Até o dia 9 de janeiro, o Rio Grande do Sul teve uma redução de 37,56% na produção total de milho, de 14,99% na soja e 6,26% no arroz, em relação à estimativa inicial, calculada a partir da média histórica dos últimos dez anos. Os prejuízos ao Estado representam R$ 2,2 bilhões se considerar apenas os preços pagos aos produtores pela saca dos referidos grãos. Os dados foram divulgados ontem pela Emater e pela Secretaria de Desenvolvimento Rural e Cooperativismo. Entre os principais grãos de verão, apenas o feijão manteve-se estável, apresentando inclusive aumento de 0,83% em relação à previsão inicial.
A pesquisa abrangeu 95% da área de milho cultivada no Estado, 94% da área de soja, 83% de arroz e 76% de feijão. O secretário de Desenvolvimento Rural, Ivar Pavan, reforçou que os dados divulgados hoje dizem respeito às perdas já consolidadas, portanto, não podem ser revertidos. “Mas se as chuvas se normalizarem a partir de agora, estes danos podem cessar”, avaliou Pavan.
O presidente interino da Emater, Gervásio Paulus, destacou ainda que a estiagem não pode ser considerada um evento generalizado, já que não alcança todas as regiões do Rio Grande do Sul. “Ela (estiagem) atinge não apenas de forma desigual o Estado. Dentro de uma mesma região, as chuvas têm chegado mais em alguns municípios do que em outros”, explicou o diretor.
O secretário de Agricultura, Luiz Fernando Mainardi, falou sobre as ações do Governo para apoiar o agricultor, de forma que este esteja cada vez mais preparado para enfrentar os períodos de escassez de água. “O Governo, evidentemente, está preocupado com a situação. Estamos discutindo internamente e com as cadeias produtivas mais prejudicadas medidas e programas para estarmos cada vez mais preparados para enfrentar este problema”, avaliou Mainardi.
Dados
A cultura mais afetada até o momento é a do milho. A expectativa inicial de se colher 5.304.381 toneladas (calculada a partir da média histórica dos últimos dez anos) já foi reduzida, em função da estiagem, para 3,312 milhões de toneladas. As regiões que apresentaram as maiores quedas nos rendimentos esperados foram Ijuí (-68,93%), Passo Fundo (-56,11%) e Lajeado (-35,32%). Caso persistam as condições observadas até aqui, esses números poderão aumentar, pois ainda restam 28% das lavouras em desenvolvimento vegetativo, 17% em floração e 34% em fase de enchimento de grãos. As demais estão maduras (14%) ou já foram colhidas (10%).
Na soja a pesquisa indica uma redução de 14,99% em relação à previsão inicial, trazendo a produção para 8,756 milhões de toneladas. As maiores reduções se localizam, até o momento, em Santa Maria (-22,18%), Ijuí (-19,25%) e Santa Rosa (-17,50%).
Baixa temperatura
Outro problema observado foram as baixas temperaturas durante a noite, que prejudicam o desenvolvimento normal das plantas, diminuindo o número de perfilhos e afetando a produtividade. Entre as principais regiões produtoras, a que apresentou a maior diminuição foi a região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé (Campanha e Fronteira Oeste) com -14,345 em relação à produtividade estimada inicialmente.