SUPERAÇÃO: “Cada corrida é uma homenagem ao meu filho”

José Oliveira Cavalheiro, 75 anos, segue disputando provas de rua para celebrar a memória do caçula, vítima de câncer

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Foto: Luciano Breitkreitz/ON Foto: Luciano Breitkreitz/ON
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José Oliveira Cavalheiro, chamado carinhosamente pelos amigos de Cavalheiro, ou simplesmente Juca, já superou a marca de mil medalhas conquistadas em corridas de rua. O que torna o feito ainda mais emblemático, é o fato de ele ter iniciado a competir aos 40 anos, e seguir no esporte em homenagem ao filho, vítima de câncer. Toda a coleção de medalhas e troféus conquistados em três décadas, estará exposta no CTG Eduardo Muller, no bairro Edmundo Trein, durante a festa de aniversário dos seus 75 anos, marcada para este sábado (15).

Nascido em 1948 na comunidade de Três Lagoas, comunidade que hoje pertencente a Ernestina, Cavalheiro casou-se com Maria Ivone e mudou para a comunidade de São Roque, até que veio morar na cidade de Passo Fundo.O casal teve dois filhos, Gilber, o mais velho, e Inovir, o caçula. Quando o filho mais novo completou 12 anos, despertou o interesse e talento para começar a correr. Venceu três competições disputadas em Passo Fundo. O pai, que sempre gostou de esportes, especialmente futebol, passou a se interessar também pelo atletismo. No começo, apenas acompanhava os filhos. Pouco tempo depois passou a competir.

Porém, um fato trágico deu uma guinada na vida da família. Ao completar 21 anos, o caçula e atleta da família descobriu que tinha câncer. “Foi fulminante, ele sobreviveu apenas cinco meses”, lembra Juca. Dali em diante, Cavalheiro entendeu que a melhor maneira de manter viva a memória do filho seria continuar correndo. Ele transformou o luto em motivação e prometeu ao filho que, enquanto tivesse saúde, iria continuar correndo. “Cada corrida é uma homenagem ao meu filho”.


Rotina de competições

Mais de duas décadas se passaram desde a morte do filho e Cavalheiro segue competindo. Ao longo da carreira acumulou mais de mil medalhas, além de troféus e outras premiações. Já aposentado, ele mantém uma rotina de treinamentos bastante variada, dependendo do tipo de prova.

“Se vou correr uma prova de 10 quilômetros, durante a semana eu treino essa distância; se vou correr a meia maratona, treino os 21 quilômetros; e se eu vou correr uma maratona, nos dias anteriores eu me preparo para percorrer os 42 quilômetros.”

Ao longo de sua carreira, Juca tem sido uma figura recorrente em competições renomadas. Uma das provas que ele mais gosta é a supermaratona de Rio Grande, uma extenuante corrida de 50 quilômetros. Ele já competiu nessa prova seis vezes, obtendo resultados notáveis. “Consegui pegar premiação todas as vezes que competi em Rio Grande, na minha pior corrida fiquei em 10º lugar, e na melhor fiquei em 2º”, diz ele. Juca disputa a categoria acima dos 70 anos.

Mesmo tendo corrido provas conhecidas internacionalmente, como a São Silvestre e a Corrida de Reis, em Cuiabá, além de provas difíceis como Florianópolis, Blumenau e Cascavel, a sua prova preferida é sem dúvida a de Rio Grande. “Parte do percurso acontece na praia, e além disso, ela passa por locais muito bonitos, pois é uma cidade antiga, com muitos navios”, diz ele.


Família e amigos 

Além das conquistas individuais, Juca encontra satisfação em correr em grupo. Recentemente ingressou grupo de corredores Vida e Saúde, onde os membros compartilham viagens e participam juntos de várias provas. A esposa, Maria Ivone, também é uma entusiasta da corrida e costumava competir lado a lado do marido. “Enfrentamos desafios juntos, como a classificação conjunta nas etapas regionais do Sesc, o que permitiu que fossemos correr juntos em Torres”, disse ele. Infelizmente, Maria Ivone precisou se afastar das corridas devido a problemas no joelho.

A interação com outros corredores é um dos aspectos mais gratificantes para Cavalheiro. Ele concretizou amizades duradouras em seu grupo de corrida e também teve a oportunidade de conhecer competidores de outras cidades e até mesmo de outros países, como Uruguai e Argentina.

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