"Não vou dizer o que o novo governo deve fazer, ele foi eleito para colocar o seu modelo e criar as suas soluções. Mas posso afirmar que entregamos um Estado melhor do que recebemos", disse o governador Tarso Genro, ao fazer uma avaliação e um balanço de sua gestão nesta segunda-feira (29), em entrevistas à imprensa.
O governador citou a renegociação da dívida, investimento de 12% da receita líquida na saúde, aumentos para o funcionalismo e qualificação dos quadros de servidores como os destaques do seu governo.
"Existem muitas outras coisas, algumas das quais tenho um grande carinho pessoal, como o diálogo que abrimos com todos os setores da sociedade. Mas esses três fatores, renegociação da dívida, saúde e valorização do funcionalismo, são aqueles de maior impacto para os gaúchos", afirmou Tarso Genro.
Fôlego para o Estado
Conforme o chefe do Executivo estadual, foram quatro anos convivendo com limitações financeiras, algo histórico e que preocupa o Rio Grande do Sul há pelo menos 30 anos.
"O Estado do Rio Grande do Sul estava praticamente sem recursos para investir em infraestrutura. Nós captamos mais de R$ 5 bilhões e passamos a investir. Estamos legando ao próximo governo ainda a possibilidade de investir mais R$ 1,5 bilhão em estradas e infraestrutura. Só na área do saneamento básico, há R$ 2,8 bilhões para investimentos que captamos junto ao Governo Federal, praticamente sem contrapartidas. Nós enfrentamos obstáculos, mas conseguimos superá-los", garantiu Tarso.
Outro ponto sublinhado por Tarso foi o crescimento gaúcho, acima da média nacional. Segundo o governador, mesmo com todos os problemas que os governos enfrentam, o Rio Grande do Sul não é mais o mesmo.
"O Estado cresceu acima da média nacional, aumentou a renda dos de baixo e nunca atraiu tantos investimentos de fora do Estado e do país como nesse período. Foi uma decisão política, é claro, a de utilizar recursos do Caixa Único e dos depósitos judiciais para investir na criação de trabalho e renda, em prioridades que levavam em conta aqueles que mais precisavam", comentou Tarso.
O governador ressaltou também o fôlego que o novo governo terá a partir da renegociação da dívida, uma luta de quatro anos e que apenas no último novembro foi aprovada pelo Congresso e autorizada pela presidente Dilma Rousseff. As mudanças abrem um espaço fiscal de pelo menos R$ 3 bilhões para novas operações de crédito.
Momentos críticos
O governador apontou as manifestações de junho de 2013 como o momento mais nervoso e crítico da atual gestão. Para ele, a falta de interlocutores entre os manifestantes fez com que a crise fosse agravada, o que não ocorreria caso houvessem vozes e lideranças claras no movimento que tomou as ruas do Estado e do País.
"As manifestações se espalharam sem um mote claro, cada grupo se manifestava por algo diferente, isso atrasou o diálogo, mesmo que sempre tenhamos deixado claro nossa intenção de conversar com todos", disse.
Tarso também comentou sobre algumas obras que, mesmo com o esforço de todo o Governo, não conseguiram ser concluídas. Caso da ERS-118 e algumas ligações municipais.
"Não tivemos problema de falta de dinheiro, mas problemas técnicos e de contratos. Mesmo assim, no caso da 118, entregamos quatro vezes mais quilômetros concluídos do que os últimos governos. Mas deixamos tudo encaminhado, principalmente a realocação da população que vive às margens da rodovia", finalizou.