O sol forte desta segunda-feira, não contrastava em nada com o clima de desolação que amanheceu em Santa Maria. Nas conversas de ruas, bares e praças, as pessoas ainda contabilizavam a perda de amigos e buscavam informações sobre as vítimas internadas em hospitais da cidade e da Capital. Poucos estabelecimentos abriram suas portas. Na tentativa de expressar o sofrimento, panos pretos foram estendidos em alguns prédios e lojas. Com fitas pretas presas à antena dos carros, taxistas se solidarizavam com as vítimas. "Parecia um cenário de guerra. Viaturas e ambulâncias se deslocavam em alta velocidade aqui no centro. Entrando pela contra-mão, cortando a praça. Foi um horror" lembra o taxista Luiz Cesar Massoco, 45 anos.
Na conversa de balcão de uma padaria, uma moradora conta para a atendente. "Estava dormindo quando o pai entrou dizendo que a boate havia icendidado. Respondi que isso havia acontecido há mais de 20 anos. Quando caiu a ficha, não acreditei". No mesmo estabelecimento, a cozinheira Luciem Freitas de Mello, 43 anos, sai do banheiro com os olhos em lágrimas. "Perdi meu primo; um jovem cheio de vida, com apenas 22 anos. A sensação é que estamos vivendo um pesadelo sem fim" diz emocionada.
Encostado na porta do ginásio esportivo municipal, o agenciador de imóveis, José Simões, observava de longe, a dor das famílias ao redor dos caixões enfileirados. "Não são só os familiares perdem com a morte destes jovens. Perde a cidade em que moravam e o nosso país. Eram estudantes promissores, quantas pessoas iriam ajudar em suas profissões. Com eles morre o futuro" definiu.