Climatização conserva patrimônio histórico de 97 anos do Palácio Piratini

"Com poucos recursos para todas as áreas, buscamos parceiros e conseguimos viabilizar esta obra?EUR?, afirmou Sartori

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Com a climatização, o mobiliário, a decoração de época e os 23 murais do artista italiano Aldo Locatelli serão preservadosCom a climatização, o mobiliário, a decoração de época e os 23 murais do artista italiano Aldo Locatelli serão preservados
Com a climatização, o mobiliário, a decoração de época e os 23 murais do artista italiano Aldo Locatelli serão preservados
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No dia em que o Palácio Piratini comemora 97 anos, o governo do Estado também celebra uma conquista importante para conservar o acervo histórico do prédio: a entrega das obras de climatização do segundo pavimento da Ala Governamental. O projeto vinha sendo discutido e elaborado há anos e nesta quinta-feira (17) foi inaugurado, após cinco meses de trabalho.

 

Com a climatização, o mobiliário, a decoração de época, e, principalmente, os 23 murais do artista italiano Aldo Locatelli, a maioria localizada nos salões Negrinho do Pastoreio e Alberto Pasqualini, serão preservados. Como o Palácio Piratini é um prédio tombado pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico  do Estado (Iphae) e pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o projeto precisou ser aprovado por ambos.

 

A obra foi totalmente financiada pela Lei Rouanet, também conhecida como Lei de Incentivo à Cultura, não gerando qualquer custo para o cofre do Estado. O proponente do projeto, junto ao Ministério da Cultura, foi o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, que ficou responsável pela captação dos recursos necessários. O valor é de aproximadamente R$ 2,2 milhões.

 

“Lá atrás, em 1896 e em 1909, quando foram lançadas as duas pedras fundamentais para a construção do Palácio Piratini, a orientação era para que este prédio fosse o edifício público mais belo e majestoso de todo o Brasil. A sede do governo gaúcho é, com certeza, um dos mais belos e majestosos prédios públicos do país. Aqui, temos as obras de Aldo Locatelli, agora preservadas com a nova climatização”, assegurou o governador José Ivo Sartori durante a solenidade.

 

Sartori destacou que, ao completar 97 anos, o Palácio Piratini, patrimônio dos gaúchos, ganha uma grande e muito esperada obra: a climatização dos salões principais da sede do governo, que, segundo o governador, é uma obra extremamente necessária nos tempos atuais e planejada há mais de 10 anos.

 

“Somos um governo de atitude, que busca um Estado eficiente e moderno. Somos também um governo de parcerias. Com poucos recursos para todas as áreas, buscamos parceiros e conseguimos viabilizar esta obra”, afirmou Sartori.

 

O projeto, do arquiteto Edegar Bitencourt da Luz, foi elaborado de maneira a causar a menor intervenção possível. O sistema foi implantado sobre os forros de estuque existentes nos ambientes e as casas de máquinas ficam sobre a cobertura da Ala Governamental. A execução da obra foi da empresa Arquium Construções e Restauro.

 

Para o presidente do Instituto Histórico e Geográfico do RS, Miguel do Espírito Santo, esse investimento foi extremamente necessário. “A obra entregue hoje ao Rio Grande do Sul é de superlativa significação. É pertinente a preservação do mais importante símbolo do estado, o Palácio do governo, sede de nossas mais caras tradições e das mais importantes decisões em atenção à causa pública”, explicou.

 

Segundo o presidente, o Instituto também é parceiro do governo do Estado em outros dois projetos culturais, já contemplados pela Lei Rouanet e em fase de captação de recursos. Entre eles, está o restauro de peças do mobiliário histórico da sede do governo e a montagem da estrutura da Oficina de Restauro do Palácio Piratini.

 

O secretário da Cultura, Turismo, Esporte e Lazer, Victor Hugo, disse que a entrega do governo para a sociedade é resultado de parcerias que dão certo. “Uma demonstração clara à sociedade rio-grandense de que governos podem fazer mais do que políticas de governo. Que governos podem fazer política de Estado. E é isso que estamos vivendo”, admitiu.

 

O presidente do Instituto de Previdência do Estado do RS, José Guilherme Klimann, foi um dos coordenadores do projeto, enquanto esteve como secretário adjunto da Casa Civil, e destacou o trabalho em equipe e a superação de entraves ao longo do tempo. “Fazer intervenções em um prédio como o Palácio Piratini não é tarefa simples. Exige o máximo de cuidado e uma fiscalização muito grande. Topamos o desafio e aqui está o resultado plenamente exitoso”, destacou.

 

Durante a cerimônia de comemoração dos 97 anos do Palácio Piratini, o Coral do Banrisul fez uma apresentação aos convidados. Eles interpretaram Negrinho do Pastoreio, Boi Barroso e Os Homens de Preto, com a regência do maestro Gil de Roca Sales.

 

Décadas de história

O Palácio Piratini foi construído por determinação do presidente Júlio de Castilhos para substituir o antigo Palácio de Barro. O primeiro projeto para o novo palácio era de autoria do arquiteto Affonso Hebert, da Secretaria de Obras Públicas, e a pedra fundamental foi lançada em 27 de outubro de 1896. Ainda nos alicerces, as obras foram suspensas. E em 20 de setembro de 1909 uma segunda pedra fundamental foi lançada para o projeto do arquiteto francês Maurice Gras.

 

Em 17 de maio de 1921, o prédio foi ocupado, mas sem inauguração oficial e em caráter parcial, pois a Ala Residencial e os jardins não estavam prontos. Somente na década de 1970 o Palácio foi dado como concluído.

 

Em 1955, um decreto do governador Ildo Meneghetti oficializou o nome Palácio Piratini, uma homenagem à primeira capital da República Rio-grandense (1836-1845) durante o episódio da Revolução Farroupilha (1835-1845). A sugestão da denominação ‘Palácio Piratini’ foi feita pelo Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul.

 

Os lustres de cristal dos salões são réplicas dos usados no Palácio de Versalhes e as esculturas da fachada principal e posterior da Ala Governamental são de autoria do francês Paul Landowski, criador do Cristo Redentor do Rio de Janeiro.

 

Em 1951, o pintor italiano Aldo Locatelli foi contratado para pintar os murais nas paredes e no forro dos salões.

 

Em 1986, o Palácio Piratini foi tombado pelo Iphae. E, em 2000, integrando o sítio histórico da Praça da Matriz, passou a ter a proteção do Iphan.

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