A Emater/RS-Ascar e a Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da Universidade Federal do RS (Fabico/Ufrgs) lançaram o Repositório Institucional da Memória Documental da Extensão Rural Gaúcha. A cerimônia reuniu representantes das duas instituições, que comemoram essa conquista para a Extensão Rural gaúcha, que tem digitalizado seu acervo de quase 63 anos de história.
O presidente da Emater/RS, Iberê de Mesquita Orsi, falou sobre a importância do resgate histórico da Extensão Rural, “que não é só para orientar e disseminar tecnologias e levar políticas públicas para o agricultor, mas hoje em dia o extensionista é muitas vezes até conselheiro familiar’, analisa, ao defender a preservação da essência extensionista. “Os instrumentos de comunicação mudaram. Antes nos comunicávamos por cartas, hoje, pelo WhatsApp, mas a essência do nosso trabalho extensionista é multiplicada pelos nossos 2.200 servidores, que atuam em todo o Estado”.
A diretora da Fabico e doutora em Ciências da Comunicação, Karla Maria Müller, afirmou ser um privilégio para a Fabico realizar esse trabalho em conjunto com a Emater/RS-Ascar. “É um projeto inovador para a Extensão, pilar da Fabico e razão de ser da Emater”, disse, ao elogiar “essa nova forma de disponibilizar o acervo e a história”. Karla também disse considerer o RI uma ferramenta importante para a sociedade. “Nos sentimos prestigiados por desenvolver esse projeto e agradecemos à Emater por acreditar nesse potencial”, avalia.
Primórdios resgatados
“A Mulher na Extensão Rural do RS” foi tema da palestra da extensionista aposentada Odelta Ramires Quadros, ao lembrar das dificuldades enfrentadas pela extensionistas na década de 50. “Éramos economistas domésticas e normalistas. Foi difícil a adaptação às áreas rurais, inclusive pelas distâncias enormes e péssimas condições das estradas rurais”, conta, ao ressaltar não ser permitido às mulheres se casar. “Ao contrário dos colegas homens, nós não podíamos nos casar, mas enfrentávamos juntos as mesmas dificuldades nas saídas a campo, carregando máquinas fotográfica, de datilografia e de costura manual, além de fogareiro a querosene e material de cozinha, para as demonstrações, mas também para fazer as refeições no meio do caminho, nas estradas rurais”.
Hoje com 84 anos, Odelta avalia que a Extensão Rural modificou as condições de vida no campo “e levou, não só a mulher, mas a sociedade, a crescer, se desenvolver e a trabalhar melhor e mais bem alimentada”. O trabalho desenvolvido junto às escolas é defendido por Odelta, que lembrou das inúmeras atividades desenvolvidas com hortas escolares visando as hortas domésticas. “A venda de hortigranjeiros em feiras aqui no Rio Grande do Sul iniciou em Arroio do Meio, a partir de um trabalho com hortas, para venda do excedente”, diz Odelta, que ingressou na Emater/RS-Ascar em 1957, é graduada em Nutrição pela Unisinos e pós-graduada em Nutrição em Saúde Pública e aposentada desde 1992. O conteúdo, as informações e conhecimentos que fazem parte do Repositório Institucional da Extensão Rural Gaúcha podem ser acessados através do dspace.emater.tche.br.