Os técnicos e fiscais da Inspetoria Veterinária da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural que integram a coordenadoria regional de Passo Fundo aderiram à greve dos servidores públicos estaduais nesta semana. Os serviços agropecuários prestados pelo departamento estão interrompidos desde terça-feira (26).
O atraso dos salários há 48 meses e a falta de reposição das perdas inflacionárias, somadas ao polêmico pacote do governador Eduardo Leite, que mexe na estrutura de carreira dos servidores do Estado, são as principais motivações da greve. “Estamos reivindicando um direito básico, que é receber o nosso salário. Nós já perdemos tudo, então nada irá nos intimidar neste momento”, afirma o presidente da Afagro, Antônio Augusto Medeiros. A defasagem salarial da categoria é de cinco anos.
A fiscal estadual agropecuária e responsável pela regional de Passo Fundo, Ana Paula Burin, justifica que os servidores ficam chateados por interromper os serviços à população, mas que foi a única forma que encontraram de conseguir dialogar com o Governo do Estado e expor sua insatisfação. “A gente não está aqui pedindo aumento, a gente luta para manter o que temos”, pontuou, pedindo a compreensão da sociedade.
Serviços afetados
A fiscal estadual agropecuária e responsável pela regional de Passo Fundo, Ana Paula Burin, explica que com a greve, ficam afetados os serviços de Guia de Trânsito Animal (GTA) – documento em que contém as informações sobre o destino e condições sanitárias, bem como a finalidade do transporte animal –, a campanha da vacinação contra a febre aftosa, além de abates em frigoríficos, que não pode ser realizado sem a presença de um fiscal.
De acordo com Ana Paula, todo ano são feitas duas campanhas de vacinação dos animais, em maio e novembro. Tradicionalmente, ao fim da campanha, o índice de vacinação da regional de Passo Fundo fica em torno de 98%. Quando a greve começou, o indicador estava na casa dos 25%. A vacina precisa ser comprada até hoje (29). O produtor que não adquirir, está sujeito à inadimplência e autuação junto ao órgão.
Levantamento da greve
A Associação dos Fiscais Agropecuários do Rio Grande do Sul (Afagro) fez um levantamento dos impactos do primeiro dia de greve dos servidores da fiscalização agropecuária. De acordo com os dados preliminares, houve redução de 88% no número de Guias de Trânsito Animal (GTAs) emitidas por fiscais estaduais agropecuários, conforme mostram os números abaixo. Também foram contabilizadas 19 denúncias de deriva do 2,4-D e quatro pedidos de cadastramento de aplicadores de produtos hormonais. Nenhum deles foi atendido, ou seja, na área vegetal a paralisação foi total.
O presidente da Afagro, Antônio Augusto Medeiros, avalia que o resultado inicial é ótimo. “É a maior greve que a fiscalização agropecuária já fez. Nosso objetivo é manter e aumentar a mobilização dos fiscais estaduais agropecuários e não ceder um milímetro até que sejamos respeitados”, afirma.