As hidrovias interiores do Rio Grande do Sul têm apresentado uma crescente movimentação de cargas nos últimos três anos. Segundo um levantamento da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), o volume total de mercadorias que, em 2018, circularam pela Lagoa dos Patos, Delta do Jacuí e Lago Guaíba deve chegar a 10 milhões de toneladas até o fim de dezembro.
Os seis primeiros meses deste ano já somam 5,1 milhões de toneladas em circulação nas hidrovias gaúchas. O volume iguala a média de 2015, quando tiveram início projetos de incentivo ao modal. Aproximadamente 85% de toda a carga transportada têm como origem ou destino o Porto do Rio Grande – principal porta do estado para o comércio exterior.
A parceria entre o poder público e a iniciativa privada estão entre os fatores que mais impulsionaram a movimentação de cargas por hidrovias. O setor de celulose foi um dos beneficiados, a partir do contrato assinado entre o governo do Estado e a CMPC Celulose Riograndense. O recém-reativado Porto de Pelotas passou a contar com um terminal especializado no carregamento de toras de madeira até a fábrica às margens do Guaíba. Após o processamento, a celulose é levada – também via navegação – até o Porto do Rio Grande, para ser exportada. Só no primeiro semestre deste ano, o empreendimento já resultou no transporte de 333 mil toneladas de madeira e 823 mil de celulose.
Também em 2018, a reativação do terminal de contêineres Santa Clara, em Triunfo, acrescentou mais 1,6 milhão de toneladas em circulação pelas hidrovias interiores gaúchas. Entre as principais mercadorias transportadas até o Terminal de Contêineres do Porto do Rio Grande (TECON) estão as carnes congeladas, resinas, móveis e utensílios domésticos – oriundos de indústrias da Serra, Vale do Taquari e Região Metropolitana.
Nos embarques que partem de Rio Grande com destino a Santa Clara, o álcool metílico é um dos destaques. De janeiro a agosto deste ano, a movimentação desse produto chegou a 36,1 mil toneladas – o que corresponde a um crescimento de 1,5% em comparação ao mesmo período de 2017.
O farelo de soja é outra mercadoria que apresentou aumento de circulação no transporte hidroviário entre a Região Metropolitana e o Porto do Rio Grande. Entre janeiro e agosto de 2018, foram movimentadas 449,6 mil toneladas do produto – um crescimento de 26,6% sobre os oito primeiros meses de 2017. O grão, por sua vez, alcançou 452,4 mil toneladas, registrando 1% de acréscimo nas operações no período.
No ano passado, a navegação interior representou 12% da movimentação total do complexo portuário de Rio Grande. De acordo com o secretário dos Transportes, Humberto Canuso, o número torna-se expressivo, pois a utilização da hidrovia significa redução do custo do frete, maior competitividade para o estado e menor impacto ambiental. “Trata-se de uma estratégia integrada a outros modais de transporte. Ao alcançarmos 10 milhões de toneladas movimentadas por hidrovias, reduziremos em 300 mil o número de caminhões nas estradas, o que diminui os gastos operacionais e aumenta a durabilidade do pavimento de nossas principais vias de exportação”, conclui.