Um almoço no Palácio Piratini, com o governador Tarso Genro, e um workshop à tarde, no Centro Administrativo do Estado, marcaram as primeiras atividades para a implantação de um Polo Espacial no Rio Grande do Sul, nesta quarta-feira (05), que deverá congregar um conjunto de empresas, universidades, instituições de pesquisa e órgãos governamentais para transferir tecnologia e fornecer insumos no mercado de satélites.
A Comissão Especial para o Polo Espacial já está criada e pronta para encaminhar as ações. Participaram das atividades os secretários Cleber Prodanov, da Ciência, Inovação e Desenvolvimento Tecnológico, Enéas Costa de Souza, em exercício na Secretaria de Desenvolvimento e Promoção do Investimento, e os presidentes da Telebrás, Caio Bonilha, e da Agência Espacial Brasileira, José Raimundo Braga Coelho, além de representantes de empresas do segmento e universidades.
O governador Tarso Genro destacou a iniciativa como uma política de desenvolvimento do Estado e sugeriu uma nova reunião técnica para que a discussão sobre o tema seja ampliada. "Vamos chamar outros atores envolvidos na área para debater as pré-condições que o Estado tem e estabelecer este processo. Está feita a amarração institucional, firmamos uma relação sólida com empresas vocacionadas e universidades, e o Governo Federal está bastante entusiasmado com a nossa iniciativa", disse o governador.
"É um momento singular para o Estado. Com a primeira reunião da Comissão Especial, objetivamos instaurar uma oportunidade estratégica para o Rio Grande do Sul a longo prazo", avaliou o secretário Cleber Prodanov. "Isso só é possível através dessa interação entre a política industrial gaúcha, capacidade de produção e transferência de pesquisa, e um tecido industrial apropriado para atender este setor."
O secretário em exercício do Desenvolvimento e Promoção do Investimento, Enéas de Souza, também destacou a iniciativa. "É a transformação de uma ação de governo em política de estado, em consonância com a política industrial vigente, que tem entre suas diretrizes o estímulo à tecnologia avançada."
A ação do Governo Estadual também foi elogiada pelo presidente da Agência Espacial Brasileira. "Vejo a integração entre Estado, universidades e empresas como um grande potencial para o desenvolvimento do setor. Temos que passar para a sociedade o que estamos fazendo, e com esta integração que vemos aqui, conseguiremos demonstrar a importância da política espacial brasileira."
Caio Bonilha, presidente da Telebrás, ressaltou a importância de o país ter autonomia na área de satélites, especialmente na comunicação. "Vamos investir para termos essa autonomia e não só comprar os satélites, mas agregar tecnologia brasileira nos próximos a serem adquiridos."
Missão a Israel
A proposta de implantação de um polo espacial no Estado começou a ser colocada em prática a partir da assinatura de um protocolo de intenções entre o Governo Estadual e a empresa AEL Systems, em Israel, durante missão gaúcha àquele país em maio deste ano. De acordo com o protocolo, o acordo visa "promover a pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica no setor espacial no Rio Grande do Sul, através de incentivos financeiros, fiscais e de infraestrutura para a criação do Polo Espacial".
Uma das justificativas para o Rio Grande do Sul sediar o segundo polo espacial do Brasil (o primeiro está em São Paulo) é o alto potencial do Estado na área de pesquisa e desenvolvimento de insumos para o setor. O Governo Federal lançou recentemente um edital para a compra de 16 satélites, num investimento de R$ 9 bilhões, e já foram pré-selecionadas três empresas internacionais para o fornecimento, mas é obrigatório que pelo menos parte dos equipamentos contenha tecnologia nacional.