O governador José Ivo Sartori anunciou, na manhã de ontem (25), que pagará de maneira integral primeiro os servidores que ganham menos. Somente após esta quitação, sairá o pagamento dos vencimentos dos demais funcionários. A decisão foi motivada pelo acirramento da crise financeira e o ingresso de centenas de ações de dano moral por parte de servidores com salários em atraso.
A medida valerá para a folha desse mês. O secretário da Fazenda, Giovani Feltes, informou que na próxima quinta-feira (28) será definido o valor a ser pago, de acordo com o total de recursos disponíveis no caixa do Estado. “Não se trata de estabelecer faixas. O grupo será formado de acordo com o montante disponível em caixa”, afirmou Feltes, que descreveu a situação como “angustiante”. Sartori comunicou que “o governador, o vice e os secretários, que já tinham seus salários parcelados, vão receber depois que o último servidor tiver seu salário quitado”.
Estratégia é interessante, diz especialista
A medida adotada pelo governo para pagamento dos salários é uma estratégia interessante, conforme o economista e professor da UPF, Julcemar Zilli. Em virtude da quantidade de pessoas que recebem um valor pequeno, o Estado conseguirá pagar um número grande de servidores. “Ele deixa de parcelar e começa a dar mais ênfase às pessoas que ganham menos e necessitam mais do dinheiro para comprar os seus bens de consumo do dia a dia, do que aquelas pessoas que têm uma renda alta e, muitas vezes, têm uma poupança para esses casos de emergência”, analisa.
O anúncio também pode aumentar a popularidade do governador, de acordo com o especialista. Apesar disso, não é uma medida que soluciona o problema de caixa do Estado. Conforme Zilli, soluções definitivas para a falta de liquidez passam pelo corte de gastos, em especial dos cargos de confiança.
Perto de encontrar uma solução
O governador declarou que "estamos muito perto de encontrar uma solução para o equilíbrio financeiro do Estado, o que significa também o fim do parcelamento de salários". Sartori disse que o governo começou a construir o reequilíbrio desde o início da gestão, antes de qualquer estado do país, economizando em todas as pontas e fazendo a maior reforma administrativa da história do Rio Grande do Sul. Em consequência disso, o rombo previsto de R$ 25 bilhões foi reduzido para R$ 10 bilhões, sem a negociação do Regime de Recuperação Fiscal (RRF). “Mas essa solução só vai ser possível se tivermos coragem, atitude e união, encarando os desafios que temos pela frente. O Rio Grande do Sul tem futuro. Juntos, vamos encontrar uma saída”, enfatizou.
Regime de Recuperação Fiscal
Nos próximos dias, será apresentada aos deputados a proposta de adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF), que envolve um conjunto de medidas de grande importância para o futuro do Rio Grande do Sul. “Precisamos encarar essas pautas, por mais que elas possam ser momentaneamente difíceis”, ponderou Sartori, citando que não é hora de pensar na próxima eleição, mas ter responsabilidade política e social para com a população.