A empresa gaúcha Tecnano recebeu destaque na imprensa científica internacional após ter um de seus trabalhos abordados pelo portal Nafigate, especializado em pesquisas com nanotecnologia.
A investigação é pioneira e consiste na aplicação de nanofibras em sementes de soja para melhorar a aplicação de fertilizantes nitrogenados. Os resultados foram publicados em um respeitado periódico científico canadense, o Canadian Journal of Microbiology.
O produto, com patente requerida, foi desenvolvido por pesquisadores brasileiros da empresa Tecnano Pesquisa e Serviços Ltda – incubada na Fundação de Ciência e Tecnologia gaúcha, a Cientec – e viabilizado com o apoio do CNPq e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs).
Técnica pioneira reverte perdas do solo
Os vegetais usam o nitrogênio para processar proteínas importantes ao seu desenvolvimento. No meio ambiente, as bactérias rizóbios são as responsáveis por essa transformação. Porém, a concentração desses organismos no solo diminui devido ao estresse climático.
Para reverter esse problema e poder aproveitar os benefícios dos fertilizantes nitrogenados em maior escala, criou-se uma forma inovadora de preservar as bactérias do solo e induzir sua adesão às sementes, estendendo seus benefícios agrícolas com a nanotecnologia.
“Foram criadas nanofibras para imobilizar o rizóbio, o que resultou em uma alternativa promissora para reduzir os efeitos nocivos do estresse ambiental sobre as bactérias e todo o sistema de fertilização”, afirma o sócio da Tecnano, Cláudio Nunes Pereira.
A equipe é pioneira na adoção da técnica de eletrofiação para a produção nanofibras contendo a bactéria rizóbio. A tecnologia permite que os organismos sejam aplicados em sementes de soja, garantindo assim o processo de fixação do nitrôgênio.
Testes comprovam eficiência
A tecnologia desenvolvida pela Tecnano foi testada pelos cientistas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), que descobriram um número maior de nódulos nas plântulas de soja a partir de sementes que foram inoculadas com nanofibras contendo rizóbios. Na sua avaliação, após 48 horas de aplicação, notou-se uma diferença observável na concentração de células bacterianas.
Os testes apontam que a técnica de eletrofiação e aplicação de nanofibras em sementes surge como uma prática inovadora que tem um grande campo de exploração na agroindústria.
A empresa Tecnano desenvolve projetos de nanotecnologia e, há mais de dois anos, apresenta os resultados em congressos científicos pelo Brasil, pioneiramente. Os estudos na área acompanham uma tendência das multinacionais de investir em nanotecnologia devido ao sucesso dos resultados alcançados.