O Governo do Estado vai buscar, na reeducação alimentar, o estímulo para incentivar a ampliação do consumo do feijão e do arroz, duas das principais culturas agrícolas do Rio Grande do Sul, não só pelo que movimentam na economia, mas especialmente pelo aspecto social. O anúncio foi feito no sábado, em Sobradinho, pelo secretário da Agricultura, Pecuária e Agronegócio, Luiz Fernando Mainardi, durante o lançamento do programa Feijão com Arroz, na abertura da 14ª Festa Estadual do Feijão.
Falando para um público composto por integrantes de 17 municípios das principais regiões produtoras, Mainardi destacou que a proposta vai além de uma campanha de mídia. "Estamos preparando um programa consistente, que produza resultados duradouros, baseado na reeducação alimentar e no resgate do prato símbolo do povo brasileiro, ressaltando as qualidades nutricionais e funcionais do feijão e do arroz", explicou.
Também devem fazer parte da iniciativa a inserção dos órgãos de pesquisa, como a Fepagro, convidada pelo secretário Luiz Fernando Mainardi a produzir novas variedades do feijão, buscando um produto mais fácil de cozinhar e com capacidade para ser consumido em até seis meses, mantendo as características do grão recém colhido.
Na opinião do secretário, o feijão, especialmente na região Centro Serra, poderá voltar a ocupar área semelhante a que era utilizada há 20 anos. Naquela época eram cerca de 12 mil hectares plantados. Hoje, com a ampliação da lavoura do fumo e o desestímulo dos produtores, não chega a oito mil hectares. "O feijão pode ser alternativa para a reconversão produtiva, especialmente neste momento em que o mundo discute restrições ao plantio do fumo", antecipou Mainardi.
Presente ao evento, o presidente da Farsul, Carlos Sperotto, também produtor de feijão, destacou o momento histórico para aquela lavoura e a sua importância social, na medida em que é grande geradora de empregos. De acordo com o IBGE, de 2003 a 2009, os brasileiros reduziram o consumo do feijão e do arroz. Nestes seis anos, o consumo médio anual per capita de arroz caiu de 24,6 quilos para 14,6 quilos, representando uma redução de 41%. No caso feijão, a redução foi menor, caindo de 12,4 quilos para 9,1 quilos, significando uma diminuição de 27%. Os números preocupam, especialmente no caso do arroz, em que a cada safra há excedente entre o que é produzido e o que é comercializando, o que provoca queda nos preços.
Também faz parte do programa a organização da cadeia produtiva do feijão no Estado, o 10º maior produtor do País. Nesta safra, o Rio Grande do Sul deve colher cerca de 120 mil toneladas numa área plantada de 100 mil hectares. Por isso, também no sábado, foi criada a Associação dos Produtores de Feijão do Rio Grande do Sul (Aprofeijão), que será presidida pelo produtor Tarcisio Ceretta, de Sobradinho.