Torcedor fervoroso do Internacional desde a infância, o juiz de direito, Dalmir Franklin, encontrou uma maneira inusitada de demonstrar sua indignação em relação a atual gestão do clube colorado. Após conquistar na justiça o direito de participar das eleições do clube, por ter o nome excluído da lista de sócios votantes, provavelmente em razão de problemas no cartão de crédito, ele apresentou a proposta de abrir mão das custas processuais, desde que o presidente do conselho de gestão do clube, Alessandro Pires Barcellos, renuncie ao cargo.
Colorado de longa data, Franklin acumula histórias vividas nas arquibancadas, não só do Beira-Rio, mas em jornadas fora do Brasil, como o Mundial de Clubes, conquistado em 2006 no Japão, e a final da Libertadores de 2010, no estádio Chivas, em Guadalajara. Também estava presente na primeira partida da final da Libertadores de 2006, no Morumbi.
A conexão com o clube não se limita a apenas à condição de torcedor. Entre os 8 e 11 anos, ele atuou como atleta da escolinha do Inter em Porto Alegre. Mais tarde, assumiu o cargo de cônsul do clube no município de Três Passos, e posteriormente, representante do Inter em Passo Fundo.
Processo
Franklin, que atua como como juiz titular na Vara da Família, na Comarcar da Passo Fundo, decidiu ingressar na justiça contra o seu clube do coração no final do ano passado, ao descobrir que seu nome não constava na lista de sócios aptos a votarem nas eleições para escolha da nova direção. Sócio desde 2001, ele conta que sempre manteve em dia o pagamento, no entanto, acredita o cartão de crédito, usado para debitar as mensalidades, pode ter ocasionado o problema, que segundo ele, não foi comunicado pelo clube. Sem sucesso na tentativa de resolver a situação administativamente, a alternativa foi recorrer à Justiça.
Dalmir Franklin obtve o direito ao voto através de uma liminar concedida pela juíza da 3ª Vara Civel do Forum Central da Comarca de Porto Alegre. No entanto, o processo seguiu aidante, houve uma audiência de mediação, para decidir sobre as despesas processuais e honorários advocatícios.Para demonstrar toda a indignação com os rumos que o clube vem tomando nos últmos anos, Dalmir propôs renunciar aos valores das despesas do processo, desde que o presidente do conselho de gestão, Alessandro Barcellos, renuncie ao cargo.
“O valor era de aproximadament R$ 1,5 a R$ 2 mil. Eu disse que renunciava, desde que o presidente do conselho de gestão renuncie também. Acredito que ele está causando graves prejuízos ao clube. Esta ação é apenas um demonstrativo, inclusive da inaptência administrativa desta gestão. Então, aí coloquei as derrotas humilhantes, vexatórias, demonstrando toda a incompetência desta gestão. Formalizei a proposta de acordo nos autos, para que intimasse o Inter para se manifestar. Se ele não renunciar eu desisto da ação. Ninguém arca com nada e termina o processo. O objetivo da minha proposta de acordo é deixar muito claro a insatisfação, a irresignação, com a falta de gestão do Sport Clube Internacional. Aproveitei o processo judicial que envolvia a questão do exercício do direito de voto para demonstrar minha inconformidade com a gestão atual," explica o magistrado.