Representando 21% da população gaúcha, cerca de 2,3 milhões de habitantes, as pessoas negras, pretas e pardas estão em desvantagem na comparação com os brancos em uma série de indicadores relativos à educação, saúde, mercado de trabalho e representação política no Rio Grande do Sul.
Conforme dados reunidos pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE), vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG), há, por exemplo, maiores taxas de analfabetismo entre negros do que entre brancos, diferenças significativas nas taxas de Ensino Superior completo, maior distorção idade-série entre negros, além de maior risco de óbito por Covid-19 entre pessoas com mais de 60 anos e maior taxa de desemprego entre negros em relação aos brancos no Estado.
Educação
A taxa de analfabetismo entre a população negra do Rio Grande do Sul é maior do que entre os brancos em todas as faixas etárias, chegando a ser três vezes maior em alguns casos. Entre pessoas com 15 e 17 anos, por exemplo, a taxa é de 5,2% ante 2% dos brancos, chegando a 16% entre a população negra com 60 anos ou mais contra 5,2% na mesma faixa etária entre os brancos.
Quando o tema é escolaridade, a população negra também está em desvantagem. No Estado, 16,4% dos brancos tinham Ensino Superior completo em 2019 contra 6,3% dos negros. Já entre a população com Ensino Fundamental incompleto, o percentual entre os negros era de 38,8% contra 31,5% dos brancos. Entre os matriculados na Educação Básica, os brancos representavam 84% do total dos estudantes, contra 10% de pardos e 5% de pretos. Na população com até 17 anos do Rio Grande do Sul, brancos eram, em 2019, 77% do total de habitantes e os negros eram 23%.
Outro indicador presente no relatório é a distorção idade-série dos estudantes da Educação Básica no RS. Conforme os dados levantados, entre o terceiro e o nono ano do Ensino Fundamental o percentual de alunos com idade acima da esperada para o ano em que estão matriculados é maior entre a população indígena no Rio Grande do Sul, seguida da população preta e parda.
No terceiro ano, a taxa de distorção entre os indígenas era de 21%, enquanto entre os pretos era de 20%, 17% nos pardos e 9% na população branca. No sétimo ano a distorção entre os indígenas chega a 62%, seguido de uma taxa de 50% entre os pretos, 46% entre os pardos e 29% entre os brancos. Do terceiro ao nono ano a taxa de distorção idade-série nunca ultrapassa os 30% na população branca.
No Ensino Médio, a distorção idade-série permanece elevada entre indígenas, pretos e pardos e chega a ser três vezes maior em relação aos brancos. No terceiro ano, a taxa era de 51% entre os indígenas, 39% entre a população preta, 28% entre os pardos e 19% entre os brancos.
Trabalho
Na taxa de desemprego por raça/cor no Rio Grande do Sul, o percentual é mais expressivo entre os pretos e pardos em relação aos brancos. No primeiro trimestre de 2020, o último antes dos maiores efeitos da pandemia do Covid-19, a taxa era de 13,5% entre a população preta, 12,8% entre os pardos e 7,2% entre os brancos.
No mesmo período de 2020, o rendimento médio dos negros respondia por pouco mais de 55% do rendimento dos brancos. Enquanto a renda média dos pretos era de R$ 1.996 e dos pardos, R$ 1.848 no primeiro trimestre do ano passado, entre os brancos o rendimento chegava a R$ 2.990, conforme dados da Pnad Contínua do IBGE.
Representação política
Nas eleições de 2014, de 91 eleitos pelo Rio Grande do Sul no pleito, 90 eram brancos (98,9%) e um era negro (1,1%). O cenário quatro anos depois permaneceu sem alteração significativa: dos 94 eleitos, 91 eram brancos (96,8%) e três, negros (3,2%). Quanto ao número de candidaturas, houve um aumento entre os pleitos: 6,5% do total de candidaturas eram de negros em 2014 e 11,5% do total em 2018.