Saber que a maioria dos roubos de veículos em um município da Região Sul ocorre de terça a quinta-feira, entre 20h e meia-noite. Identificar que o número de homicídios, em queda no acumulado do ano, começou a registrar altas nos últimos três meses em um município no Vale do Taquari. Em um mapa de uma cidade serrana, clicar sobre um dos pontos que marcam todas as ocorrências de roubo ao comércio e ir diretamente para a imagem da rua onde o fato ocorreu. Tudo em atualização diária, com acesso a qualquer hora pela internet e ao alcance de poucos cliques.
Essas são apenas algumas das possibilidades disponíveis no Sistema GESeg, lançado pelo programa RS Seguro na quinta-feira (16), no Palácio Piratini, durante a reunião mensal da Gestão de Estatística em Segurança (GESeg). A plataforma, desenvolvida pela Unidade de Coordenação do RS Seguro, vinculada ao Gabinete do Vice-Governador, e a Secretaria da Segurança Pública em parceria com o Centro de Tecnologia da Informação e Comunicação do Estado (Procergs), expande para os 497 municípios a automatização de cálculos e relatórios em padrões visuais para acelerar e aprimorar a leitura dos dados de ocorrências. Até então, a ferramenta era aplicada nas 23 cidades priorizadas pelo RS Seguro.
“É um instrumento para que possamos ter uma visualização mais ágil e detalhada das informações e da incidência de algum tipo de crime em determinada localidade. Acompanhando esses indicadores, podemos atuar com mais foco e energia onde identificamos alguma inflexão, sem esperar que o problema se agrave. A ferramenta está se expandindo e vai continuar sendo aprimorada, servindo para qualificar a gestão da segurança e do trabalho que é feito na ponta, entendendo quais procedimentos são decisivos para conter e evitar problemas”, afirmou o governador Eduardo Leite.
No sistema GESeg, operadores de segurança com nível de gestão estratégica e operacional, como delegados, diretores e comandantes de unidades, terão ao alcance de poucos cliques um conjunto de informações estruturadas para auxiliar no planejamento e otimizar o emprego de recursos humanos e equipamentos.
"Tteremos uma visão muito mais qualificada do cenário criminal, o que certamente vai colaborar para seguirmos alcançando reduções recordes nos indicadores", afirmou o vice-governador e secretário da Segurança Pública, delegado Ranolfo Vieira Júnior.
Na plataforma é possível consultar, tanto para o cenário geral do Estado quanto de cada um dos municípios, múltiplas análises automáticas dos indicadores fixos da GESeg: crimes violentos letais e intencionais (CVLI), roubo de veículos e roubo a pedestre. Nas 23 cidades priorizadas do RS, há ainda um indicador local escolhido conforme a realidade de cada uma.
De uma só vez, estão disponíveis gráficos com a evolução dos números de crimes, séries temporais com dados do último ano, mês, semana e até do dia. Também são apresentadas médias móveis para identificar tendências de alta ou queda. Há ainda tabelas que destacam em tons de vermelho a maior ou menor frequência de ocorrências em cada dia da semana durante um determinado período, com dados agrupados a cada hora ou por faixas de turno (madrugada, manhã, tarde e noite).
O sistema oferece ainda visualização das ocorrências no modelo conhecido como “mapa de calor”, para verificar os locais do Estado e de cada cidade com mais casos. No mapa de cada município do RS, são marcados pontos conforme a coordenada de geolocalização de cada ocorrência. É possível clicar em cada ponto para ter acesso ao relato completo da ocorrência, bem como a um link que direciona para a visualização da rua do fato no GoogleMaps.
No mapa do Estado, cores separam os municípios conforme a menor ou maior concentração de fatos criminais segundo a quantidade, a variação percentual (aumento ou queda) e a média, entre outras opções de recorte, segundo informações da Agência EstadoRs.
Para os 23 municípios priorizados pelo RS Seguro, o sistema GESeg traz ainda alguns recursos extras, que no futuro deverão ser expandidos para as demais cidades. Entre essas ferramentas, está uma análise preditiva com a probabilidade de crimes aumentarem ou diminuírem no período de até um ano a frente, em um cálculo baseado no histórico de ocorrências.
Para aumentar a precisão, essas previsões levam em conta impactos de sazonalidade como meses com mais ou menos dias e número de semanas, feriados nacionais e estaduais, períodos de festividades como carnaval e natal, e até variações climáticas como temporadas de frio, calor e chuva. O nível de confiança é de 95%.
Outro recurso avançado para as 23 cidades priorizadas foi batizado de “arruamento”. Para além do mapa de calor, que sinaliza geograficamente as ocorrências, essa ferramenta é um algoritmo que identifica as ruas com mais risco de ocorrência de um determinado tipo de crime.
Padronização de informações e assertividade no planejamento
Com a multiplicidade de recursos e análises de dados automaticamente fornecidos pelo Sistema GESeg, gestores de segurança terão maior qualidade e precisão para decidir onde e quando empregar mais efetivo, equipamentos e ações de prevenção e repressão à criminalidade. A ferramenta viabiliza a análise conjunta entre os diversos operadores da Segurança Pública e do sistema de justiça criminal, viabilizando um monitoramento contínuo e dados consolidados.
A plataforma também vai colaborar para qualificar a coleta de informação no momento do registro de fatos pelos cidadãos, pois será alimentada com base nos boletins de ocorrência lavrados, em atualização diária. E é com base no cenário apresentado pelo Sistema GESeg que a evolução dos indicadores em cada município será avaliada. Assim, a eventual detecção de distorções entre os registros e o quadro real será um motivador para que os operadores produzam registros cada vez mais precisos.