Rede de solidariedade une profissionais de todas as áreas para ajudar vítimas das enchentes

Estado tem 46 mortes confirmadas

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Silvana atuou fazendo a limpeza do localSilvana atuou fazendo a limpeza do local
Silvana atuou fazendo a limpeza do local
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O Rio Grande do Sul parou nos últimos dias com o impacto da força da natureza, que fez com que rios transbordassem, invadindo casas, destruindo cidades e provocando a morte de pelo menos 46 pessoas, confirmadas até o momento. Mas ao mesmo tempo, uma onda de solidariedade se espalhou pelo o estado. Somente Passo Fundo já encaminhou 700 toneladas de doações para o Vale do Taquari, onde estão as cidades de Muçum e Roca Sales, as duas mais atingidas.

A professora Silvana Vargas dos Santos é primeira princesa da Associação Gaúcha dos Motociclistas e sempre atua em ações sociais. Além de ajudar as famílias em Passo Fundo, ela foi até Muçum para colaborar. “Desde segunda- feira passada, logo após as enchentes, começamos um movimento para auxiliar as famílias afetadas na cidade de Passo Fundo e do Vale do Taquari. Em Passo Fundo, assim que as águas baixaram, estivemos no bairro Entre Rios e juntamente com um grupo de voluntários (A Grande Família) distribuímos móveis, roupas, calçados, água e mantimentos. Conseguimos arrecadar um caminhão de doações. Após prestado apoio às famílias daqui voltamos os olhares para o Vale do Taquari e nos juntamos às gurias que integram a equipe do Brazilian Rat Bugs, era a união das motos e dos fuscas em uma força tarefa que se deu através da arrecadação de donativos e separação junto ao quartel da Brigada, e no ginásio da paróquia São Cristóvão.”, conta.

Silvana conta que após ajudarem nas doações e triagens decidiram ir para a área mais afetada que foi Muçum, se deslocando de carro até próximo à cidade. “Deixamos o carro em um posto de combustível e pegamos um ônibus até o local do desastre. O governo do Estado e a Prefeitura de Muçum estão disponibilizando transporte da entrada da cidade até as áreas afetadas gratuitamente para todos os voluntários que desejam ajudar na reconstrução e limpeza da cidade. O pedido é que as pessoas não entrem de carro na cidade para evitar maior transtorno. Está sendo liberada a entrada de veículos apenas para a distribuição de mantimentos ou de máquinas pesadas”, explicou.

 

Cenário desolador

Conforme Silvana, a medida é necessária para evitar curiosos que acabam atrapalhando o trabalho dos voluntários e das forças de segurança no processo de resgate e reconstrução. “Ao chegar à cidade o cenário é desolador, é algo jamais visto, o desastre é ainda maior do que as mídias podem transmitir. A população local necessita de toda a ajuda possível e neste momento, a maior necessidade é força de trabalho. Os voluntários que trabalham desde a última segunda-feira já se encontram exaustos e é necessário fazer o revezamento. A retirada da lama e dos destroços é feita manualmente com ferramentas pesadas, e alguns caminhões e tratores. Ainda há falta de caminhões pipa, e máquinas pesadas, além de carrinhos de mão, pás, lava-jatos, ferramentas em geral que ajude nesta limpeza. O cenário é de guerra e toda a força de trabalho é fundamental. A população está desolada, muitos anseiam por um abraço e uma palavra de conforto. Tentam resgatar o pouco que sobrou diante de tal devastação”, comentou.


Profissionais que fazem falta

Conforme Silvana, profissionais como pedreiros, eletricistas, encanadores e mecânicos munidos de ferramentas são os mais necessitados para este processo de reconstrução. “Gostaríamos que mais gaúchos olhassem para esta região e se unissem para ajudar na reconstrução e limpeza das cidades afetadas”, pontuou.

