O Detran/RS fecha o balanço de 2015 com quase oito mil sucatas de veículos destinadas à reciclagem no estado. O número é recorde desde que o projeto começou a ser realizado, em 2010, e representa um crescimento de 17% em relação ao número de sucatas recicladas em 2014.
Em 2010, na fase experimental, o Detran/RS encaminhou para reciclagem 604 veículos. Já no ano seguinte, foram 4,8 mil, número que se manteve mais ou menos estável em 2012 (4,6 mil). Após uma queda em 2013 (2,8 mil) e com o aperfeiçoamento de processos administrativos e operacionais, o número de sucatas recicladas saltou para 6,6 mil em 2014 e 7,8 mil em 2015. Desde o início, o Detran/RS já contabiliza 27 mil sucatas reaproveitadas.
Pioneiro no Brasil, o projeto gaúcho de reciclagem tornou-se referência nacional e serviu de inspiração para criação de iniciativas semelhantes no Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Alagoas. Outros seis estados visitaram o órgão gaúcho para conhecer seu modelo: Acre, Amapá, Mato Grosso, Pernambuco, Rio de Janeiro e Distrito Federal.
São destinadas à reciclagem veículos abandonados há mais de dois anos, que não têm condições de segurança para circular e possuem impeditivos legais (restrições administrativas, judiciais e policiais) para a comercialização de peças. Classificada de material inservível, toda essa sucata que se deteriorava e ocupava espaço nos depósitos é reciclada para adquirir uma nova vida útil.
O processo
O chamado processo de destinação de material inservível (DMI) é realizado em quatro etapas. Primeiro, o Detran/RS realiza um levantamento do número de veículos a serem reciclados e estima o peso do material ferroso, que será leiloado na Central de Licitações do Estado (Celic). A empresa vencedora do certame fica responsável por todo o trabalho de destinação, que é supervisionado por técnicos da Autarquia.
Após execução das atividades administrativas e cumpridos os prazos legais, é realizado o processo de descontaminação: retirada da bateria, extintor, fluidos, entre outros componentes potencialmente poluidores. Um automóvel leva em torno de 10 a 15 minutos para ser descontaminado, dependendo de seu estado de conservação. Por dia, podem passar pelo processo até 80 veículos.
Ainda no pátio do depósito, é realizada a compactação dos carros, etapa seguinte da reciclagem. O processo impede o reaproveitamento de peças e reduz o volume dos veículos, o que facilita o transporte. O procedimento é feito por uma prensa acoplada a um caminhão. Conforme seu tamanho, a prensa pode compactar de um a cinco veículos por vez, em menos de dois minutos. Com isso, um automóvel fica do tamanho de uma geladeira.
O material prensado é então levado para uma siderúrgica. Na fase final, já na siderúrgica, os veículos compactados são colocados, em blocos dispostos em fila, em um equipamento que realiza sua trituração e seleção — processo que separa os metais de outros materiais. A separação é realizada por meio de esteiras magnéticas e banhos químicos. Na siderúrgica, as máquinas utilizadas têm capacidade de triturar cerca de 200 carros por hora.
Os resíduos de metal, principalmente o aço, são fundidos e se tornam matéria-prima industrial. Conforme a Gerdau, siderúrgica que atualmente tem recebido os materiais, o processo de fusão do aço chega a 1.500ºC e leva, em média, 40 minutos para transformar a sucata em material líquido. Os outros materiais, como o plástico, são encaminhados para empresas de reciclagem.