e a única equipe que conseguiu nos derrotar foi a ACBF, que foi a campeã”, disse Juninho.
Para o treinador, o vice-campeonato é muito expressivo para o projeto que o clube está desenvolvendo, pois faz com que atletas, comissão técnica e diretores acreditem cada vez mais que o clube tem uma boa base de trabalho, e que pode conquistar resultados ainda mais positivos em futuro próximo.
Adaptação à pandemia
A pandemia trouxe uma situação diferente de trabalho para todos os profissionais. Essa realidade também se refletiu no esporte, já que além das incertezas sobre a retomada das competições, foi necessário todo um novo processo de treinamento. Juninho explica que os trabalhos eram planejados semanalmente, visto que a possibilidade de alterações eram constantes. “Devido a pandemia não conseguíamos fazer uma programação de longo prazo. A cada semana ficávamos atento ao retorno ou não dos trabalhos e nos reprogramando. Mas mesmo trabalhando de forma individual, nunca deixamos de ter o contato com todos os jogadores, nunca deixamos a parte física cair, pois fazíamos um acompanhamento online. Nós criamos alguns mecanismos de treinamento virtual que serviu de modelo para outros profissionais. Nós desenvolvemos um processo de treinamento tático virtual, que foi bastante interessante” disse ele. Entretanto, um aspecto que recebeu atenção especial foi na saúde mental dos atletas pois o clima de insegurança e a incerteza era uma realidade, por não era possível saber a competição iniciada em 2020 seria realmente terminada em 2021.
Contaminação do elenco
Em dezembro vários integrantes do elenco do foram positivados para Covid-19, e isso causou uma apreensão muito grande dentro do clube. Um dos casos mais graves foi do técnico Juninho, que precisou ser hospitalizado e chegou a ser internado na UTI. Entretanto, a recuperação e a conquista do vice-campeonato são considerados uma vitória pessoal. “Nós nos infectamos no mês de dezembro, eu fui internado no dia 16 e fiquei hospitalizado até dia 7 de janeiro, permanecendo na UTI por oito dias e lutando contra o Covid. Foi uma vitória pessoal muito grande, pois muitas pessoas estavam torcendo por mim e o clube me deu toda a assistência para que eu pudesse estar aqui, firme e forte, exercendo minha profissão novamente”, disse ele.
O perfil do elenco
Juninho comenta que entre os fatores que fazem com que o PFF tenha chegado em condições de disputar o título, é o perfil do elenco. Para ele, é necessário ter uma qualidade técnica, com autonomia de jogo, mas também é preciso ter uma postura de profissionalismo dentro e fora de quadra, o que colabora muito para o desenvolvimento do trabalho. “Quando montamos um elenco, não olhamos somente para a parte técnica, tática e física do atleta. Por exemplo, o Passo Fundo é um clube organizado, gerenciado a várias mãos, com responsabilidade social, e precisamos trazer o atleta que tenha a mesma linha de conduta. Por isso pensamos sempre em uma família. Eu gosto de trabalhar com atletas que tenham uma autonomia de jogo, que tenham liberdade para trabalhar, e tenham perfil profissional, com boa qualidade física e técnica. Nosso clube cresce a várias mãos, todos precisam ser competitivos e determinados”, disse ele.
Campeonato Gaúcho e Taça Brasil
O Passo Fundo Futsal estreia no Campeonato Gaúcho contra o Marau no sábado (5). Na próxima semana o clube entra em quadra contra a equipe de Vacaria, também pela competição estadual. Em seguida, no dia 17 o elenco viaja para o Mato Grosso do Sul, onde disputa da Taça Brasil.