Com posicionamento contrário às medidas do governo de Eduardo Leite na educação, professores do 7º Núcleo do Cpers/Sindicato entregaram, ontem (25), uma carta sinalizando sobre a falta de profissionais nas escolas da rede estadual. No documento, entregue em mãos à coordenadora-adjunta da 7ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), Adenir Cambruzzi Alves, os representantes denunciaram a interferência do Estado na elaboração dos calendários escolares. A manifestação deverá ser encaminhadaà Secretaria de Educação (Seduc) nos próximos dias.
De acordo com o diretor geral do Núcleo, Orlando Marcelino da Silva Filho, o déficit é de 40 professores até o momento em Passo Fundo, conforme dados da própria coordenadoria. Porém, esse número tende a aumentar nos próximos meses porque geralmente em março saem as aposentadorias da categoria a partir de abril os laudos médicos.
Segundo Marcelino, as condições de trabalho estão cada vez mais difíceis com turmas maiores, falta de autonomia das escolas em poder definir seus próprios calendários, falta de valorização profissional, e, agora, a reforma da previdência que ataca a categoria, em especial as mulheres. A falta de recursos humanos também afetam os funcionários. A proporção, que era de 300 alunos para um trabalhador, agora está em 400 estudantes para um funcionário.
Com relação ao calendário escolar, os professores denunciam que o governo determinou o ano letivo de 20 de fevereiro a 20 de dezembro, sem atividades aos sábados. “Isso empurra o processo de recuperação e exames no fim do ano para a semana das festas com a tendência a aumentar a reprovação de alunos. Significa também que todas as aulas sem professores, funcionários e especialistas também serão recuperadas após 20 de dezembro, podendo se agravar com as reformas nas escolas, eventuais paralisações, greves ou até mesmo catástrofes naturais”, alerta o diretor geral.
O grupo de representantes da classe sindical aproveitou a oportunidade para falar sobre a preocupação em relação à evasão escolar. “O governo não tem nenhuma política de capitação de alunos. Eles já organizam as turmas com mais alunos pensando nas desistências”, enfatizou Marcelino.Conforme ele, os alunos que começam a trabalhar têm uma tendência de abandonar os estudos. Isso aconteceu em algumas escolas no fim do ano passado, com a abertura de mais de 300 vagas no comércio da cidade, conforme o diretor geral.
O ato de ontem fez parte do Dia de Pressão em Defesa da Escola Pública, do Cpers/Sindicato. No calendário da entidade, está prevista para hoje (26) uma vigília na Assembleia Legislativa para se posicionar contra as Propostas de Emenda à Constituição (PECs).