Turismo de negócios no RS em debate

Seminário Mice reúne especialistas internacionais para impulsionar negócio

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Segundo Abgail Pereira, o turista de negócios gasta quatro vezes mais, e o Estado tem grande potencialSegundo Abgail Pereira, o turista de negócios gasta quatro vezes mais, e o Estado tem grande potencial
Segundo Abgail Pereira, o turista de negócios gasta quatro vezes mais, e o Estado tem grande potencial
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Ação inovadora na atração de fluxos turísticos, Mice é a sigla internacional de Meetings, Incentives, Conferencing e Exhibition (Reuniões, [viagens de] Incentivos, Congressos e Exposições, segmento de alto poder econômico) e tema do seminário que Secretaria Estadual do Turismo (Setur/RS) organiza nesta terça e quarta-feira (18 e 19) no Centro de Eventos da Fiergs,em Porto Alegre. A programação inclui palestras de autoridades internacionais, nacionais e regionais do turismo de negócios e encontros acompanhados de especialistas nacionais e regionais, complementada por mesas-redondas.
Na abertura, a titular da Setur/RS, Abgail Pereira, ressaltou o grande momento vivido pelo turismo gaúcho, tal como diagnosticado pelo Plano de Desenvolvimento do Turismo organizado pela pasta em 2012. "Nosso Plano de Marketing mostrou uma grande vocação de Porto Alegre para a realização de eventos nas áreas de saúde, medicina e esportes, e também um grande potencial na Serra. Nosso objetivo segue sendo o de consolidar o RS no mapa turístico do mundo e do Brasil, como um Estado que tem atrações nas quatro estações, diversificado em etnias, gastronomia e cultura”, afirmou.
“Mas, além de melhorar as infraestruturas e a oferta de produtos, como incrementar o fluxo turístico no Estado?”, questionou a secretária, que respondeu em seguida: “para isso, criamos o Comitê Mice e realizamos esse evento, buscando, como sempre, parceiros interessados no desenvolvimento do Estado, como a Fiergs, os Conventions Bureaus do RS e entidades representativas do trade turístico”, disse.
Segundo Abgail, o turismo de negócios movimenta uma cifra impressionante no mundo, e o seu turista tem gastos até quatro vezes superiores ao visitante de lazer, numa média mundial acima dos US$ 260 por dia. É, portanto, um segmento-chave, que atrai profissionais prestigiosos e formadores de opinião. “Em resumo, o Mice é uma grande ferramenta de promoção de um destino. Trouxemos especialistas internacionais e nacionais para compartilhar as experiências de Toulouse, na França, de Barcelona, na Espanha, e também de São Paulo e de outros lugares do Brasil e do RS, mas, sobretudo, agradecemos a presença maciça da plateia, que também participa da descoberta desses novos caminhos”, resumiu a secretária.
O segmento Mice no país
Em seguida, a consultora gaúcha Vaniza Schuler falou sobre o funcionamento do segmento Mice no país. Ela começou traçando um perfil da parte menos conhecida da sigla no país, o Incentives, ou viagens de incentivo, que de fato premiam profissionais pelo bom desempenho em suas atividades com experiências exclusivas. “Temos com a Copa do Mundo uma oportunidade ímpar de explorar esse filão. Aqui a exclusividade é fundamental: ir no Maracanã é para qualquer pessoa. Mas entrar no gramado e eventualmente jogar nele ao lado de um jogador famoso e depois jantar no local é uma experiência única, exclusiva, e esse é o tipo de ideia que devemos perseguir na exploração de eventos Mice”.
Vaniza traçou também um pequeno histórico do turismo de negócios no Estado, enfatizando a experiência pioneira da Vinícola Auroraem Bento Gonçalves, que abriu um mercado forte para os apreciadores amadores e profissionais do vinho. Ela teceu considerações também sobre a expertise agropecuária do Estado e a necessidade de explorar melhor eventos como a feira agropecuária Expodireto, de Não-Me-Toque, que segundo ela teria uma qualidade técnica talvez superior à da tradicional Expointer, e, no entanto, segue bem menos conhecida.
Presença mundial
O assessor de Planejamento da Embratur, Walter Lutz de Carvalho Ferreira, traçou um panorama da atividade no Brasil desde 2003, quando foi criado um ministério para cuidar exclusivamente do setor. O Brasil hoje têm escritórios de turismo focados na América Latina (Buenos Aires e Lima), na América do Norte (Nova York, Chicago e Los Angeles), Europa (Amsterdã, Frankfurt, Madri, Paris, Milão, Lisboa e Londres) e na Ásia (Tóquio) e opera segundo o grau de conhecimento de cada local ou com o público final, no caso de maior presença do país no local, ou com as agências de viagens, no caso de pouca exposição. “Em 2003, o país era 19º no ranking da ICAA e hoje somos o 7º. Em 2003 realizamos 62 grandes eventos internacionais que se enquadram na categoria Mice e, em 2012, realizamos360”, resumiu.
Experiência de Toulouse
O diretor geral do Convention & Visitors Bureau de Toulouse, na França, Jean François Renac, apresentou um panorama geral da atividade em sua cidade. Em2009, acomunidade tomou consciência da importância do segmento Mice e para isso constituiu uma sociedade de direito privado com um orçamento de pouco mais de 500 mil euros anuais e 4 funcionários. Hoje esse escritório quase dobrou o orçamento e passou a ter o dobro de funcionários.
Essa empresa conta com acionistas públicos (50,5%) e privados (basicamente hotéis, agências e outros ligados ao turismo), têm presidente eleito e desenvolveu inclusive uma marca (So Toulouse) que patrocina equipes esportivas que participem de jogos no exterior, aumentando assim a visibilidade da cidade. O resultado: em2006 acidade era 6ª em atração de eventos Mice na França e, em 2012, passou a 3ª; na Europa, era a 77ª, hoje é a 42ª; no mundo, saiu de 139ª para 78ª; e o setor passou a movimentar 350 milhões de euros por ano em Toulouse.

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