MPT aciona BM para garantir segurança de trabalhadores

Grupo de paraibanos resgatado em condição análoga à de escravo, em Lajeado, embarcou rumo a São Paulo

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O Ministério Público do Trabalho (MPT) recebeu, na manhã deste sábado (27/8), denúncia - comprovada - de que um capanga estaria na estação rodoviária de Porto Alegre para tentar pegar de volta o dinheiro pago aos trabalhadores resgatados em condição análoga a de escravo em Lajeado. O MPT acionou a Brigada Militar para fazer a escolta do grupo de 17 paraibanos até o embarque no ônibus que rumou no final da manhã para São Paulo (SP). O procurador-chefe do MPT-RS, Rogério Uzun Fleischmann, presente no local, informa que conseguiu visualizar o capanga, que acabou fugindo. O Ministério do Trabalho (MT) também foi acionado pelo MPT e compareceu na rodoviária. Rogério alertou aos trabalhadores de que, nas paradas durante a viagem, deveriam sempre ficar juntos e não isolados. A procuradora do Trabalho Patrícia de Mello Sanfelici, também presente na rodoviária, disse que "será necessária escolta em São Paulo, segundo os próprios trabalhadores". Na tarde de sexta-feira, os trabalhadores receberam suas verbas indenizatórias, que foram pagas pelos empregadores na sede no MPT em Santa Cruz do Sul, em ação coordenada pela procuradora do Trabalho Enéria Thomazini.

Entenda o caso

     A Polícia Rodoviária Federal (PRF), em ação conjunta com a Polícia Civil (PC), a BM e o MT, prendeu dois irmãos que mantinham mais de 20 pessoas sob condição análoga à de escravo. A prisão aconteceu na noite de quarta-feira (24), na BR-386, em Lajeado. No início da manhã do mesmo dia, a PRF recebeu denúncia de que dezenas de pessoas estavam sendo obrigadas a viver em situações precárias dentro do compartimento de carga de um caminhão. À noite, o veículo ficava em um posto de combustíveis abandonado, localizado no quilômetro 341 da rodovia. A partir dessa informação, os policiais passaram a colher inúmeros outros dados durante o dia, culminando com as prisões. A PRF descobriu que as vítimas, todas da Paraíba, eram obrigadas a vender redes, carteiras e outros objetos em troca apenas de água e comida. Constatou ainda que quando os trabalhadores não tinham sucesso nas vendas eram espancados e presos em uma cela improvisada dentro do mesmo caminhão em que residiam.

Os policiais verificaram também que na noite em que ocorreu a prisão, os dois envolvidos no crime levariam os trabalhadores para outras cidades do RS. Diante do fato, com o apoio da PC, da BM e do MT, a PRF foi até o local, conseguindo flagrar a ação e prender os envolvidos. Segundo os trabalhadores, eles se sujeitavam a essas condições por medo. Um dos irmãos emprestava dinheiro a eles, na Paraíba, e, como não tinham condições de pagar a dívida, eram trazidos para trabalhar no RS, de onde não conseguiam mais sair. Muitas vezes eles eram ameaçados de morte, assim como suas famílias, o que os impedia de denunciar a situação. Os irmãos, um de 42 e outro de 44 anos, também são paraibanos e têm passagens por outros delitos. Eles foram encaminhados à polícia judiciária de Lajeado, e deverão responder pelo crime de reduzir pessoas a condição análoga à de escravo.

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