Avançam as pesquisas para a produção de azeitonas no RS

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Resistente à estiagem, a oliveira começa a mostrar seu potencial para os produtores gaúchos. Em Cachoeira do Sul, uma pesquisa que envolve técnicos da Emater/RS-Ascar, da UFRGS e da Embrapa está avaliando a resposta da oliveira a diferentes doses de cálcio e boro.

Segundo Clésio Gianello, professor do Departamento de Solos e do Programa de Pós-graduação em Ciência do Solo e coordenador do Laboratório de Análises de Solo e de Tecido Vegetal da UFRGS, essa pesquisa destina-se a fazer testes de nutrição da planta no que diz respeito ao uso dos elementos cálcio e boro.

"Estamos há 3 anos desenvolvendo essa pesquisa. No primeiro ano, colhemos em média 8 quilos por planta da variedade Arbequina. Já no terceiro ano, estamos retirando em média 30 quilos por planta. Esses resultados se devem, principalmente, ao crescimento das plantas", comemora Gianello. 

A experiência também está sendo feita com outras 36 plantas da variedade Arbosana, que não teve produção no primeiro ano e no segundo passou por uma poda vigorosa. Em 2012, essa variedade está produzindo entre 15 e 20 quilos por planta, em média.

A pesquisa está sendo guiada por processos científicos e conta com a colaboração da Dra. Margarete Nicolodi, do Departamento de Horticultura e Silvicultura, também da UFRGS. "Os estudos com as oliveiras teve início em 2008. Com a colaboração da Embrapa, estamos buscando o caminho mais adequado de adubação do solo para as oliveiras, uma cultura pouco conhecida no Brasil", avalia Margarete. 

Para o assistente técnico estadual da Emater/RS-Ascar em fruticultura e que acompanha o processo de implantação dos pomares Olivas do Sul desde o início, Antonio Conte, hoje no Brasil não existe uma orientação específica para a produção de azeitonas e as informações estão baseadas em literatura internacional.

Os pomares que já estão com um pouco mais de 5 anos de implantação apresentam os primeiros resultados da pesquisa e mostram que a cultura chegou para ficar no Rio Grande do Sul. Temos muito o que aprender, ainda, para que possamos estabelecer um padrão de recomendações aos produtores, mas com o trabalho de pesquisa realizado com essas três instituições, a médio prazo estaremos com mais uma alternativa importante para a agricultura", comemora Conte. 

Olivas do Sul 
Em plena safra, o cultivo de oliveiras vem demonstrando uma boa adaptação a solos gaúchos. Tendo iniciado na atividade em 2007 com o plantio de 12 hectares com as variedades Arbosana e Arbequina, o produtor José Alberto Aued comemora a produção de 2012. Em média, estão sendo colhidos 30 quilos de fruta por pé. "Tivemos uma única arvore que produziu 74 quilos de azeitonas". Hoje, dos 17 hectares implantados, 12 estão em produção das variedades Arbequina, Arbosana e Koroneike. Já tendo encerrado a colheita, a variedade Arbequina apresentou produtividade média de 10 toneladas por hectare e da Arbosana, cuja colheita está no início, espera-se obter 6 toneladas por hectare. 

Na avaliação do agrônomo Antonio Conte, esse foi um ano especial para a olivicultura. Atividades tradicionais em países do mediterrâneo como Espanha, Portugal e Itália, a produção de oliveiras é pouco exigente no que diz respeito à necessidade de umidade. "Para essa cultura, a estiagem que castigou a safra de grãos de verão gaúcha foi extremamente benéfica para as oliveiras", afirma Conte. 

Não satisfeito com a produção de azeitonas, Aued investe também no beneficiamento, fazendo a extração e o envase do azeite extra-virgem. Nesta safra, a Olivas do Sul deve produzir 18 mil litros de azeite que serão distribuídos em 8 Estados brasileiros. 

Buscando suprir a demanda por mudas, hoje a Olivas do Sul também está registrada no Ministério da Agricultura como produtor de mudas que atende a novos plantios do Estado. "São 150 mil mudas por ano, comercializadas em todo o RS, e não estamos dando conta dos pedidos", informa o produtor que pretende ampliar em 8 hectares a área com a cultura de oliveiras nos próximos anos. 

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