Silvana destaca ainda que muitas prefeituras estão disponibilizando ônibus para levar voluntários que passam o dia trabalhando e depois retornam para seus municípios. “A prefeitura de PF poderia deslocar ônibus gratuito de ida e volta no dia para voluntários. Muitas cidades mais distantes daqui estão ajudando desta forma, além de enviar mantimentos”, disse.


Mais de 750 refeições produzidas por grupo que conta com voluntário de Passo Fundo

A alimentação da população é feita por meio de voluntários de diversas partes do Estado que cozinham e distribuem refeições e frutas. Enquanto outras equipes circulam com camionetes distribuindo água aos trabalhadores.

Um grupo de Passo Fundo está produzindo em média 750 refeições diárias para famílias e as vítimas da enchente, sendo o tenente Luiz Alberto Godois e os sargentos Sérgio Anzollin, Eduardo Gil Moura Machado, Marcelo Renato Lago, Paulo Juarez Cruz que atuam como voluntários e são representantes do Grupo da Associação dos Bombeiros veteranos e Associação dos Sargentos Subtenentes e Tenentes da Brigada Militar de Passo Fundo.

Conforme Godois, a base de apoio está em Encantado, no CTG Giuseppe Garibaldi, que é comandado pela patroa do CTG Adriane Facini e pelo metri Jedson Calvi do Restaurante Dona Chica, por ter melhor infraestrutura para produção dos alimentos.

Grupo se mobilizou para ajudar na produção de alimentos


“Confeccionamos em média 750 refeições por dia café, almoço e jantar. O que tem aqui não é 20% do que a imprensa mostra, choca muito, no dia que chegamos levamos 40 minutos para atravessar a cidade, é entulho de tudo quanto é lado. A gente notou o pessoal perdido, caminhando sem rumo, procurando nos entulhos se achava alguma coisa que ainda prestasse, pessoal com bastante sede, com fome, tem uns que têm condições de comprar, mas não tem aonde. Lá não tem luz, água, não tem nada”, contou.

Godois afirma que o grupo retornaria a Passo Fundo ontem (11) porque alguns têm consultas médicas, mas que o grupo pretende retornar e que já teriam outros voluntários para irem se revezando neste trabalho. “O pessoal da cidade pediu para evitar que o turista venha aqui, vem só o pessoal para ajudar, para não atrapalhar, trancar o trânsito, alguns trazem alguma coisa, mas não querem nem descer do carro para não sujar o pé. Então, não é hora para isso, a gente vê um cenário de guerra, tem carro, casa soterrada, o cemitério foi varrido, se encontra restos mortais em qualquer lugar, é muito mais feio do que se está mostrando”, disse.



PassoFundo é um dos principais centros de triagens de doações

A 2ª Coordenadoria Regional de Proteção e Defesa Civil (Crepdec), com sede em Passo Fundo, mas que atende outros 75 municípios da região é comandada pelo major Darci Bugs Junior, que destaca que a cidade, além de Porto Alegre e Lajeado, é um dos principais pontos para recebimento e triagem de donativos. “Chegaram de toda a região 42 caminhões, já saíram 18 e nesta segunda-feira tem a previsão de sair mais 5 caminhões. A gente manda de forma estratégica, em quatro ginásios são feitas a triagem, para pontos estratégicos e a gente se comunica o tempo todo para mandar de forma estratégica para outras cidades também atingidas”, explica.

Conforme o Major, a população tem ajudado muito. “Temos uma agradecimento muito grande ao Exército Brasileiro que em todo o estado está muito engajado, a população está dando uma resposta maravilhosa, em todos os lugares, em Passo Fundo em média de 200 a 300 voluntários todos os dias. Voluntários com caminhões disponibilizando a custo zero, para mandar donativos para qualquer lugar, isso é muito importante”, pontua.

A policial militar aposentada, Fabiane Chaves, é uma das voluntárias que estava atuando no ginásio da Igreja São Cristóvão no fim de semana. “Trabalhei minha vida inteira com a população, ajudando a comunidade e achei por bem de vir aqui contribuir, meu esposo, que também é policial, está aqui e a gente veio fazer a nossa parte, um pouquinho de cada um ajuda bastante”, disse.

