Brasil ganha primeiras medalhas nos Jogos Olímpicos Tóquio 2020

O país agora conta com prata no skate e bronze no judô

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Kelvin Hoefler ficou com a prata no skate street, sendo o primeiro brasileiro a ganhar medalha nesta edição dos Jogos (Foto: Jonne Roriz/COB)Kelvin Hoefler ficou com a prata no skate street, sendo o primeiro brasileiro a ganhar medalha nesta edição dos Jogos (Foto: Jonne Roriz/COB)
Kelvin Hoefler ficou com a prata no skate street, sendo o primeiro brasileiro a ganhar medalha nesta edição dos Jogos (Foto: Jonne Roriz/COB)
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O Brasil conquistou na madrugada deste domingo (25) as duas primeiras medalhas nos Jogos Olímpicos Tóquio 2020. O skatista Kelvin Hoefler ganhou prata na estreia da modalidade na competição. O gaúcho Daniel Cargnin faturou o bronze na categoria meio-leve do judô.

Skate

Kelvin Hoefler ganhou a medalha de prata no street e fez história ao se tornar o primeiro medalhista do país na modalidade no evento esportivo. Na Ariake Sports Park Skateboarding, o brasileiro foi superado apenas pelo japonês Yuto Horigome.

"Essa medalha é um ganho para o skate de todo o Brasil, pelo que nós atletas viemos trabalhando. Essa medalha não é só minha, é de todos os skatistas do Brasil e de toda a galera que torce por nós. Eu senti essa energia durante a competição, não temos público nos Jogos Olímpicos, então eu estava vendo as mensagens no telefone, vendo minhas redes sociais e sentindo toda a energia da torcida”, contou Hoefler.

Na disputa das preliminares, o skatista brasileiro competiu na segunda bateria. Com 34.69 pontos, Kelvin passou para a final na quarta colocação. Somente os oito melhores competidores, entre os 20 participantes, se classificavam para a disputa das medalhas. O primeiro colocado foi o francês Aurelien Giraud, com 35.88 pontos.

Na decisão, o brasileiro chegou a liderar a disputa, mas acabou ultrapassado pelo adversário japonês. Kelvin somou 36.15 pontos contra 37.18 de Yuto Horigome. A medalha de bronze ficou com americano Jagger Eaton. “Não fosse o vento, eu poderia ter ganhado o ouro. Infelizmente, errei duas manobras por conta disso”, afirmou Kelvin

O skatista brasileiro diz que a conquista da medalha e a participação nos Jogos Olímpicos parecem um sonho. “Eu nem sei o que está acontecendo ainda. Liguei o tempo todo para a minha mulher (Ana Paula) durante a competição. Ela me incentiva muito, dá aquele empurrãozinho a mais. Já choramos juntos com essa medalha. Outra pessoa que me ajuda muito é a Pâmela Rosa, que sabe muito da técnica do skate”.

O Brasil contou com mais dois representantes na disputa do street. Giovanni Vianna terminou na 12º posição, enquanto Felipe Gustavo foi o 14º colocado.

Judô

O judô do Brasil conquistou a 22ª medalha olímpica da modalidade. O gaúcho Daniel Cargnin, de 23 anos, realizou o feito em sua primeira participação em Jogos Olímpicos. Ele faturou o bronze da categoria meio-leve ao vencer o israelense Baruch Shmailov por waza-ari. Natural de Porto Alegre (RS), ele é o terceiro medalhista olímpico do judô na categoria meio-leve.

“Estou muito feliz porque eu me preparei muito. Só eu, meus amigos e minha família sabemos o quanto eu sofri quando os Jogos foram adiados. Sempre tive um sonho de medalha aqui em Tóquio, mas no Grand Slam, jamais imaginava que seria em Jogos Olímpicos. Estou muito feliz com isso, como processo que eu tive, meus amigos, todo mundo me ajudou muito. Sem eles, sem o apoio teria sido muito difícil”, contou Cargnin.

