O programa Articulador Jovem de Saúde foi apresentado no I Encontro Estadual RS na PAZ + Saúde e Juventude Negra, realizado pela Secretaria Estadual da Saúde (SES) desde a noite de sexta-feira (28), no Ritter Hotel, em Porto Alegre. Com a finalidade de mobilizar a juventude gaúcha em articulação com a Rede Básica de Saúde, a iniciativa garante incentivo financeiro para seleção de projetos e contratação de jovens para atuarem em municípios com Territórios de Paz ou com altos índices de violência.
Na abertura do evento, a secretária de Estado da Saúde, Sandra Fagundes, lembrou a campanha da Anistia Internacional contra o extermínio da juventude negra no país e as políticas públicas do Estado e da União para o enfrentamento do problema. “Nos comprometemos com esta agenda e hoje a implantação da Política de Saúde da População Negra no Rio Grande do Sul serve de exemplo a outros estados”, afirmou.
Para o secretário de Segurança Pública do Estado, Airton Michels, o tema é inerente ao programa Território da Paz, que hoje já conta com nove unidades no RS, e que possui recursos específicos para investimento na juventude. A secretária estadual de Políticas para as Mulheres, Ariane Leitão, disse que o trabalho em parceria entre as secretarias na criação de redes de assistência e promoção de saúde e segurança cidadã tem reforçado a relação dessas redes com os conselhos tutelares, com atenção especial para a proteção de meninas negras.
Programas unem Estado e União na redução de vulnerabilidades
O Juventude Viva, programa do Governo Federal que prevê a criação de oportunidades para os jovens e o combate ao racismo institucional em municípios que concentram o maior número de ocorrências de homicídios de jovens no Brasil, foi apresentado pelo representante da Secretaria de Políticas de Ações Afirmativas (SEPPIR), Felipe Freitas. “Dois jovens negros são assassinados por hora no país. O racismo é um indicador de desumanização, não só de empobrecimento”, alertou.
A coordenadora da Política Estadual de Saúde da População Negra, Miriam Alves, explicou que o programa Articulador Jovem de Saúde tem interface tanto com o RS na Paz como com o Juventude Viva. “É uma resposta, na área da saúde, para a proposta de redução da vulnerabilidade social que está colocada em ambos os programas”, destacou.
Para a elaboração da proposta do programa Articulador Jovem, a SES realizou oficinas nos Territórios da Paz e encontros nas macrorregionais. A partir da indicação da SSP das áreas prioritárias para o enfrentamento da violência, foram definidos 24 municípios beneficiários do programa, que é implementado por adesão (confira a relação dos municípios ao final da matéria). Cada município pode contar com até quatro articuladores jovens e os municípios com territórios da paz podem contratar ainda mais quatro por território. Para o custeio mensal da contratação, o Estado repassa R$ 800 por articulador. Mais informações sobre adesão ao programa, na resolução 311/14 da CIB.
Vacaria é o primeiro município a aderir
Primeira cidade a aderir, Vacaria já conta com o programa há dois meses. Quatro jovens que integram a a iniciativa no município, três articuladores e um apoiador, participaram do Encontro na manhã deste sábado (29). “Para conseguir falar com um jovem, nada melhor do que outro jovem”, resumiu Pedro Henrique, de 16 anos, articulador jovem de saúde há um mês. Ele explicou que o trabalho da equipe é facilitar o acesso dos jovens aos serviços de saúde, especialmente os jovens dos bairros com maior vulnerabilidade social.
“Para isso a gente usa muita conversa, um jeito informal de chegar nos jovens”, disse. Cibele Passarin, Jenifer Martins, ambas de 16 anos, e Anderson Santos, de 18, relataram a realização de oficinas que se utilizam da cultura para abordar a saúde, como a de grafitti, a primeira realizada pelo grupo.
A psicóloga Cíntia Picolli, representante da Secretaria Municipal de Saúde de Vacaria, acompanhou o processo de implantação do programa no município desde o início. “O primeiro passo foi levar os articuladores a conhecer a rede em que eles viriam a atuar, que envolve unidades básicas de saúde e de Estratégia de Saúde da Família, os nove bairros do Território da Paz e as escolas”, detalhou. A partir daí, os jovens passaram a elaborar e executar ações de mobilização e aproximação entre esses espaços.
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