A ideia de que andar de bicicleta é mais saudável do que de carro, e ainda por cima não polui, é bastante disseminada. Muita gente, porém, ignora que por ser mais ágil e pela facilidade de estacionar, a bicicleta pode também poupar tempo, levando o usuário a seu destino muito mais rapidamente do que quem se desloca de automóvel – na verdade, até mesmo em bem menos que a metade do tempo.
Para trazer essa e outras reflexões sobre a mobilidade urbana, o Detran-RS realizou na manhã desta quarta-feira (19), a terceira edição de seu Desafio Intermodal, dentro da programação da Semana Nacional de Trânsito. "Nós Somos o Trânsito" é o tema deste ano para a SNT, escolhido pelo Denatran – um convite para que todos pensem em formas de deslocamento capazes de tornar o trânsito mais seguro e amigável.
Com o objetivo de mostrar na prática as vantagens e desvantagens das diversas opções de transporte – os chamados modais –, servidores do Detran-RS se voluntariaram para se deslocar até o Centro da cidade, saindo do bairro Santana e repetindo um trajeto que milhares de pessoas fazem diariamente no início da manhã, indo para o trabalho.
A pé, caminhando e correndo, de bicicleta, motocicleta, carro particular, lotação, ônibus e em carro chamado por aplicativo – a novidade dessa edição –, o grupo saiu da esquina da rua Ramiro Barcelos com a avenida Ipiranga e chegou ao Mercado Público, em ponto previamente determinado, próximo ao Chalé da Praça XV. A largada aconteceu pontualmente às 8h20.
Resultados
Pela terceira vez, a bicicleta chegou na frente, tendo percorrido o trajeto em 13 minutos e 29 segundos.
Em segundo lugar chegou o usuário do lotação, que levou 22 minutos e 48 segundos.
Na terceira posição chegou o corredor, que levou 23 minutos e 46 segundos.
Quem foi de carro particular e de ônibus teve um empate técnico, por assim dizer, fazendo respectivamente os tempos de 30 minutos e 39 segundos e 30 minutos e 41 segundos.
Na sequência chegou o motociclista, que levou 30 minutos e 45 segundos.
O veículo de aplicativo levou 32 minutos e 11 segundos para fazer o trajeto, ganhando por muito pouco de quem foi a pé: as duas pedestres chegaram em 32 minutos e 54 segundos.
Como a ação procura reproduzir as situações do cotidiano, quem foi de carro precisou contabilizar o tempo de estacionamento; quem foi de ônibus e lotação, o tempo aguardando na parada e o trajeto complementar a pé, e assim por diante.
Mas o tempo consumido não é o único dado a ser levado em consideração por quem planeja seus itinerários. Há a questão dos custos envolvidos. Enquanto ciclistas, pedestres e corredores consumiram somente calorias, quem foi de transporte público despendeu R$ 4,30 (ônibus), R$ 6 (lotação) e R$ 16,61 (carro por aplicativo). Quem optou pela moto gastou quase o mesmo, na soma de combustível consumido e principalmente de estacionamento, totalizando R$ 15,71. Como era de se esperar, gasta mais quem se desloca em carro particular – R$ 17,40 entre combustível e estacionamento. O custo costuma ser um item que as pessoas levam em consideração ao pensar em seus deslocamentos diários, pois o transporte pode pesar decisivamente no orçamento.
Custo, porém, não é só dinheiro. É preciso pensar em nossa pegada de carbono – rastro de gás carbônico que lançamos na atmosfera ao retirarmos energia de combustíveis fósseis –, ou seja, o tanto de poluição ambiental causada por nossos deslocamentos, de acordo com o modal que escolhemos. Os veículos automotores estão à frente do problema, lançando no ambiente metais pesados e colaborando decisivamente para o efeito estufa.
A pegada de carbono é nula quando nos deslocamos a pé ou de bicicleta. Pedestres e ciclistas também relatam mais disposição e boa forma, bem-estar e melhor qualidade de vida.