Daniel Cargnin conquistou a medalha em sua primeira participação em Olímpiadas (Gaspar Nóbrega/COB)

Daniel Cargnin teve grandes resultados neste ciclo olímpico, o título mundial júnior em Zagreb (Croácia), no ano de 2017, foi um prenúncio do que estava por vir na carreira de Daniel. Em seu primeiro ciclo olímpico, consolidou-se entre os melhores judocas do mundo na categoria meio-leve, garantindo a classificação para Tóquio com o 13º lugar no ranking mundial.

“Eu lembrei de duas pessoas. Primeiro da minha mãe, que sempre me apoiou, se preocupou comigo, desde os treinos quando eu saia 10 da noite do clube e ela me pedia para dar notícias, até no dia da viagem pro Japão quando arrumou uma bolsa de comida para eu não passar fome aqui. Depois da sensei Yuko. Lembrei de um treino na Itália em que eu estava treinando, apanhando muito e ela nunca desistiu. Sempre me chamava para voltar ao tatame e treinar mais. Se ela acreditou em mim mesmo naquela situação, eu não poderia desistir”, contou.

Ainda na preparação para Tóquio 2020, Daniel arrematou dois títulos pan-americanos (2017 e 2020) e teve seu melhor resultado no Grand Slam de Brasília, em 2019, onde foi campeão.

A estreia de Cargnin foi contra Mohamed Abdelmawgoud, do Egito, número 19 do mundo. A luta foi bastante equilibrada, até o golden score, quando Daniel conseguiu aplicar uma técnica de ashi e derrubou o egípcio. Na segunda luta, contra Denis Vieru, da Moldávia, mais um confronto equilibrado, decidido no golden score. Dessa vez, Cargnin conseguiu a projeção que valeu um wazaari e encerrou a luta. Nas quartas, contra Manuel Lombardo, da Itália, o brasileiro não deixou a luta ir para o tempo extra, mas conseguiu jogar o adversário faltando apenas sete segundos para o fim do combate, sem tempo para reação do italiano. Já no bloco final, a disputa foi contra o japonês Hifumi Abe que superou o brasileiro com um ippon e acabaria com o ouro olímpico. Sem tempo para desanimar, Cargnin voltou ao shiai-jô para a disputa do bronze, em que acabou superando Shmailov.

“Eu fiquei pensando que seria ruim ficar em quinto e como seria ficar em terceiro. Mas depois eu parei e pensei: cara, tu já tá pensando em como vai se sentir lá na frente, mas você ainda nem lutou. Botei um vídeo do Cristiano Ronaldo em que ele fala que temos que acreditar em nós mesmos e isso me ajudou. Depois eu analisei o adversário e lembrei que tinha lutado três vezes com ele, perdido duas, mas tinha ganhado justamente a última e isso me motivou”, analisou o brasileiro.

Na chave feminina, o Brasil teve também uma estreante, Larissa Pimenta, de 22 anos, que, assim como Cargnin, também veio da seleção júnior com resultados expressivos neste ciclo olímpico. Ela venceu a polonesa Agata Perenc por waza-ari. Mas na sequência enfrentou a japonesa Uta Abe, acabou sendo projetada e depois foi imobilizada, encerrando sua participação nos Jogos Olímpicos. Abe ficou com ouro na categoria.

“Hoje eu vim pra ganhar. A minha fase de experiência já passou e temos que estar focados em ganhar. Vim com a cabeça de dar tudo de mim e o resultado seria consequência disso. Eu tinha lutado com ela duas vezes e ela tinha se comportado da mesma maneira nas duas. Mas hoje foi diferente. No meio da luta ela me surpreendeu ao trocar o lado (da pegada). Dei o melhor que eu pude e acredito que vou crescer muito com essa experiência”, analisou Larissa. 

Nesta segunda (26) o judô brasileiro será representado por Daniel Katsuhiro Barbosa, na categoria leve.

Com informações do Comitê Olímpico Brasileiro (COB)

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