Mesmo diante das dificuldades financeiras enfrentadas pelo governo do Estado, o investimento em educação é permanente, e em 2015, chegou a 33,7% da receita líquida arrecadada em impostos, o que representa R$ 727,6 milhões em recursos. A aplicação é a maior em 10 anos. Neste ano, os investimentos seguem no mesmo patamar. Na área de infraestrutura, já foram contratadas 696 obras, ao custo de R$ 57 milhões.
Para acelerar a execução das melhorias, a Secretaria da Educação descentralizou a contratação dos serviços em 510 casos. Com isso, a responsabilidade de aplicar os recursos foi compartilhada com as direções de escolas.
Outro investimento significativo foi na compra de mobiliários. Alunos e professores receberam 80 mil conjuntos de mesas e cadeiras, por meio de um convênio de R$ 15 milhões firmado com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
Mais R$ 20 milhões da Consulta Popular serão utilizados na aquisição de utensílios e equipamentos, que as escolas definiram como prioridade. O material servirá para melhorar os serviços em laboratórios ou cozinhas, entre outros setores.
Na escola Maria Cristina Chika, localizada na Lomba do Pinheiro, em Porto Alegre, os investimentos ajudaram a construir um novo prédio para a instituição. "Começamos do zero. É uma escola totalmente nova, com ginásio de esportes e novas salas de aula. Estamos ansiosos para iniciarmos esta nova etapa, é algo que esperamos desde 2014, quando as obras começaram", afirma a diretora Ivelise Camboim.
Hoje, a instituição abriga 740 alunos em nove salas de aula, do 1ª ao 9ª ano do ensino fundamental. A falta de espaço para o aprendizado fez com que a escola se organizasse em quatro turnos para atender aos estudantes. Desta forma, a escola não consegue atingir o número mínimo de quatro horas de aula diárias. Com o novo prédio, o problema será resolvido com 15 salas de aprendizado, laboratórios de informática e ciências, além de elevador para acessibilidade.
Após a conclusão, a antiga estrutura servirá para salas de oficinas recreativas, brinquedoteca e de recursos para atividades psicomotoras. Uma horta colaborativa também está nos planos, além de formaturas e gincanas no novo espaço esportivo.
Caroline Souza de Souza, 12 anos, é uma das alunas que aprovam a nova estrutura escolar. Segundo ela, a turma está empolgada com a mudança de prédio. "Vamos ter um recreio mais divertido com espaço para conversar e brincar. Estudo aqui desde criança e lembro da estrutura ser precária e com salas apertadas. Com o novo prédio será muito melhor", conta.
Para o professor de história Paulo Leandro Menezes, as aulas ficarão mais interessantes pelas oportunidades que o novo espaço gera. "Poderemos criar espaços temáticos, produzir peças de teatro e oficinas que incentivem os estudantes a aprenderem brincando. Podemos soltar a criatividade porque agora temos infraestrutura para isto", explica.
Tempo Integral
O ensino em Tempo Integral também é uma das prioridades desta gestão. Por isso, o número de escolas funcionando nessa modalidade saltou de 46, em 2015, para 104, neste ano. O número de estudantes também passou de 9,9 mil para 20,5 mil.
Os professores receberam qualificação e foram feitas melhorias nos colégios para abrigar mais estudantes, que permanecem sete horas por dia nos turnos da manhã e tarde. A proposta pedagógica foi elaborada pelo Departamento Pedagógico da Secretaria da Educação, para nortear a construção de Regimentos Escolares e Planos de Estudos.
Além disso, os mais de 20 mil alunos recebem quatro refeições diárias, conforme as diretrizes do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae).
Em junho do ano passado, a Escola Estadual de Ensino Fundamental Bahia, no bairro Boa Vista, iniciou o trabalho em dois turnos diários completos. Um ano após a medida ser aplicada na rotina dos alunos, a diretora Liana Garces afirma que a iniciativa já apresenta resultados positivos. "É algo que vai além do aprendizado. Agora o professor consegue identificar melhor as necessidades de cada aluno e fazer com que ele se sinta integrado ao ambiente", avalia. Além de servir como experiência social, o sistema ensina os alunos a conviver em grupo e trabalhar a argumentação no meio coletivo.
O projeto atende a estudantes do 1º ao 5º ano do ensino fundamental, com horário de funcionamento das 8h às 17h. Durante este período, são oferecidas disciplinas como Português, Matemática, Meio Ambiente, Saúde e Alimentação, oficinas e atividades recreativas. Para a professora Gabriela Borsato, é um incentivo para os alunos se interessar por novas atividades. "Ele precisa ser aplicado em todas as escolas. É uma iniciativa que permite tirarmos crianças das ruas e trabalharmos com o lado lúdico e criativo delas, apresentando novos caminhos", ressalta.
Ainda são inseridos jogos e outras atividades extracurriculares para não se cansar do ambiente escolar. "Se a manhã está bonita, fazemos a aula sobre meio ambiente no pátio. Em datas comemorativas, as oficinas de artesanato são temáticas. Ou seja, é um trabalho muito dedicado ao aluno", conta a diretora.
Formação de professores
O corpo docente que atua em sala de aula recebe constantemente formação continuada para aprimoramento da qualificação do ensino. Em 2015, mais de 48 mil professores foram envolvidos em capacitações, e até o primeiro semestre deste ano, 7 mil educadores já haviam passado por formações em diferentes etapas da Educação Básica. Há também capacitações para diretores de escolas. A primeira delas, à distância, está em curso e é feita em parceria com o Tribunal de Contas do Estado. Para março de 2017, está previsto o início de formações presenciais em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
O investimento no processo de aprendizagem será mensurado por meio do Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do RS (Saers), retomado nesta gestão. As provas permitirão intensificar o trabalho em disciplinas nas quais os alunos enfrentam maiores dificuldades. Os recursos para execução do Saers serão do Banco Mundial, e a empresa já foi contratada.
Agência Brasil