Protestos impediram saídas de viaturas do quartel

Servidores se concentraram durante todo o dia em frente ao 3º RPMon

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Viaturas permaneceram no pátio do CRPO-PViaturas permaneceram no pátio do CRPO-P
Viaturas permaneceram no pátio do CRPO-P
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Os protestos contra o parcelamento dos salários em Passo Fundo iniciaram antes de o dia amanhecer. Por volta das 5h, representantes de diversas categorias  já estavam reunidos em frente ao quartel da Brigada Militar para impedir a saída das viaturas.    O mesmo aconteceu no CRPO-P e também em frente à sede do Batalhão de Operações Especiais (BOE).

O aquartelamento se estendeu durante todo o dia. A concentração maior aconteceu  no portão de entrada do 3° RPMon, com a participação de professores, sindicalistas,  policiais que estavam de folga e inativos. Uma barraca chegou a ser armada no local e caixas de som foram  instaladas.

Vice-presidente da Associação Beneficente Antônio Mendes Filho, da Brigada Militar, (Abamf), Tânia Aparecida Santin disse que a movimentação iniciou cedo para evitar a saída das viaturas do quartel. “Este protesto serve para mostrar à sociedade o descaso do governo com os servidores” declarou.

Os manifestantes se posicionaram também em frente ao portão do CRPO-P. Duas motos, uma viatura e um caminhão permaneceram no pátio. Um cadeado foi colocado na grade da porta principal. A mesma estratégia foi usada no portão de acesso do quartel do Batalhão de Operações Especiais (BOE), mas a o comando determinou a desobstrução da entrada.

Presidente do Ugeirm Sindicato, Fernando Perin disse que a Policia Civil de Passo Fundo mantém apenas os 30% dos servidores em atividade, conforme prevê a lei. “Os professores gostariam de estar em sala de aula e nós policiais, tanto civil como militar, realizando nossas funções, mas não tivemos alternativa. Temos inquéritos e  investigações paralisadas. Apenas casos graves estão sendo atendidos. Quem paga é a sociedade” afirma. Os policiais civis permaneceram concentrados em frente à Delegacia de Pronto Atendimento (DPA), no bairro Petrópolis.

A manifestação também teve a presença de professores da rede estadual. Conselheiro Geral do CPERS, Antônio Rodrigues disse que 90% das escolas permaneceram fechadas durante toda a terça-feira. Segundo ele, a categoria participa de um ato público na quinta-feira em Porto Alegre e também se reúne com representantes dos comandos dos demais servidores.

Estratégia

Para garantir a presença de algumas viaturas nas ruas, a rendição (troca da guarnição) ocorreu em um posto de combustíveis, nas proximidades do quartel. As viaturas haviam sido utilizadas no policiamento da noite e não chegaram a entrar na sede do 3ºRPMon.  Alguns PMs receberam ordens  de realizar o policiamento a pé. “A orientação que temos é esta”, disse um soldado que saiu caminhando do quartel.

Segundo a presidente da Abamf, sargento Miriam Canova da Rosa, a estimativa é de que apenas seis viaturas circularam pelas ruas da cidade ontem. Já o comando da Brigada afirma que todas as viaturas rodaram e que o policiamento ocorreu normalmente na cidade.  

“O que vou fazer com R$ 600?”

Com 23 anos completos de Brigada Militar, uma policial, que pediu para não se identificar, relatou o drama de ter o salário parcelado. Realizando tratamento contra um câncer, ela gasta em média R$ 1,2 mil apenas em remédios. Para não interromper o tratamento em tempos de parcelamento, teve de recorrer aos familiares. “O que vou fazer com R$ 600? Se dependesse apenas do meu salário não sei o que seria de mim. Fomos abandonados pelo Estado” critica.

Diante do atual quadro, a policial decidiu encaminhar o pedido de aposentadoria, mesmo tendo a possibilidade de permanecer por pelo menos mais dois anos e meio na corporação. “Não fico mais nem um minuto” afirma categoricamente, e complementa. “Na última sexta-feira foram encaminhados quatro requerimentos pedindo aposentadoria. A média tem sido um por dia. O efetivo está encolhendo. Não tem mais condições de trabalhar assim” desabafa.    

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