Cultivar de trigo minimiza custos e enriquece dieta animal

Silagem e pré-secado têm mostrado ser opções de alimentos de qualidade produzidos no inverno

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Nova cultivar não possui aristas e é usada exclusivamente para produção de silagem para gadoNova cultivar não possui aristas e é usada exclusivamente para produção de silagem para gado
Nova cultivar não possui aristas e é usada exclusivamente para produção de silagem para gado
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No Brasil, quando se pensa em produção de volumoso conservado, logo se imagina silagem de milho ou sorgo. No entanto, em clima subtropical e temperado, silagens de cereais de inverno são uma alternativa interessante, principalmente em situações onde culturas de verão não são possíveis de serem cultivadas, ou mesmo no sentido de fazer o melhor aproveitamento da terra no período de inverno. Foi buscando atender esse nicho que surgiu o TBIO Energia I - primeira cultivar de trigo brasileira direcionada exclusivamente para o mercado de alimentação animal.
Segundo o gerente de Novos Negócios da Biotrigo, Rodrigo Basso, a silagem e o pré-secado de trigo surgem como opções de alimentação para o segmento de bovinocultura. “No campo, a cultivar TBIO Energia I possui ciclo médio, apresenta satisfatório pacote fitossanitário e boa resistência ao acamamento, o que permite produzir com qualidade os produtos finais”, inicia.
A silagem produzida com esta cultivar pode substituir até 100% do volumoso para gado de corte confinado, novilhas e vacas em pré-parto. Para vacas leiteiras de alta produção, pode substituir em até 50% do volumoso. “O pré-secado do TBIO Energia I é uma excelente opção para vacas lactantes de alta produtividade, contribuindo como ótima fonte de proteína e energia, associado a alta digestibilidade, sendo convertido em leite e/ou carne”, explica o zootecnista e técnico em Novos Negócios da Biotrigo Genética, Ederson Henz. “O fato da cultivar não apresentar aristas torna o alimento mais palatável, não vindo a ferir o trato digestivo do animal quando comparado a um trigo comum”, complementa.

Mais alimento na propriedade
A alternativa para produção de volumosos não concorre com a silagem de milho, pois os seus estabelecimentos nas lavouras são em épocas diferentes, minimizando assim, a sazonalidade na produção de forragem. Para o professor e pesquisador Elmar Floss, a nova cultivar é uma alternativa para aumentar a produção de alimentos na propriedade, visando a produção leiteira ou de carne, ocupando parte dos solos ociosos nessa época do ano, sem afetar as culturas de verão. “Pode ser usado na elaboração de pré-secado ou silagem, com alta produtividade, palatabilidade, digestibilidade e qualidade nutritiva da forragem, como maior teor de proteína bruta e energia", ressalta.

Alternativa para a produção de biomassa
O TBIO Energia I também é uma alternativa para a produção de biomassa.  “Contendo concentração satisfatória de proteínas e carboidratos não fibrosos (amido e açúcares solúveis) - sendo este último a fonte de energia mais importante produzida no rúmen -, há uma estimulação do crescimento do pool de bactérias ruminais e incremento da produção de proteína microbiana e ácidos graxos voláteis dando resposta em leite ou carne”, explica Henz.
 
 
Ciclo médio e corte precoce
O sistema de produção de alimentos conservados para os rebanhos, no inverno, dá maior segurança no planejamento forrageiro. O ciclo médio da cultivar, com corte precoce, permite a antecipação da cultura sucessora. “Este trigo supre uma demanda de produção de forragem com boa qualidade no período de inverno-primavera (quando existe uma grande área disponível), permitindo assim que sejam produzidos e conservados os alimentos para serem ofertados durante os períodos do ano de maior escassez e suprindo o déficit de forragem causada por uma eventual frustração na safra de milho”, observa Basso.

Resultados mostram o potencial da cultivar
Em 2016, a Biotrigo Genética conduziu ensaios em diversas localidades do Brasil a fim de melhor posicionar tecnicamente a cultivar no mercado. Segundo Henz, os rendimentos de colheita de silagem e pré-secado variaram de 25 a 35 toneladas de biomassa por hectare. “Os resultados compilados a partir de análises bromatológicas, quando comparados com materiais concorrentes para a lavoura de inverno, foram satisfatórios”, avalia. No que diz respeito a custos de produção, inclusive quando comparado ao milho - tradicional matéria prima para a produção silagem - a cultivar tem demonstrado ser competitiva. “O TBIO Energia I não é destinado ao pastejo e tampouco ao duplo propósito. Seu direcionamento técnico-comercial é exclusivo para pré-secado e silagem”, explica. A tecnologia é destinada para a região fria do Paraná e para os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Em 2017, entra para multiplicação e, em 2018, os agricultores pecuaristas poderão semear a cultivar em suas propriedades e produzir silagem e pré-secado.

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