O excesso de chuvas e granizo, ocorridos no início desta semana no RS, causou prejuízos nas hortaliças produzidas a céu aberto, como repolho, brócolis, couve-flor, cenoura, beterraba e temperos, entre outros. Em Fontoura Xavier, na região do Altos da Serra do Botucaraí, os prejuízos para as culturas a céu aberto são calculados em 60%, enquanto que, nas estufas, o granizo causou perdas em 10% das alfaces, tomates e pepinos.
As hortaliças produzidas em Fontoura Xavier destinam-se ao abastecimento do mercado local e regional e muitos produtores têm na atividade uma importante fonte de renda. De acordo com o Informativo Conjuntural, elaborado pela Emater/RS-Ascar, os temporais que ocorreram sobre o Estado atingiram as lavouras de olerícolas na Serra, no Vale do Rio Pardo e Centro-Serra.
Na região da Campanha, a ocorrência de precipitações excessivas provocou o desfolhamento e o acamamento das hortaliças cultivadas a campo, ocasionando excesso de umidade nos canteiros. Os produtores que cultivam folhosas estão intensificando o plantio, como da mandioca e batata-doce e demais culturas de verão. Os produtores que cultivam em ambientes protegidos começam a instalação de sombrites em suas estruturas, para amenizar os efeitos do sol sobre as culturas.
Iniciou a colheita das primeiras lavouras de cebola das variedades precoces na região Sul do Estado, sendo que, em São José do Norte, os 2 mil hectares cultivados com cebola estão na fase vegetativa, com desenvolvimento normal para a época do ano. Em Tavares, as elevadas precipitações afetaram negativamente a cultura.
O encharcamento do solo por tempo prolongado desencadeia o processo fisiológico de troca de raízes nas plantas, estancando o crescimento dos bulbos e diminuindo a quantidade e qualidade do produto final. Essas chuvas torrenciais (precipitações de 50 mm em intervalo de tempo inferior a duas horas) também contribuíram negativamente na estrutura dos canteiros, pela erosão e consequentemente expondo parte do sistema radicular das plantas.
Na fruticultura, as fortes chuvas que ocorreram no início da semana afetaram especialmente as videiras. Ainda no meio da tarde de domingo (10), ocorreu o primeiro registro de ventos fortes, queda de granizo e chuvas torrenciais, que fizeram inúmeros estragos nos pomares, principalmente de uva e pêssego.
Na região da Serra, a uva, que vinha se desenvolvendo bem, quase sem afetações fitossanitárias, foi a mais atingida pelos temporais do final do período. Granizo, vendavais e chuva intensa atingiram os vinhais de 12 municípios, principalmente de Bento Gonçalves, Santa Tereza e Monte Belo do Sul. Muitas áreas tiveram perdas totais da produção atual e, certamente, danos que irão se refletir nas próximas safras.
Diversas horas com presença de água sobre o dossel vegetativo e temperaturas de médias a altas condicionam a incidência do Míldio, principal fito-enfermidade da região serrana. A época é de bastante preocupação quanto à recuperação dos vinhedos afetados, exigindo mais investimentos em mão de obra e tratamentos.
Na região Centro Serra, o clima está favorável à incidência de doenças fúngicas na parreira, principalmente o míldio. Muitos agricultores estão fazendo tratamentos preventivos com fungicidas e calda bordalesa. A chuva de granizo atingiu alguns parreirais na região, os prejuízos ainda não foram quantificados.
Citros
Na região do Vale do Caí, que é a principal região produtora do Rio Grande do Sul, está encerrada a safra de citros. Nesta safra, os citricultores colheram frutas de excelente qualidade e não ocorreram eventos prejudiciais significativos, tendo a safra sido considerada uma das melhores dos últimos tempos. A safra considera-se encerrada em razão de que a maioria dos citricultores não tem mais frutas para colher, entretanto, uma pequena parte ainda segue colhendo laranjas da variedade Valência, que tem por destino a confecção de sucos em lares, bares, restaurantes e nas indústrias.
Para a lima ácida Tahiti (limão da caipirinha), a colheita ocorre durante todo o ano, pois esta espécie tem floração contínua, portanto colheita contínua. O preço recebido pelos citricultores pela lima ácida Tahiti historicamente é elevado nesta época do ano, em função do verão, que aumenta a demanda, e porque os outros estados do Brasil produzem pouco nesta época. Atualmente o preço médio recebido pelos citricultores está em R$ 45,00 a caixa.
Grãos de Verão e trigo
Continua de forma satisfatória a evolução do plantio das lavouras de arroz da safra 2014, que no momento chega a 75% do total da área prevista para o RS. Esse percentual poderia ser maior não fossem as pesadas chuvas ocorridas recentemente. Em municípios onde as chuvas foram frequentes, há umidade excessiva do solo, dificultando a finalização do plantio, sendo que em algumas localidades da região Centro-Sul do Estado, alguns produtores poderão ter que fazer o replantio do arroz em determinadas áreas, principalmente próximas a rios e arroios.
O plantio da soja avança de forma significativa, principalmente na Metade Norte do Estado, atingindo 35% da área total projetada para esta safra. As áreas implantadas em semanas anteriores apresentam boa emergência e desenvolvimento satisfatório. Já nas áreas da Metade Sul, os produtores de soja estão preocupados com a alta umidade existente no solo, o que impede um trabalho de plantio mais a contento. Devido às pesadas chuvas ocorridas nesta parte do Estado, algumas áreas deverão ser replantadas, aumentando os custos das lavouras atingidas.
O plantio da safra de milho evoluiu de forma diferenciada no RS. Enquanto no Centro-Sul o processo se desenrolou de forma lenta devido às chuvas e o excesso de umidade, para o Norte as áreas previstas para essa parte do Estado já se encontram praticamente finalizadas e o milho se desenvolve de forma satisfatória, embora algumas lavouras já apresentassem sintomas de deficiência hídrica, fato mais percebido no Noroeste e nas Missões. De maneira geral, entretanto, as lavouras apresentam bom padrão. A partir de agora, a cultura do milho entra no seu período mais crítico quanto à necessidade de água (floração). As próximas semanas deverão definir a produtividade em virtude do clima, fator este que, até o momento, não comprometeu a cultura.
A semeadura do feijão 1ª safra mantém-se em andamento, com a cultura em fases de desenvolvimento vegetativo (50%), florescimento (18%) e, em algumas lavouras, iniciando a fase de enchimento de grãos (6%), apresentando até aqui muito boa sanidade e densidade.
A cultura do trigo encontra-se em final de colheita, apresentando bons rendimentos em produtividade e em qualidade do grão. Até o momento, foram colhidas 70% da área cultivada, com 24% das lavouras maduras e por colher e 6% em enchimento de grãos. A produtividade das lavouras de trigo está acima da expectativa inicial, que é de 2.623 quilos por hectare.
Prejuízos à olericultura e à fruticultura do RS
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