A Polícia Federal prendeu na manhã desta quinta-feira três envolvidos em um suposto esquema de desvio de recursos do Banrisul. Eles são o superintendente de Marketing do Banrisul, Walney Fehlberg, um representante da agência SL&M, Gilson Storke, e um diretor da DCS, Armando D'Elia Neto. Os três foram detidos durante buscas em residências e empresas. Com eles foi encontrado um total de quase R$ 3 milhões em dinheiro, sem origem identificada.
A Polícia Federal informou que o setor de marketing do banco combinaria valores com empresas de publicidades que participavam de licitações. A instituição escolheria sempre a proposta de menor valor, que já era superfaturado, e todas dividiriam a quantia definida. Uma força-tarefa está formada pela Polícia Federal, do Ministério Público Estadual e do Ministério Público de Contas. A suposta organização pode ter causado um prejuízo de mais de RS 10 milhões nos últimos 18 meses. A Operação Mercari cumpriu 11 mandados de busca e apreensão, sendo 10 em Porto Alegre e um em Gravataí, com a participação de 76 policiais federais. Em entrevista coletiva ontem à tarde, o superintendente da Polícia Federal, Ildo Gasparetto, ressaltou que o Banrisul é vítima dos supostos desvios de recursos. O inquérito será conduzido em sigilo de justiça.
A SL&M Ogilvy, uma das agências investigadas na operação Mercari, divulgou nota oficial dizendo que a empresa está “extremamente surpresa em ver seu nome envolvido em operação do Ministério Público e Polícia Federal”. Apesar de a atividade ter sido interrompida pela PF, a SLM garante que permanece atendendo normalmente seus clientes. A assessoria de imprensa da DCS Comunicação disse que a agência deverá se manifestar somente nesta sexta-feira, 3. Ambas as agências não tiveram expediente durante o dia de hoje, segundo divulgou o site do Coletiva.Net.
Nota do Banrisul
Em nota, a diretoria do Banrisul, disse que o banco mantém sistemas rigorosos de controle interno e sistemas igualmente rígidos de controle externo, de modo que seu excelente desempenho econômico guarda estreita vinculação com pautas de boa governança corporativa; Que supostas irregularidades detectadas pelo sistema de controle, sejam internas, sejam externas, merecem total atenção da diretoria e rigor em sua apuração, preservando-se, no entanto, pautas institucionais e jurídicas de atuação;
A direção se disse surpreendida com as investigações estabelecidas a partir da representação do Ministério Público, na medida em que as investidas para apurar materialidade e autoria supostamente delitiva, não podem mesclar a responsabilidade de outrem com a conduta ética e mercadologicamente responsável do Banrisul, que termina por experimentar efeitos indesejados sem que tenha concorrido para quaisquer das situações investigadas;
De outra forma, ressalta que o Banco é e sempre foi solidário com as instituições fiscalizadoras, sendo que, no caso concreto, reafirma seu compromisso ético com a boa governança corporativa, a despeito de eventuais danos diretos ou indiretos à imagem do Banco.
A direção diz ainda ter certeza que as investigações chegarão a bom termo, de modo rigoroso e célere, para que, caso comprovados os danos, eventuais responsáveis restem identificados e os prejuízos sejam ressarcidos.
Por fim, externou preocupação com a exposição pública da instituição com base em apontamentos iniciais, não sendo valorados os rígidos controles a que se submete constantemente e que atestam a lisura de todos os expedientes e procedimentos.