Tarso faz história e promete governo de coalizão

O ex-ministro do governo Lula foi o primeiro governador a ser eleito em primeiro turno no Rio Grande do Sul

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Redação ON

O ex-ministro da Justiça Tarso Genro, do PT, é o novo governador do Rio Grande do Sul. Ele foi eleito no primeiro turno, fazendo história no Estado, pois esta foi a primeira vez que um governador é eleito com 54% dos votos no primeiro turno. Na primeira entrevista coletiva concedida ontem à noite, após consolidada a vitória, Tarso prometeu um governo de coalizão. Disse que não tem rancor dos adversários e que vai conversar com todos os partidos Ao lado dos ex-governadores do Estado, Olívio Dutra e Alceu Collares, do senador reeleito, Paulo Paim, de seu vice, Beto Grill, entre outros, ele disse ter absoluta convicção de dizer que o Rio Grande do Sul não vai se arrepender desta ideia.
Citando muitos nomes, Tarso começou seu pronunciamento, por volta das 20h15, na sede do comitê do PT, em Porto Alegre, agradecendo aos que contribuíram na campanha da coligação Unidade Popular pelo Rio Grande – desde os dirigentes de partidos à militância, que segundo ele, voltou a ter gosto pela política. “Novo governo será de diálogo”, prometeu.

Segundo ele, com a arma do diálogo e da persuasão a Unidade Popular vai governar, para logo depois citar as primeiras legendas as quais irá buscar apoio: “Eu vou procurar o PDT para convidá-los para entrar para a nossa Unidade. Achamos que o PDT tem mais unidade conosco do que com nossos adversários. Faremos com todo o respeito que merecem”, disse. Mais adiante reformou: “Achamos que o PDT tem mais a ver conosco do que com outros partidos. Quero ouvir o que os partidos pensam. Eu não creio que o PMDB esteja disposto a dialogar conosco. Vou conversar com eles, vou acatar sugestões se forem compatíveis, mas não entendo que eles, os Democratas ou PSDB sejam passíveis de um acolhimento mínimo.”, acrescentou.

Quem é Tarso
Tarso Fernando Herz Genro, 63 anos, natural de São Borja, é advogado, formado pela Universidade Federal de Santa Maria. Filho da dona de casa Elly e do advogado e escritor Adelmo Genro, é casado com a médica Sandra Genro, com quem tem duas filhas: Luciana, deputada federal, e a médica Vanessa, e um neto, Fernando, filho de Luciana. Especializado em Direito Trabalhista, atuou em defesa de sindicatos e associações profissionais em todo o estado e integra o Instituto dos Advogados Brasileiros.
 
Seguindo a carreira política de seu pai, Adelmo Simas Genro, que foi vereador e vice-prefeito de Santa Maria, Tarso iniciou suas atividades partidárias em 1968, sendo eleito no ano seguinte vereador de Santa Maria pelo único partido oposicionista da época, o MDB (Movimento Democrático Brasileiro), com 21 anos. Após a redemocratização, ingressou no PT, partido pelo qual foi eleito deputado federal constituinte, em 1986. Antes, no início da década de 80, foi porta-voz do Partido Revolucionário Comunista (PRC).
 
Tarso foi vice-prefeito de Porto Alegre na primeira gestão da Administração Popular (1989/1992), comandada pelo prefeito Olívio Dutra. Posteriormente, foi prefeito da capital gaúcha em duas gestões, entre 1993 e 1996 (quando sucedeu a Olívio) e entre 2001 e 2002. Esteve à frente de experiências consideradas inovadoras na participação popular, como o Orçamento Participativo, e de um processo de inversão de prioridades, que consolidou a capital gaúcha como uma referência mundial, conquistando premiação da ONU sobre gestão pública, sediando o Fórum Social Mundial e o 1º Fórum Mundial de Autoridades Locais.

Genro foi candidato da Frente Popular ao governo do estado por duas vezes: em 1990, quando conquistou 10% dos votos, e em 2006, quando alcançou 48% da votação no segundo turno. Exerceu, também, a função de presidente nacional do Partido dos Trabalhadores.
 
Tarso Genro participou das duas gestões do presidente Luis Inácio Lula da Silva. Na primeira, exerceu as funções de ministro da Secretaria Especial do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, ministro da Educação e ministro da Articulação Política. Na segunda, como Ministro da Justiça. Nesta condição, coordenou a instituição de programas como o Prouni, na Educação, e o Pronasci, na Justiça, além de ter iniciado o processo de expansão da rede federal de ensino superior e de ensino técnico e coordenado a formação da coalizão de governo que marcou o segundo mandato de Lula.
 
Tem vários livros editados na área de Direito, Política e Literatura, incluindo trabalhos publicados na França, Espanha, Turquia, Estados Unidos, Uruguai, México, Peru, Portugal e Itália. Em 2006, recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Pelotas (RS).

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