Pouco mais de 130 propriedades detêm 73% da área agropecuária de Passo Fundo. A concentração de terras na mão de 15% do total de estabelecimentos (909) existentes no município foi um dos dados preliminares revelados pelo Censo Agro 2017. Dos 59,3 mil hectares no município, 43,4 mil são de estabelecimentos que possuem 100 hectares ou mais de área. No Rio Grande do Sul, o cenário é um pouco diferente: 83,7% do total de estabelecimentos (305,4 mil estabelecimentos) têm terras de até 50 hectares. Outros 16,1% do total de estabelecimentos têm de 50 hectares ou mais. As informações foram divulgadas ontem (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Passo Fundo, ao contrário do Estado, teve um aumento no número de estabelecimentos. No ano passado, foram contabilizados 909 estabelecimentos recenseados. Em 2006, o número de propriedades alcançava 887 locais. A área também registrou crescimento, de 54 mil hectares para 59 mil neste período. Em solo gaúcho, houve crescimento de 6,7% no total da área agropecuária e houve redução de 17,3% do número de estabelecimentos desde 2006. Até o momento, foram identificados mais de 365 mil estabelecimentos agropecuários, em uma área total de 21,6 milhões de hectares. Entre os estabelecimentos com mil hectares (ha) ou mais, houve aumento de 697 estabelecimentos, passando de 2.843 estabelecimentos para 3.540. Sua participação na área total passou de 27,2% para 33,3% de 2006 para 2017. Já os estabelecimentos entre 100 e mil ha viram sua participação na área total cair de 39,3% para 38,4%.
Um dos grandes fatores observados pelo instituto, de acordo com o coordenador da Agência de Passo Fundo, Jorge Bilhar, foi o êxodo rural. “A área de jurisdição da agência de Passo Fundo são 26 municípios, a gente coletou em torno de 15 mil estabelecimentos. Houve redução de 17%. No censo passado, era em torno de 17 mil propriedades. Uma vez era o jovem quem vinha para a cidade. Hoje, não. Vem o jovem, o idoso. O produtor não fica mais isolado na área rural, ele vem para o meio urbano. Esse crescimento urbanístico que aconteceu deverá proporcionar um grande desafio para o IBGE na realização do Censo Demográfico 2020” exemplifica.
Muito além das questões de acessibilidade, o que está provocando esse movimento do interior para a cidade é a comunicação, de acordo com Bilhar. Quem fica nas propriedades, busca os meios. Em todo o Estado, o acesso à internet cresceu de 10.165, em 2006, para 150.074 em 2017, estando presente em 41,1% dos estabelecimentos. Os números divulgados estão sujeitos a pequenas alterações. As estatísticas completas por município devem ser divulgadas em julho do ano que vem.
OUTROS DADOS
Soja e frango predominam em Passo Fundo
A predominância da soja no município, outro dado apontado pelo censo, não era novidade. O grão foi plantado em 66% do total da área. Com pequenas parcelas de plantação, aparecem aveia, milho, trigo, cevada e outros produtos. Na pecuária, a predominância é do frango. Em 30 de setembro de 2017, data base da coleta de dados, o efetivo de aves era de 1.328.178 cabeças. Atrás, estavam os bovinos (9.566 cabeças), ovinos (3.805), suínos (3.021), equinos (645) e caprinos (236). A produção leiteira, que atingia 12 milhões de litros era oriunda de 347 estabelecimentos.
NO ESTADO
Arrendamento de terra cresce
Quanto à condição legal da terra, a proporção de estabelecimentos em terras próprias cresceu de 84% para 87,2%, mas a participação destes estabelecimentos na área total diminuiu de 80,1% para 79,2%. Já a proporção de estabelecimentos com terras arrendadas subiu de 13,6%, em 2006, para 15,5%, em 2017, e a participação da modalidade na área de 15,1% para 20,8%.
Menos pessoal ocupado, mais tratores
Em 2017, havia 983.751 pessoas ocupadas nos estabelecimentos agropecuários. Em 11 anos, isso representa uma queda de 248.074 de pessoas, incluindo produtores, seus parentes, trabalhadores temporários e permanentes. Em sentido oposto, o número de tratores cresceu 48,32% no período e chegou a 242.365 em 160.773 estabelecimentos.
Uso de agrotóxicos
Destaca-se, ainda, que 256.099 produtores utilizaram agrotóxicos em 2017, significando 70,2% dos produtores, um aumento em relação aos 62% que declararam ter usado agrotóxico em 2006. 26.394 estabelecimentos declararam uso de irrigação, o que significa 7,23% do total de estabelecimentos agropecuários recenseados, com 1.408.292 hectares irrigados, um incremento de 411.184 hectares na comparação com o Censo Agropecuário 2006.
Em 2017, 79% tinham até ensino fundamental
Cerca de 3,2% dos produtores disseram nunca ter frequentado escola e 79% não foram além do nível fundamental. Já a participação de mulheres e idosos de 65 anos ou mais na direção dos estabelecimentos aumentou, chegando a, respectivamente, 12,1% e 23,1%. Em 2006, as mulheres representavam 9,3% dos produtores e os idosos, 17,5%. Além disso, pela primeira vez, o Censo Agro investigou a cor ou raça dos produtores: no Rio Grande do Sul 92,2% brancos e 7,1% pretos ou pardos. No Brasil, se declararam pretos ou pardos 52% e brancos 45%.
Sobre o censo
O Censo Agropecuário 2017 é a principal e mais completa investigação estatística e territorial sobre a produção agropecuária do país, que mobiliza milhares de pessoas desde a fase de seu planejamento até a divulgação dos resultados. O Censo Agropecuário tem a coleta de dados executada de outubro de 2017 a fevereiro de 2018, adotando-se como referência o período de 1º de outubro de 2016 a 30 de setembro de 2017, ao qual deverão estar relacionados os dados sobre a propriedade, produção, área, pessoal ocupado, etc. A data de referência adotada para a pesquisa é 30 de setembro de 2017, à qual estarão referidas as informações sobre estoques, efetivos da pecuária, da lavoura permanente e da silvicultura, entre outras totalizações.
Depois de aplicados todos os questionários do Censo Agro 2017, os resultados serão apurados e então divulgados. A divulgação preliminar deve ser iniciada já no primeiro semestre de 2018 e até o final do segundo semestre devem estar publicados todos os produtos que irão compilar os resultados da operação censitária.