Desde o último domingo (1º), em Caxias do Sul, estão sendo disputados os jogos da 24ª Summer Deaflympics, ou Surdolimpíadas de Verão, em tradução livre. Essa é a primeira vez que o evento é realizado em uma cidade da América Latina.
As disputas vão até o dia 15 de maio. O evento conta com a participação de mais de 5 mil atletas vindos de 77 países. A Surdolimpíadas é a segunda competição mais antiga do mundo, datada de 1924, e atualmente, considerada a terceira maior competição esportiva do mundo.
A equipe brasileira vai disputar 17 modalidades no masculino e 14 no feminino. Futebol, vôlei, handebol, basquete, atletismo, badminton, natação, ciclismo de estrada, ciclismo mountain bike, tiro esportivo, orientação, tênis de mesa, judô e karatê terão representantes nos dois naipes. No tênis, vôlei de praia e taekwondo o Brasil tem equipes masculinas.
Atleta da região
Os jogos já estão em andamento, e nesta quarta-feira (4), iniciam as disputas na modalidade de vôlei masculino, que conta com um atleta da região de Passo Fundo em seu elenco.
O atleta e professor de educação física, Felipe de Oliveira Neto, tem 38 anos, e trabalha nas redes municipais de ensino de Tapejara e Água Santa. Ele estará em quadra hoje para defender o Brasil, a partir das 9 horas, em uma disputa contra a França.
Além da modalidade vôlei de quadra, Felipe ainda compete na modalidade de tênis individual e duplas, onde as disputas iniciaram nesta terça-feira (3).
Em meio às disputas da Surdolimpíadas, o atleta natural de Tapejara, destacou a importância desta disputa para sua carreira. “É uma honra, um privilégio enorme representar o nosso país em uma competição esportiva, ainda mais desse porte que é a Deaflympics, poder vivenciar toda essa competição e praticar os esportes que gosto me deixa muito feliz. É o ápice do esporte adaptado para pessoas com deficiência auditiva”, disse ele.
Vida dedicada ao esporte
Felipe começou a praticar voleibol ainda na adolescência, aos 15 anos, quando estava no ensino médio. Com 20 anos já participava de competições regionais de vôlei de praia e quadra, em paralelo à faculdade de Educação Física, onde cursava na UPF.
Foi nesta época que sua vida teve uma reviravolta. Ele sofreu um traumatismo craniano decorrente de um acidente de automóvel, e isso comprometeu a audição dos dois ouvidos. “Fiquei sem ouvir por seis meses. Após comecei a usar aparelho auditivo e, posteriormente implante coclear, foi uma grande mudança em minha vida, mas não me impediu de continuar no esporte e de estudar”, explica ele.
No ano de 2004, Felipe estava participando de uma etapa do Circuito Bancos do Brasil de vôlei de praia quando conheceu um atleta com deficiência auditiva, Toribio Malagodi. “Foi ele quem me apresentou essa nova modalidade. No mesmo ano participei do Campeonato Brasileiro de Vôlei de Praia para Deficientes Auditivos, e fomos campeões”, lembrou ele.
A partir do resultado, veio a primeira convocação para participar dos Jogos Panamericanos de 2012, no voleibol de quadra, onde conquistou a medalha de prata.
Desde então, ele coleciona conquistas na modalidade, sendo tetra-campeão brasileiro de vôlei de praia; campeão Sulamericano de Vôlei de Quadra em 2014; campeão Panamericano nos EUA em 2015; 4° lugar no Mundial realizado nos EUA em 2015; 5° Lugar no vôlei de quadra no 23° Deaflympics competições, que foi realizada na cidade de Sansum, Turquia em 2017, onde também competiu no vôlei de praia.
Sobre a competição
Até agora, foram realizadas 23 edições dos Jogos Surdolímpicos. A primeira, conhecida na época como Jogos Internacionais em Silêncio, foi em 1924, em Paris.
Disputados de quatro em quatro anos, os jogos foram interrompidas apenas durante a segunda guerra mundial (de 1939 a 1945). A última Surdolimpíada foi realizada em 2017 e teve como sede a Turquia, com provas disputadas na cidade de Samsun.A transmissão ao vivo pode ser acompanhada por streaming pela Deaflympics TV by XPlay, por meio do App Deaflympics TV ou ainda nas redes sociais da Deaflympics e XPlay TV.