A Cydia pomonella, principal praga que afeta produção de maçãs, está erradicada. O ministro da Agricultura, Neli Geller, acompanhado do secretário estadual da Agricultura, Claudio Fioreze, assinou nesta segunda-feira (5), em Vacaria, na Serra, portaria que declara o Brasil livre da lagarta responsável por causar prejuízos milionários aos produtores. Ele também se comprometeu em não deixar que o feijão e o trigo, por exemplo, sejam comercializados abaixo do preço mínimo.
Com a medida, que confere outro status sanitário à fruta nacional, o País pode aumentar a exportação e o consumo. No mesmo ato, o ministro defendeu a criação do Centro de Controles Biológicos da mosca da fruta, a ser gerido pela Embrapa. “O governo se compromete em conseguir os recursos necessários para a implantação desse importante centro”, garantiu.
Noventa e cinco por cento da produção nacional advém do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Segundo Geller, o próximo passo é revisar requisitos fitossanitários de importação aos países exportadores de produtos considerados hospedeiros da praga e elaborar plano de contingência.
Uruguai, Argentina e Estados Unidos ainda sofrem com a incidência da Cydia pomonella. No RS, técnicos da Secretaria da Agricultura e do Mapa trabalharam juntos na instalação e monitoramento de mais de 10 mil armadilhas e captura de mais de 20 mil exemplares. Cem mil plantas hospedeiras foram erradicadas nos dois Estados.
As primeiras ocorrências se deram no início da década de 1990, em Vacaria. E a última captura, no entanto, em novembro de 2011. A Convenção Internacional para a Proteção de Vegetais (CIPV) define prazo de dois anos depois da última captura identificada para que áreas produtivas possam ser consideradas livres. “A erradicação representará economia de 15 milhões de dólares por ano aos estados do Sul”, disse Fioreze, referindo-se às perdas nas plantações. “Com novo status sanitário, com menos resíduos de agrotóxicos, a produção poderá chegar aos mercados mais exigentes, com preços melhores, remunerando mais o produtor”, projeta o secretário.
Política para trigo e feijão
Em reunião com produtores dos Campos de Cima Serra, o ministro acordou uma série de medidas que serão tomadas pelo Governo Federal com relação a duas importantes culturas. À cadeia do feijão, por exemplo, assegurou a intervenção da União na elevação do preço mínimo a partir da compra pública. Até o início de junho, afirmou, “serão pagos R$ 400 milhões de seguro agrícola”.
A respeito do trigo, Geller disse que também se empenhará para evitar que os produtores recebem menos do que o preço mínimo. Aproveitando a fala do ministro, Fioreze disse que o governo gaúcho tomou medidas que elevaram a produção do cereal no Estado, chegando a 3,3 milhões de toneladas.
De exemplo, citou a redução do ICMS de 12% para 4% à exportação e a disponibilização de R$ 200 milhões do sistema financeiro estadual para agroindústrias fazerem capital de giro. “Desse total, conseguimos vender praticamente toda a produção, sendo que 2,5 milhões de toneladas foram vendidas pra fora do Estado”, falou Fioreze.
Estado investe em infraestrutura energética e logística
Ainda que existam muitos gargalos pós-colheita, o secretário lembrou que o Brasil avançou nos últimos 12 anos. Duplicou a BR-101, está duplicando a BR-116 e a BR-386, construiu a Rodovia do Parque, vai duplicar a BR-290 e construir a segunda ponte do Guaíba, por exemplo. O RS, por sua vez, além de recuperar estradas, trabalha em mais de cem acessos municipais para melhorar a integração regional, fomentar o turismo e ajudar no transporte da produção.
Após o Governo Federal erradicar a falta de luz no meio rural, resta agora dar condições aos produtores poder usar a tecnologia propiciada pelo acesso a crédito a juros baixos do Plano Safra, que colocou à disposição R$ 157 bilhões, dos quais R$ 25 bilhões para projetos de armazenagem nas propriedades.
O governador Tarso Genro assinou, na semana passada em São Lourenço, convênio que permite à CEEE investir R$ 130 milhões na qualificação energética no campo. “Esperamos agora que as outras concessionárias, que são fruto da privatização, também invistam nas regiões em que atuam e não apenas nas que dão lucro”, cobrou Fioreze.