A analista contábil, Daniela Rubinich conta que aproveitou o fim de semana para ajudar também. “Eu queria ajudar de alguma forma, já fiz algumas doações e como Muçum é muito longe resolvi vir aqui ajudar da forma que eu podia, prestando meu tempo e minha disponibilidade para separar as coisas aqui”, diz.

 

Doações e voluntários devem procurar o Quartel da Brigada Militar

Os voluntários e donativos podem ser entregues no salão de eventos do Quartel da Brigada Militar no 3º RPMon. Conforme Bugs, as principais doações necessárias no momento são medicamentos sem uso de receita médica, materiais de limpeza e insumos para reconstrução.

 

Doações passam por triagem para ser encaminhadas aos municípios atingidos pela enchente. Foto: Jéssica França


Vaquinha online do humorista Badin se aproxima de R$ 2 milhões em doações

Nessa segunda-feira (11), o humorista de Erechim Eduardo Gustavo Christ, conhecido como Badin- O Colono, foi até Muçum para conhecer melhor a situação das vítimas da enchente. Por meio de uma vaquinha online criadapor ele, mais de 33 mil pessoas já haviam contribuído para reconstrução da cidade.

O humorista viu os estragos causados pelas enchentes e decidiu convidar seus seguidores para contribuir, inicialmente a campanha tinha o objetivo de arrecadar R$ 200 mil, depois R$ 500 mil e nessa segunda, já se aproximava dos R$ 2 milhões. A campanha foi crescendo com os seguidores ajudando e solicitando apoio de outros famosos que também mobilizaram seus seguidores. Escolas, hospitais e moradores nas cidades de Muçum, Roca Sales e Serafina Corrêa já receberam alguns repasses.


Campanha Passo Fundo Solidária reforça rede de apoio

Em Passo Fundo, a Prefeitura realiza, junto com as entidades do município, a Campanha Passo Fundo Solidária, que tem registrado grande participação da comunidade.

O prefeito Pedro Almeida convocou, na sexta-feira (8), CCs (servidores em cargo de comissão) que não atuam em áreas essenciais para se somarem aos voluntários que estão trabalhando na separação das doações. Cerca de 100 pessoas trabalham nos pontos de triagem. “O momento é de união e temos contado com a solidariedade da população, entidades e empresas que aderiram à Passo Fundo Solidária. Com vários pontos de arrecadação e as centrais que estão fazendo a triagem das doações, necessitamos de muitas mãos para auxiliar no trabalho”, observou o prefeito.

Passo Fundo também está recebendo doações de dezenas de municípios da região. O salão de eventos do quartel da Brigada Militar no 3º RPMon concentra a maior parte das doações e, em função do grande volume recebido, foi necessário abrir mais quatro centrais de recebimento de donativos: Escola Municipal Wolmar Salton, Escola Municipal Helena Salton, Ginásio da Paróquia São Cristóvão e Batalhão de Polícia Rodoviária na Rua Daltro Filho.

Conforme o chefe de gabinete e um dos responsáveis pela organização da campanha solidária da Prefeitura, Fernando Carlos Bicca, é importante e essencial que mais pessoas se habilitem para ajudar no trabalho de triagem. “Nós estamos vendo a grande solidariedade do povo passo-fundense, que está se unindo cada vez mais a essas ações promovidas e apoiadas pela Prefeitura de Passo Fundo. Nós temos na Brigada Militar, no momento, em torno de 100 pessoas trabalhando e precisamos de mais pessoas para trabalhar nos outros locais”, afirmou.

O trabalho de triagem e recebimento de donativos, além de contar com o grupo de servidores da Prefeitura, tem o auxílio de soldados da Brigada Militar, empresas particulares e instituições e um grupo de 30 militares do 6º Regimento de Cavalaria Blindada de Alegrete.


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