Das 877 vacinas da AstraZeneca registradas após a data de validade no RS, pelo menos 506 são resultado de erros de digitação no Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI), demonstrando que não foram aplicadas fora do prazo. O balanço, ainda parcial, é resultado de rigorosa verificação realizada nos últimos dias pela Secretaria Estadual da Saúde (SES) com apoio de profissionais das 18 coordenadorias regionais (CRS) e prefeituras.
“Os retornos que estamos recebendo diariamente indicam que há dados inseridos de forma incorreta sobre número de lotes e datas, por exemplo. E os problemas verificados já estão sendo corrigidos pelas prefeituras”, explica Tani Ranieri, chefe da Divisão de Epidemiologia do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs).
Os problemas de registro foram reportados, até esta sexta-feira (9/7), por 44 dos 75 municípios que constavam na lista com esta inconsistência. Na segunda-feira (5/7), a SES enviou às 18 CRS um relatório com os 877 nomes, para facilitar as buscas nos municípios.
“Nos casos onde a verificação documental não se mostra suficiente, é necessário ir à casa do usuário, pegar a carteirinha e comparar com o dado do sistema. E isso segue sendo feito por vários municípios para avaliarmos se é mesmo erro de registro, o que, até o momento parece ser a hipótese mais provável. É preciso olhar caso a caso”, diz Ana Costa, diretora de Atenção Primária e Políticas de Saúde da SES.
Os lotes suspeitos de terem sido administrados após o vencimento no RS são os seguintes:
• 4120Z005: validade de 14 de abril e distribuído em 25 de janeiro
• CTMAV520: validade em 31 de maio e distribuído em 26 de março
• 4120Z026: validade de 22 de junho e distribuído em 25 de fevereiro.
Todos os lotes distribuídos aos municípios tinham, portanto, prazo de validade superior a dois meses.
Os 877 registros levantados no último final de semana pela SES representam 0,27% do total de vacinas distribuídas nos três lotes (313.630 doses).
A SES tem uma logística de distribuição que garante a entrega das vacinas às 18 regionais de saúde em 24 horas e, aos municípios, em até 36 horas. Em cada remessa de vacinas são enviadas notas fiscais onde constam informações do laboratório, lote e data de validade do imunizante.
Caso seja confirmada alguma aplicação fora do prazo de validade, a orientação do Ministério da Saúde é que o vacinado receba nova dose no prazo mínimo de 30 dias após a aplicação da dose vencida. Receber uma vacina vencida pode diminuir o efeito protetor, mas o fato não acarreta em risco de evento adverso.