A Fundação de Economia e Estatística (FEE) constatou que nos primeiros cinco meses do ano cresceram as exportações de automóveis populares (Celta e Pisma da General Motors) e de tratores para a Argentina, além de fumo para os Estados Unidos e Egito, arroz para Nigéria e Benin, e máquinas agrícolas para Argentina, México e Venezuela. No total, o Estado teve uma arrecadação de US$ 6,8 bilhões em exportações. Porém, se comparado com igual período do ano passado, há um decréscimo de US$ 504,8 milhões. O estudo foi apresentado na manhã desta quarta-feira (20), no auditório da FEE.
"A queda nas exportações gaúchas deve-se, fundamentalmente, à quebra de safra, ao protecionismo da Argentina e ao embargo russo à carne gaúcha", destacou o pesquisador do Núcleo de Indicadores Conjunturais, Bruno Breyer Caldas. Ele destacou que a redução de 5,9% de janeiro a maio deste ano contrasta com o desempenho nacional, que teve crescimento de 3,1% nos primeiros cinco meses de 2012.
Os preços no Estado também apresentaram uma variação inferior de 1,1%, enquanto que em âmbito nacional teve elevação de 0,3%. Esse desempenho fez com que o Rio Grande do Sul caísse para o quinto lugar entre os maiores exportadores, abaixo de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraná, representando 6,94% das exportações.
Perspectivas negativas
Somente em maio, as exportações alcançaram o valor de US$ 1,7 bilhão, o que representou uma redução de US$ 350,3 milhões (-17,2%) em relação ao montante de US$ 2,0 bilhões exportado no mesmo mês do ano anterior. Em maio, o Estado ocupou a sexta posição nas exportações nacionais, com uma participação de 7,27%, abaixo de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná e Mato Grosso.
O presidente da FEE, Adalmir Marquetti, prevê nova queda para o segundo semestre deste ano e agravamento do quadro. "Se as medidas protecionistas de alguns mercados consumidores de produtos gaúchos persistirem, principalmente da Argentina e Rússia, somadas ao impacto da estiagem na agricultura, teremos mais queda nos próximos meses", acredita. Para Marquetti, a crise internacional fez com que muitos países criassem barreiras comerciais na tentativa de alavancar suas indústrias internas e economizar divisas. "É fundamental que haja uma mudança nas relações comerciais com a Argentina", diz.
Indústria de transformação e agr opecuária
A supervisora do Centro de Informações Estatísticas da FEE, Cecília Hoff, salientou que as exportações da indústria de transformação registraram queda de US$ 164,9 milhões no acumulado do ano (reduções de 2,9% em valor e de 4,0% em volume, com um crescimento de 1,1% em preços), enquanto as exportações agropecuárias reduziram-se em US$ 372,7 milhões (-24,7% em valor, -16,2% em volume e -10,1% em preços).
Entre os principais produtos exportados pela indústria agropecuária, destacam-se as reduções de US$ 265,8 milhões das vendas de grãos de soja (-27,6% em valor, -31,3% em volume e crescimento de 5,4% em preços) e de US$ 107,0 milhões das exportações de trigo (-24,2% em valor, -9,7% em volume e -16,0% em preços). "Um dos fatos positivos foi o aumento da rentabilidade dos exportadores, em função do câmbio", explicou Cecília.
Crescimento nas exportações
Houve crescimento de US$ 143,6 milhões das exportações de moagem e produtos amiláceos, especialmente de arroz. Destacam-se, positivamente, para o desempenho da indústria de transformação, o aumento de US$ 144,1 milhões das vendas do setor de fumo (31,2% em valor, 45,9% em volume e -10,1% em preços) e o acréscimo de US$ 87,0 milhões das exportações de máquinas e equipamentos (14,8% em valor, -8,1% em volume e 24,8% em preços). Houve, ainda, uma elevação de US$ 59,5 milhões, crescimento de 277,4%, nas exportações de automóveis populares, camionetas e utilitários, para a Argentina.
No que diz respeito aos principais destinos das exportações do Estado, destacam-se, no acumulado do ano, as reduções de US$ 145,3 milhões das vendas para a China (-14,5%), de US$ 95,5 milhões para a Argentina (-12,9%), de US$ 57,8 milhões para o Uruguai (-25,3%), de US$ 51,0 milhões para a Arábia Saudita (-35,2%) e de US$ 47,8 milhões para o Paraguai (-17,6%). Bruno Caldas acrescenta que a Rússia, que sempre figurava entre os dez países que mais adquiriam produtos gaúchos, hoje não figura nem entre os 20.
Como destaques positivos, registram-se os crescimentos de US$ 89,1 milhões (18,3%) para os Estados Unidos, de US$ 68,7 milhões para os Emirados Árabes Unidos (72,8%) e de US$ 58,0 milhões para a Índia (217,6%).