Após a declaração de situação de transmissão comunitária do novo coronavírus no Rio Grande do Sul, anunciada nesta sexta-feira (20), o estado alterou a forma de monitoramento dos casos no Estado. Desde a segunda-feira (23/02), são investigados laboratorialmente apenas os casos graves que necessitem de internação hospitalar. As definições foram descritas em uma nota informativa.
Aos casos leves, sem necessidade de internação, chamados de síndromes gripais, a recomendação é o isolamento domiciliar do suspeito e pessoas que residem na mesma casa por 14 dias.
A Secretaria de Saúde do estado afirma que a medida foi adotada por não ser mais possível identificar a fonte de transmissão da doença, o que indica que o vírus já circula entre a população. Por isso, deixa-se de trabalhar com os critérios de viagem ao exterior que vinham sendo adotados até então. As notificações feitas até agora por parte dos municípios e que já tiveram amostras encaminhadas para o Laboratório Central do Estado (Lacen) seguirão o processo de análise até serem concluídas.
A orientação estadual vai na contramão da recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS). “A forma mais eficaz de salvar vidas é quebrar a cadeia de transmissão. E para fazer isso precisa testar e isolar. Não se pode apagar a fogo cego. Não conseguiremos parar a pandemia se não soubermos quem está infectado. Temos uma simples mensagem: testem, testem, testem. Todos os casos suspeitos. Se eles derem positivo, isolem”, declarou o diretor-geral da organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus, no dia 16 de março.
As estratégias de testagem serão reformuladas e orientadas em um novo documento a partir da disponibilidade de testes rápidos anunciados pelo Ministério da Saúde, e da aquisição de um quantitativo extra pelo Estado.
O plano de contingência para a COVID-19 está em revisão final pelo Centro de Operações Emergenciais (COE) para adequações em consonância com as orientações do Ministério da Saúde, previstas para esta semana.
Profissionais da saúde e segurança
A exceção para o protocolo são os profissionais das áreas da saúde e segurança. Para que os contingentes de trabalho nessas áreas essenciais não baixem em virtude de afastamentos por síndromes gripais, esses profissionais serão testados (mesmo sem necessitar de internação) para o coronavírus quando estiverem com sintomas. O fluxo operacional específico para esse público será definido pelo Centro de Operações de Emergência para o coronavírus do Estado em breve.
Síndromes gripais
Os casos de síndrome gripal são caracterizados por febre de início súbito (maior de 37,8°C) acompanhada de tosse ou dor de garganta e, pelo menos, um outro sintoma (como dor muscular, nas articulações, ou dor de cabeça). Em crianças, o critério é a febre e outro sinal respiratório (tosse, coriza ou congestão nasal).
Esses casos poderão ser atendidos ambulatorialmente numa Unidade Básica de Saúde ou outro serviço com esse propósito, evitando a procura de emergências hospitalares na ausência de sinais de maior gravidade, como dificuldade para respirar. Para casos leves, o protocolo é de isolamento domiciliar obrigatório de 14 dias para os casos suspeitos e para os respectivos contatos que morem na mesma residência, sem a necessidade de coleta de amostra para análise laboratorial. Essas medidas estão previstas em uma Portaria da Secretaria da Saúde, publicada na sexta-feira (20).
Casos graves
Os casos que farão a análise para o novo coronavírus, causador da doença COVID-19, são os de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Essas já são as mesmas situações que o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) investiga para os outros vírus respiratórios mais comuns em circulação no país, como os influenza A e B, parainfluenza, adenovírus e vírus sincicial respiratório.
A Secretaria de Saúde confirmou 96 casos no RS na segunda-feira (24/03). Nenhum caso foi confirmado até o momento em Passo Fundo. Em todo o estado, 132 casos suspeitos seguem em investigação para COVID-19