Apenas 7,2% das estradas do Rio Grande do Sul – entre estaduais, federais e vicinais – são pavimentadas, colocando o Rio Grande do Sul como líder na falta de asfalto no País. O índice de precariedade faz parte de um levantamento realizado há um ano pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). A média brasileira, conforme o levantamento, é de 13 quilômetros asfaltados em cada cem.
A carência de asfalto nas comunidades gaúchas decorre de uma série de fatores que, somados, se traduzem em precariedade. Um deles é a baixa capacidade de investimento do governo do Estado, o que, nas últimas três décadas, fez com que as grandes obras não saíssem do papel ou não passassem de simples intenção. Somado a isso, a burocracia para tocar os projetos faz com que o Rio Grande do Sul padeça para ter melhores condições de tráfego e na malha viária. O aumento da frota e o excesso de peso transportado pelos caminhões que cruzam as rodovias diariamente se agravam com a falta de fiscalização. Como resultado da situação que se aproxima do casos, o que se vê são trechos esburacados, reclamações constantes e um dramático aumento nas estatísticas de vítimas fatais em acidentes.
De todos os problemas enfrentados no sistema rodoviário, ao menos um deles parece ter sido superado. Até 2014, o governo do Estado promete investir R$ 2,6 bilhões nas estradas gaúchas. Os recursos, obtidos junto ao Banco Mundial (Bird) e ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deverão ser usados em projetos como a construção de 50 acessos asfálticos, duplicação de rodovias – como a ERS 118, na Região Metropolitana, e a ERS 734, ligando Rio Grande à Praia do Cassino –, além de obras de ligação regional. Nesse pacote, há ainda recursos do governo federal e do próprio Estado. “Depois de muitos anos sem investir em rodovias, hoje temos um cenário diferente, em que se possibilitou retomar os trabalhos. Estão em andamento cerca de 140 obras”, explica o secretário estadual de Infraestrutura e Logística, Caleb Oliveira. O cronograma de obras e serviços está no Plano de Obras 2012 – 2014, que baliza as ações do governo.
Mesmo assim, muitas obras não deslancham em razão de burocracia. Uma delas é a ERS 509 (ver matéria), conhecida como Faixa Velha de Camobi, em Santa Maria. Desde 2011, a comunidade aguarda pela assinatura do contrato, o qual prevê quatro quilômetros de duplicação na ligação entre a área central e a Universidade Federal de Santa Maria. Após problemas na licitação, a expectativa é de que o processo esteja concluído em até 60 dias.
Outro exemplo de entrave citado por Caleb são os contratos antigos que consomem muito tempo até serem revistos e atualizados. Além disso, as negociações para retirar famílias de áreas invadidas também atrapalham o ritmo previsto inicialmente. Um dos casos é o da ERS 118, obra que se arrasta há anos. Das 1,5 mil famílias que viviam às margens da estrada, hoje são 300 que têm de ser removidas. A ligação deve ser construída em 2014. “Será um recorde absoluto de obras entregues, como nunca se viu no Rio Grande do Sul”, acredita o secretário.
EGR: seis meses administrando pedágios
A forma como é feita a manutenção dos trechos sob o comando da nova Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) e a falta de ambulâncias e guinchos nas estradas que antes eram concedidas à iniciativa privada preocupam tanto quem mora perto das rodovias como quem percorre longos caminhos transportando cargas. Um dos exemplos é a RSC 287, em Venâncio Aires, cujos usuários reivindicam melhores condições de tráfego. O presidente da estatal, Luiz Carlos Bertotto, promete encaminhar licitação para a execução de melhorias no trecho.
Otimista, o secretário de Infraestrutura e Logística, Caleb de Oliveira, avalia que a manutenção de estradas, como a ERS 122, teve uma melhora após a EGR assumir o comando. Segundo ele, ali a sinalização foi reforçada, e a manutenção vem sendo feita de forma sistemática.
O presidente da EGR assinala que a empresa vem realizando trabalho de manutenção e de recuperação, principalmente após as fortes chuvas que atingiram o Estado em agosto. Como uma defesa às críticas que se repetem em todas as regiões, Bertotto afirma que o valor arrecadado nos pedágios foi investido nas rodovias. “Todo o dinheiro arrecadado foi aplicado nas próprias estradas, em obras absolutamente necessárias e inadiáveis, como tapa-buraco, roçada, capina, sinalização”, enumera.
A EGR administra as praças de pedágio dos municípios de Portão, Coxilha, Campo Bom, Flores da Cunha, Encantado, Boa Vista do Sul, Cruzeiro do Sul, Venâncio Aires e Candelária. A projeção para 2014, segundo Bertotto, é que a empresa arrecade R$ 14 milhões ao mês.
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