Número de produtores diminui, mas produção aumenta

Pesquisa mostra que entre 2015 e 2017 quase 2 mil produtores abandonaram a atividade leiteira na região de Passo Fundo

Por
· 3 min de leitura
 Crédito:  Crédito:
Crédito:
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

A cadeia produtiva do leite tem apresentado quedas tanto no número de produtores, tamanho do rebanho e em produtividade no Estado, conforme o Relatório Socioeconômico da Cadeia Produtiva do Leite no Rio Grande do Sul divulgado recentemente pela Emater. A região também sente reflexos desta situação. Entre 2015 e 2017, cerca de 2 mil produtores abandonaram a cadeia, conforme dados da Emater Regional de Passo Fundo. Por outro lado, diferente da situação estadual, a produtividade aumentou.

O assistente técnico regional Vilmar Leitzke explica que o Relatório de 2015 indicava que na região havia pouco mais de 12,3 mil produtores de leite. Neste novo levantamento identificou-se que mais de 10,5 mil produtores continuam na atividade. O levantamento também indica que houve uma insignificante redução no número de animais e um aumento de produção. “Temos o produtor saindo da atividade, mas isso não refletiu em redução de produção em termos de volume de leite”, observa.

Leitzke explica que durante um determinado período, um grande número de produtores se inseriu na atividade leiteira e, posteriormente, acabaram migrando para outras atividades. Os motivos para essa saída são diversos. Alguns tinham a atividade leiteira como complementar e acabaram apostando na atividade principal, geralmente à produção de grãos, pelo retorno financeiro. Além disso, o avanço da idade das pessoas que vivem no meio rural também contribuiu pra essa diminuição. “Quando você tem uma população rural que avança na idade, naturalmente ela vai parando com a atividade, porque é uma atividade que exige bastante da mão de obra”, justifica lembrando que também há dificuldade para se conseguir mão de obra fora das propriedades.

Custo

Apesar do quadro de diminuição, Leitzke considera que o leite continua sendo uma boa oportunidade para o agricultor, em termos de possibilidade de uso de área, comparativamente a outras culturas. Segundo ele, os dados também apontam que há espaço para a atividade crescer. A alimentação é um dos maiores custos da produção, influenciada, frequentemente, pelas variações de preço da soja e do milho. “De 2012 pra cá, tivemos uma elevação maior do custo de produção em relação ao preço pago ao produtor. A margem está menor e isso exige do produtor eficiência, produtividade e escala de produção. Talvez, parte da explicação, também esteja associada à pequena escala”, pontua sobre a redução de produtores na atividade.

Agroindústria

A maior parte do leite produzido na região é vendida de forma crua para a indústria. Por outro lado, há pequenas agroindústrias que processam a própria matéria prima e oferecem aos consumidores produtos diferenciados e de qualidade. Um dos problemas por quem aposta na agroindústria também é a dificuldade para se conseguir mão de obra. “Tem espaço para o produtor que tem um produto diferenciado”, afirma lembrando que essas características diferenciadas são fundamentais para conquistar o mercado. Além disso, as questões de regularização precisam ser pensadas pelos produtores visando o mercado que buscam atingir.  

Mercado internacional

Por ser uma commodity, o leite em pó sofre influencias do mercado internacional no seu preço. Leitzke enfatiza que o produto tem apresentado pequenas recuperações, mas não há sinais que de subirá aos patamares de 2013 e 2014, quando o produto estava valorizado. Além disso, o produto interno se adéqua aos valores internacionais como forma de manter a competitividade. O Brasil não é um exportador de leite em pó, mas pode importar se o preço no exterior estiver mais competitivo.

Situação estadual

Os dados do relatório estadual indicam que o Rio Grande do Sul tem mais de 65 mil produtores que vendem para a indústria, cooperativas ou queijarias. O rebanho estadual conta com 1 milhão de vacas, uma média de 16,4 por produtor, que produzem 4,1 bilhões de litros de leite por ano, em uma produtividade do rebanho de 3,8 mil litros de leite por vaca/ano e 12,6 litros por vaca/dia. Já a produtividade por propriedade foi de 63 mil litros por ano; 5,25 litros por mês e 172,9 litros por dia. No período entre os dois relatórios houve queda no número de produtores (-22,6%), do rebanho (-9,5%) e da produção (-2%), em relação a 2015.

Por outro lado, foi registrado um aumento de produtividade das vacas (7,58%) e das propriedades (24,91%). A produção atual de 11,3 milhões de litros de leite por dia representa 60,4% da capacidade instalada de industrialização no Estado, que ultrapassa 18,7 milhões.

Gostou? Compartilhe