Cerca de 3 mil devem participar do acampamento da juventude

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O campo verde da Sociedade Gaúcha de Lomba Grande, um sítio a 40 quilômetros de Porto Alegre, começou a ser colorido pelas lonas de barracas de mais de 20 países e de todo o Brasil, no 10° Acampamento Intercontinental da Juventude. O local vai receber cerca de 3 mil participantes do Fórum Social Mundial (FSM). O evento começa nesta segunda-feira e terá atividades na capital gaúcha e na região metropolitana.

 As barracas começaram a ser montadas no sábado, mas a organização do acampamento começou há mais tempo, com a difícil decisão de retirar o alojamento provisório do centro da capital, onde foi instalado nas edições anteriores do fórum. O representante da coordenação Thomas Enlazador afirma que a prefeitura de Novo Hamburgo, na Grande Porto Alegre, ofereceu mais condições para a montagem do campo.

 “A prefeitura daqui nos ajudou a trazer o acampamento para cá. Ofereceu tendas, apoio da Defesa Civil, articulação com os grupos de agroecologia, de agricultura familiar, facilitou o abastecimento de água e a coleta seletiva de lixo”, afirmou. “Não foi um apoio em dinheiro o determinante, mas em infraestrutura.” Dividido em seis bairros, o acampamento da juventude tem praça de alimentação, três palcos para shows, telecentros com vários computadores, rádio comunitária, centro de produção multimídia, tendas para realização de oficinas culturais e debates, além de infraestrutura de banheiros, saúde, segurança e até uma “ecoescola” para crianças. A expectativa é de que 100 crianças - que acompanham os pais ou que sejam filhos de pessoas que trabalham no local - participem do evento.

 “Oferecemos para as crianças prática de plantio, coleta de sementes, o trabalho com o barro, pisoteando o barro, vamos ter oficina de circo, de musicalidade... Cada um vem passar um pouquinho do que sabe para as crianças e as mães se revezam aqui”, explicou a responsável pela ecoescola, instalada no bairro Aldeia da Paz, Siele Pontault.

 A estudante de história Kelly Fernandes, 21 anos, diz que os espaços criados no acampamento favorecem o contato entre as pessoas e permite que os participantes conheçam novas ideias. Por isso, trocou o apartamento em Porto Alegre, pólo dos principais debates do FSM, pelo acampamento em Nova Hamburgo. “Temos a possibilidade de fazer amizade com pessoas de outros países e conhecer, por meio de relatos, realidades [de vida] diferentes das nossas”, afirmou.

 Para promover a convivência e a diversidade cultural, a organização do acampamento decidiu que o gerenciamento da rotina dos bairros será feito pelos próprios participantes, que devem definir as regras de cada campo, como a disposição das barracas, a limpeza do local e os horários para festas. No bairro Aldeia da Paz, onde está uma comunidade que defende valores sócio-ambientais, o consumo de álcool é proibido, por exemplo.

 A participante da Bahia, a artesão Fábia Regina, 40 anos, elogia a ideia da autogestão. Mas cobra mais engajamento dos participantes, que somam cerca de mil pessoas nesse domingo (24). “Existe uma comunhão. Mas são poucas pessoas com uma mentalidade do cuidado. Se as pessoas se preocupassem em cuidar bem do espaço público, certamente, tudo ficaria melhor.”

 Agência Brasil

 

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