Como resultado dos esforços da campanha Década de Ação pela Segurança no Trânsito, o Rio Grande do Sul teve queda de 22% das internações por acidentes de transportes entre 2009 e 2018. O Estado registrou a segunda maior redução entre os cinco da federação que tiveram uma melhora desse problema de saúde pública. Os dados são de um levantamento nacional do Conselho Federal de Medicina (CFM), com base em estatísticas do Sistema Único de Saúde (SUS).
Além do Rio Grande do Sul, somente outros quatro Estados registraram queda no número de internações: Maranhão (redução de 40%), Paraíba (20%), Distrito Federal (16%) e Rio de Janeiro (2%). No país, o crescimento foi de 33%, totalizando 1,6 milhão de feridos nos últimos dez anos, ao custo direto de quase R$ 3 bilhões para o sistema de saúde público. O estudo não contabiliza os custos com planos de saúde privado.
O Estado passou de 3.967 internações em 2009 para 3.101 em 2018 e totaliza 43.097 feridos graves atendidos na rede pública nesta década. O custo total para os cofres públicos foi de R$ 9,6 milhões em 2009 e R$ 5,6 milhões em 2018, chegando a R$ 92,7 milhões no período somente em internações na rede pública.
Conforme o CFM, esse é só um dos itens que compõem o cálculo do custo dos acidentes de trânsito para a economia do país. Devem ser contabilizados também os seguros de veículos, danos a infraestruturas, perda ou roubo de cargas, além do absenteísmo (falta do trabalhador por atestado ou licença-saúde), auxílios doença e tudo o mais que o país tenha investido no indivíduo que veio a óbito ou que ficou inválido em idade produtiva.
Avanço ameaçado
Os dados de internações divulgados pelo CFM refletem-se nas estatísticas de acidentes fatais no Rio Grande do Sul. Dados do DetranRS apontam para uma redução de 13% das mortes no trânsito no período. Para o diretor-geral da autarquia, Enio Bacci, isso foi conquistado com mudanças na legislação e muito esforço dos órgãos públicos em parceria com a sociedade, mas encontra-se ameaçado por uma série de alterações propostas pelo governo federal.
“O projeto de lei que mexe no Código de Trânsito Brasileiro põe em questão uma série de medidas que já eram consenso na sociedade, como as cadeirinhas para crianças. Relativizar a legislação transmite a ideia de que não é tão grave transgredir as regras”, afirma Bacci.
O DetranRS prepara um documento que será entregue à Comissão Especial da Câmara Federal com as considerações dos técnicos sobre as mudanças propostas, em especial sobre as cadeirinhas, o aumento de 20 para 40 pontos para suspender o motorista infrator e a obrigatoriedade dos exames toxicológicos. “O estudo mostra que, além dos custos incalculáveis em vidas, está em jogo também a economia do país.”