A eleição histórica, que vai conduzir a primeira mulher à presidência do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) em 73 anos de fundação, terminou em interpelação à Justiça, que suspendeu a posse da candidata eleita, ElenirWinck, prevista para o final da manhã de domingo (12), depois de um recurso apresentado pela segunda colocada no pleito, Gilda Galeazzi, questionando o critério de desempate utilizado no escrutínio realizado durante o 68º Congresso Tradicionalista, na cidade de Lajeado.
Com 1.065 votantes, a eleição para o Conselho Diretor da entidade tradicionalista terminou empatada entre as duas candidatas com 530 votos para cada chapa e cinco abstenções consideradas como brancos e nulos. A comissão eleitoral, portanto, adotou como critério a idade do conselheiro mais velho para legitimar a vitória da panambiense, Elenir. Gilda, no entanto, argumentou que a decisão feria o Artigo 127 do Estatuto do MTG, que prevê a eleição, em caso de empate, da candidata mais velha. O critério previsto no regimento garantiria a eleição da passo-fundense para presidir o Movimento, uma vez que ela tem 65 anos e a opositora, 62. “A posição que nós temos agora é de aguardar a decisão judicial porque já entramos com um recurso”, limitou-se a dizer na manhã de segunda-feira (13).
Pelas redes sociais, no entanto, Gilda foi mais enfática ao falar sobre o resultado que confere um mandato de dois anos à frente da instituição. “Temos recebido relatos de dezenas de patrões que se sentem enganados, pois viajaram dezenas, centenas de quilômetros para votar em uma candidata, e não em um conselheiro”, escreveu ela 16 horas depois da ciência da deliberação. “Assim, com duas chapas formadas por mulheres, um homem foi que decidiu a eleição”, prosseguiu em tom de desabafo.
Despacho favorável
Com o respaldo estatutário de idade, a defesa de Gilda Galeazzi ingressou com um pedido de liminar para suspender a posse da, então, candidata eleita, ElenirWinck. A juíza plantonista da Comarca de Lajeado, Carmen Lúcia Barghouti, acatou o recurso e deferiu o requerimento através de um despacho, na manhã de domingo (12), sob pena, segundo Gilda, de “grave risco à credibilidade do movimento”.
Por meio de nota, emitida na tarde de segunda-feira (13), o Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) alegou “tranquilidade em relação ao assunto”. “A ordem judicial está sendo cumprida, mas não se acredita que, feita uma análise completa da legislação, a justiça entenderá diferente do que a posição da Comissão Eleitoral”, sustentou a entidade.
Eleição parlamentar
Ainda em comunicado, o MTG esclareceu que as eleições para o Conselho Diretor da entidade tradicionalista são feitas por meio parlamentar e não presidencialista. Isso significa que, no decorrer do Congresso Tradicionalista, ocorre a eleição simultânea de membros do Conselho Diretor, na figura do presidente em transição, Nairo Callegaro, da Junta Fiscal e dos respectivos suplentes. “No mesmo sentido, o artigo 132 do Regulamento complementa o assunto, estabelecendo que os conselheiros membros do Conselho Diretor são eleitos com mandato de dois anos, sendo metade dos membros eleitos nos anos pares e metade nos anos ímpares”, explica. A candidata eleita, ElenirWinck, não se pronunciou sobre a liminar judicial e o resultado das eleições até o fechamento desta edição.