Um maior número de portadores de HIV que sofrem de lipodistrofia poderão passar por cirurgias reparadoras no Estado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Nos próximos dias, o Hospital Geral de Caxias do Sul também passará a ser referência para o procedimento. A doença afeta algumas pessoas que fazem tratamento com antirretrovirais que, como efeito colateral, acabam perdendo gordura em algumas partes do corpo, como no rosto, braços e pernas, enquanto acumulam em outras, como na barriga e atrás do pescoço. Os pacientes são encaminhados para a cirurgia a partir dos serviços de saúde que são atendidos rotineiramente.
Para o representante estadual da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/Aids (RNP+RS), José Hélio Costalunga, o acesso a esse serviço foi sempre um dos grandes enfrentamentos da classe. "Esse problema é um efeito que deixa a pessoa com o que a sociedade considera a cara da Aids. Por isso, essa estigmatização vai muito além da questão estética, fazendo com que ela perca sua autoestima e entre em depressão, fatores que prejudicam a sua saúde", afirma. "Esse procedimento ajuda a pessoa voltar a ser como ela era e isso dá forças para ela seguir lutando", conclui.
Até o início do ano, apenas o Hospital Conceição, em Porto Alegre, oferecia os procedimentos cirúrgicos e ambulatorial, que aspiram o tecido adiposo das partes em excesso e implantam próteses para preenchimento dos locais afetados. O hospital tem capacidade para anualmente realizar 162 procedimentos desses. Agora, o Hospital Geral irá somar mais 126 atendimentos desses tipos por ano, um aumento de quase 80% na oferta.
Além desses hospitais, outros serviços no Estado também prestavam o atendimento ambulatorial, que tem capacidade para tratar da lipoatrofia facial. Entre eles estão dois serviços da Secretaria Estadual da Saúde (SES), o Serviço de Atenção Terapêutica (SAT) do Hospital Sanatório Partenon e o Ambulatório de Dermatologia Sanitária, ambos na Capital. O procedimento também é encontrado hoje nos Serviços de Atendimento Especializado de Gravataí e Pelotas. Até agora, esses locais prestavam esse atendimento sem ter incentivos por isso. Assim, trabalha-se na habilitação dos mesmos junto ao Ministério da Saúde, para que seja possível o repasse de verbas pelo serviço prestado. "Dessa forma, eles terão melhores condições para qualificar o atendimento e até ampliar a sua oferta", comenta o coordenador do Programa Estadual de DST/Aids, Ricardo Charão. Essa ampliação já está em andamento, tanto que o Hospital Universitário de Santa Maria em breve também passará a ter esse atendimento ambulatorial.
O assunto foi tema de reunião na SES nesta semana, que contou com a presença dos hospitais e demais serviços, além de representantes da sociedade civil organizada. Na oportunidade foram definidos os fluxos para o encaminhamento dos pacientes, os passos para a requisição das habilitações e a proposta para uma rede estadual para esse atendimento.
Secretaria Estadual de Saúde