Em entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira, Dom Dadeus Grings lançou a carta “Judiciário invade jurisdição da Igreja”, na qual faz críticas ao Judiciário por conta de uma ação de danos morais na qual foi condenado, juntamente com Diocese de São João da Boa Vista, a pagar R$ 940 mil. O processo decorre da década de 90, quando Dom Dadeus, atendendo ao pedido da população de Mogi Guaçu (SP), posicionando-se a favor de uma obra da prefeitura local. O entrave era um terreno. A família envolvida, ingressou na Justiça sentindo-se prejudicada e pedindo indenização em valor “dez vezes acima do normal”. A Ação já transita em julgado e definiu o valor citado a ser pago por Dom Dadeus e pela Diocese de São João da Boa Vista.
O Arcebispo classificou a decisão como “agressão”, “arbitrária” e “impraticável” e afirmou não ter recursos para pagar a soma definida pela Justiça, ao mesmo tempo em que parafraseou São Gregório VII para definir sua postura diante do ocorrido: “porque amei a justiça e odiei a corrupção, fui condenado pelo judiciário brasileiro”.
Segundo Dom Dadeus chegou ao fim mais um capítulo da agressão do Judiciário contra a Igreja Católica. Ele disse que o Judiciário não está reconhecendo os limites de sua jurisdição e nem seguindo os Acordos internacionais, colocando toda a sociedade em risco. “O problema da corrupção no Brasil tem sua base exatamente ali, no Judiciário. Todos sabem disso, mas poucos têm coragem de denunciá-lo! Nossa Presidente começou a faxina no Executivo. Quando será a vez do Judiciário, onde o problema é muito mais grave?”, questionou. Segundo ele, o montante da indenização ultrapassa qualquer bom senso. “Vê-se que os Juízes estão desligados da realidade. Os ministros da Igreja católica não recebem salários polpudos, como eles, nem amealham fortunas”, disse. Mais adiante afirma: “O que, porém, leva a dizer um redondo e sonoro não à sentença condenatória e dar um basta aos desmandos do Judiciário é sua invasão no campo da jurisdição da Igreja. O Judiciário não reconhece seus limites”.
Ajuris
A Ajuris manifestou indignação face as declarações do Arcebispo de Porto Alegre, Dom Dadeus Grings, que atribui ao Poder Judiciário a condição de ente corrompido, impulsionado por ter sido condenado em ação de indenização por fato que lhe foi imputado, ocorrido na cidade de Mogi Guaçu (SP). “Esta prática adotada pelo Arcebispo está cada vez mais disseminada no Brasil, notadamente quando o Judiciário decide em desfavor de segmentos que desfrutam de poder diferenciado na sociedade”. Segundo a entidade, é necessário que a cidadania perceba que um país, para ser substancialmente democrático, deve contar com um Poder Judiciário laico, imparcial e independente. “Reiteramos que a postura inquisitorial do Arcebispo é inaceitável. Da mesma forma, registramos o grande respeito que temos pela Igreja Católica, e todas as outras religiões”, diz a nota.
A Ajuris diz que exigirá pronta apuração de qualquer irregularidade no Poder Judiciário, mas não admitirá a ofensa generalizada e irresponsável, de qualquer autoridade, simplesmente pelo fato de ter seus interesses contrariados por decisão judicial.