O RS Mais Igual, programa do Governo do Estado que busca a erradicação da pobreza extrema, foi apresentado na manhã de sexta-feira, em Barros Cassal, município localizado na região Altos da Serra do Botucaraí. Para até 2014, o Programa objetiva qualificar a inclusão social e produtiva de mais de 306 mil famílias gaúchas, sendo 35 mil famílias do meio rural. Após a apresentação do programa estadual, pela secretária adjunta da Casa Civil, Mari Perusso, e do diagnóstico da situação de miséria de quase 600 famílias do Alto da Serra do Botucaraí, elaborado pela Emater/RS-Ascar, prefeitos e representantes de 15 municípios da região assinaram termo de adesão ao RS Mais Igual, assumindo o compromisso de elaboração de seus próprios Planos Municipais de Erradicação da Pobreza Extrema. O objetivo é reduzir as desigualdades sociais e promover a inclusão social e produtiva dessas famílias. A força tarefa tem o apoio da Emater/RS-Ascar e de outras 14 secretarias de governo, além da Casa Civil e do Gabinete do Governador.
O desafio de diminuir a pobreza extrema no meio rural do Estado foi alavancado pela Emater/RS-Ascar no final do ano passado, quando foi realizado um primeiro levantamento na região do Botucaraí, cujo diagnóstico foi apresentado em Barros Cassal pelo diretor técnico da Instituição, Gervásio Paulus. Das 100 mil famílias cadastradas no CadÚnico, cerca de 80 mil recebem o Bolsa Família, “que é um direito social”, destaca o presidente da Emater/RS e superintendente Geral da Ascar, Lino De David, ao anunciar que a Instituição vai rastrear as demais famílias que podem acessar esta e outras políticas públicas. “Quando o problema da miséria vai para a pauta política e a sociedade toma consciência de que não dá mais para aceitar essa exclusão, é preciso que os governos coloquem iniciativas e políticas públicas à disposição dos municípios e das comunidades, para amenizar o problema”, disse De David.
Realidades
Na região do Botucaraí, a Emater/RS-Ascar pesquisou sobre as condições de vida, os anseios e as aspirações de quase 600 famílias. O diagnóstico envolveu os Escritórios Regionais da Instituição de Lajeado, Passo Fundo, Ijuí e Santa Maria. Entre os dados analisados, chama a atenção do diretor que mais de 56% das 576 unidades familiares pesquisadas (2.459 pessoas) são compostas de crianças e jovens de até 24 anos, “o que permite planejar ações que incentivem a sucessão familiar”, disse. Como a maioria (73,44%) vive em casa de madeira e, desses, quase 30% não possui banheiro, uma das principais aspirações, com 62% das respostas, é a construção e melhoria da habitação, seguida da intenção de permanecer no meio rural (51%) e fazer cursos de aperfeiçoamento (40%).
A alta dependência de aquisição externa de alimentos para consumo familiar chamou a atenção do diretor técnico e do presidente da Emater/RS. Das famílias entrevistadas, 54,86% apresentam grau de dependência de 70 a 100%; 34,55% têm dependência média de 40 a 70%; e 10,59% possuem baixa dependência. Das poucas famílias que produzem para o próprio sustento, a maioria (52,43%) utiliza a tração animal para preparar o solo. Milho, fumo, soja, mandioca e feijão são os produtos mais cultivados e 66% dos entrevistados têm horta, mas a venda do excedente é eventual, de 0,35%.