Produção diminui e preço dispara

Problemas com a pastagem e aumento do preço da soja e do milho influenciaram no custo de produção e no aumento do preço ao consumidor

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Retomada do desenvolvimento das pastagens deve recuperar o volume de produção e ajuda a estabilizar o preço do produtoRetomada do desenvolvimento das pastagens deve recuperar o volume de produção e ajuda a estabilizar o preço do produto
Retomada do desenvolvimento das pastagens deve recuperar o volume de produção e ajuda a estabilizar o preço do produto
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Quem costuma comprar leite no supermercado com certeza já percebeu o aumento do preço do produto. Em algumas marcas, o acréscimo chega a quase R$ 1,00 o litro. Apesar de ser período de entressafra, o que normalmente já causa um aumento no valor, neste ano, outros fatores influenciaram. Entre esses fatores, o aumento dos preços da soja e do milho, o clima que dificultou a oferta de alimento aos animais e a consequente redução da oferta do produto. Apesar desta alta, a estimativa é que em breve o preço se estabilize e volte a baixar com a retomada das pastagens e do maior volume de produção.

Conforme o agrônomo e assistente técnico regional da Emater/RS-Ascar de Passo Fundo, Vilmar Leitzke, na nossa região, historicamente, no período de entressafra, entre abril e junho, há uma redução entre 27 a 28% no volume de produção de leite. No entanto, neste ano, essa queda foi um pouco mais acentuada, em função de fatores climáticos e de mercado. Além do frio, que naturalmente reduz a oferta de pasto, por ser transição do verão para o inverno, neste ano houve uma redução da oferta de leite no Brasil como um todo. Outra situação enfrentada na região foi com a escassez de chuva no último mês, que atrasou ainda mais o desenvolvimento das pastagens de inverno.

Aumento do milho e da soja
O aumento do preço da soja e do milho também influenciou a menor oferta e a elevação dos preços. O produtor acabou reduzindo o uso desses produtos no concentrado oferecido aos animais, o que repercutiu em menor produção. “Toda vez que tem uma oscilação no preço do leite a primeira coisa que o produtor faz é aumentar ou diminuir o uso do concentrado, da ração, e isso repercute rapidamente no volume de produção”, pontua. Para Leitzke, a estratégia de oferecer alimento aos animais conforme o preço do leite não é favorável.

Planejamento
O ideal, conforme o agrônomo, é o planejamento da propriedade, levando em consideração o potencial produtivo de cada animal, a necessidade de alimento em cada período, principalmente precavendo-se para aqueles momentos de maior escassez, e o cuidado na manutenção da qualidade do leite produzido. Hoje, com a menor oferta, as exigências de qualidade acabam sendo menores, no entanto, assim que aumentar a produção novamente, o que deve acontecer em breve, as exigências voltarão ao normal. “A conta não pode ser essa: vou dar ração pra vaca de acordo com o preço do leite. Tem que trabalhar na perspectiva da redução do custo de produção e isso passa pelo uso adequado do alimento concentrado”, reforça.

Mercado
Leitzke avalia que, baseando-se no mercado internacional do leite, os preços colocados no leite em pó, que é a referência, estão entre os patamares da série histórica. Isso leva a se pensar que a alta não deve continuar, tendo em vista que está se entrando no período de safra das culturas de aveia e azevém, utilizadas como pastagem. Essa maior oferta de alimento repercute rapidamente no aumento da produção dos animais. Neste cenário, a tendência é de que o preço se estabilize e possa voltar a baixar, conforme aumenta a oferta. Ele enfatiza que no Brasil o consumo de leite continua estabilizado e este não é um fator, pelo menos neste período, que favorecerá a valorização do produto.

Preço
Em Passo Fundo, de acordo com o último Informativo Conjuntural da Emater Estadual, os valores pagos ao produtor variam de R$ 1,00 a R$ 1,44 pelo litro de leite, enquanto que a ração com 18% de PB está sendo comercializada com preços de R$ 1,28 e R$ 1,48/kg, com preços estáveis.

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