Por Taís Fortes
Especial ADI Multimídia
Durante três dias, a Aegea, nova controladora da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) apresentou a jornalistas gaúchos os resultados parciais do maior projeto de saneamento do Brasil, desenvolvido pela concessionária Águas do Rio. A empresa, que também integra o grupo Aegea, é responsável pelo abastecimento de água e esgotamento sanitário em 27 municípios do estado do Rio de Janeiro e mais 124 bairros da capital, com um total de dez milhões de pessoas atendidas.
Durante a press trip, a Aegea, líder em saneamento privado no Brasil, divulgou obras, ações, projetos e programas realizados no Rio de Janeiro, que lhes garantiram avançar em diversos setores e garantir bons resultados desde o início das operações, que ocorreu em 1º de novembro de 2021.
Entre os destaques desse período estão a recuperação da Lagoa Rodrigo de Freitas e da Baía de Guanabara. Essa última que, historicamente, apresenta problemas de balneabilidade em diversas praias na sua extensão. Ao longo desses dois anos também foram realizadas no Rio de Janeiro iniciativas com foco em ações sociais, como os programas Vem com a Gente, Afluentes e a Tarifa Social, além de investimentos na área de tecnologia e inovação.
OLHAR SOCIAL
Programas como esses já são realizados em outras cidades atendidas pela Aegea, como em Manaus, e devem ser replicados, também, nos municípios gaúchos, a partir da privatização da Corsan. Com essas iniciativas, o grupo reforça a política de trabalho que envolve um olhar social atento, especialmente na questão tarifária, com o objetivo de que todas as pessoas tenham condições de pagar pelo abastecimento de água.
Além disso, a empresa promove o relacionamento direto com líderes comunitários, por meio do programa Afluentes, com o objetivo de levantar demandas locais e realizar o atendimento dos pedidos de forma mais ágil. Também é realizado o projeto Vem com a Gente, pelo qual os moradores são ouvidos para que seja possível conhecer melhor os problemas comunitários relacionados ao fornecimento de água.
No Rio, a primeira comunidade a receber o programa Vem com a Gente foi Complexo da Mangueira, onde há dez mil residências e o trabalho começou a ser realizado há nove meses. No local, foram feitas instalações de hidrômetros para que as pessoas pudessem ter acesso à água corretamente. A proposta da Aegea é replicar essa iniciativa, que começou a ser executada em Manaus e se tornou uma das frentes de trabalho da empresa, também no Rio Grande do Sul. Inicialmente, 17 municípios gaúchos devem ser contemplados pela proposta, tendo como prioridade Alvorada.
Estrutura tarifária sem alteração
Com a privatização da Corsan, uma das grandes preocupações da população diz respeito ao valor pago pela tarifa de água e esgotamento sanitário. Em outras oportunidades, a diretoria da Aegea já afirmou que não alterará os valores que vinham sendo praticados pela estatal, apenas levando em consideração os reajustes adequados e necessários.
No Rio de Janeiro, por exemplo, a Aegea manteve a estrutura tarifária que já era praticada pela Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae), realizando apenas o reajuste padrão referente à inflação. Além disso, conforme dados apresentados pela empresa, no contrato de concessão se previa o atendimento de 5% da população carioca com Tarifa Social.
No entanto, esse percentual já chega a 20%, com tendência de aumento. Um dos requisitos para receber esse benefício é estar inscrito no Cadastro Único (CadÚnico), mas cada contrato de concessão ou privatização tem os próprios itens a serem observados.
Outros dois fatores que são motivos de orgulho para a Águas do Rio envolve a contratação de colaboradores das comunidades. Hoje, das oito mil pessoas que trabalham na concessionária, 4,5 mil são moradores desses locais. A empresa ainda conseguiu resolver problemas históricos de pessoas que sofriam com alagamento causado pelo esgoto em casa e fez a ligação para o abastecimento de água em residências que não recebiam esse serviço.
No Rio Grande do Sul, segundo o vice-presidente de Operações das regiões Sul e Sudeste, Leandro Marin, um dos principais pontos a ser trabalhado pela Aegea envolve os serviços de esgotamento sanitário, o que envolve, por exemplo, a construção de 300 novas Estações de Tratamento de Esgoto (ETE). “Temos os mecanismos para fazer isso e gerar o mínimo de transtorno para as pessoas”, observou, ao fazer referência aos problemas comuns de desnivelamento de ruas quando são ‘abertas’ para a colocação das redes de esgoto.
Outros eixos de ações envolve o Plano Litoral, que abrange o esgotamento sanitário do Litoral Norte, e ainda o plano de combate à falta d’água, especialmente no que diz respeito à estiagem, com a construção de reservatórios em diferentes cidades do estado.
O CEO da Aegea, Radamés Casseb, salientou que é uma prioridade da empresa resolver o dilema que envolve as praias gaúchas no que diz respeito ao tratamento de esgoto, que trava, principalmente, o avanço da construção civil. Ele informou que a solução técnica já está desenhada, que é um processo que necessita de mais investimentos, mas a precisão é ter a situação controlada na temporada de verão de 2024 e 2025.
Entrega da Aegea nos próximos 10 anos para o RS
Sistemas de abastecimento de água (novos investimentos e melhorias operacionais)
• Captação por poços: 694 unidades
• Captação superficial: 177 unidades
• Adutoras e redes: 2.453.536 metros
• Ligações: 84.782 unidades
• Estações de Tratamento de Água (ETA): 184 unidades
Sistema de esgotamento sanitário (novos investimentos e melhorias operacionais)
• Elevatórias de esgoto: 2.163 unidades
• Redes, coletores e linhas de recalque: 16.922.501 metros
• Ligações: 1.622.912 unidades
• Estações de Tratamento de Esgoto (ETE): 330 unidades
(Fonte: Material informativo da Aegea)
R$ 1,37 bi
será o aporte financeiro realizado pela Aegea no período de 12 meses. Nos próximos 10 anos o total chega a R$ 15 bilhões.
Saiba mais
• Os 317 municípios gaúchos atendidos pela empresa serão contemplados com 356 ações de melhorias, das quais 317 são novas frentes de trabalho, a partir de um investimento total de R$ 33 milhões em 100 dias.
• Há 39 frentes em andamento que serão concluídas em 2023, totalizando mais R$ 71 milhões a serem investidos nos serviços operacionais e R$ 26,6 milhões em obras de expansão até dezembro deste ano.
• Ao ano serão gerados 66 mil empregos, sendo eles diretos, indiretos e induzidos. Mais de 47 mil postos de trabalho permanecem na economia estadual, com mão de obra local.
(Fonte: Material informativo da Aegea)
Vazamentos
• Assim como já é realizado no Rio de Janeiro, um dos objetivos da Aegea no Rio Grande do Sul é localizar pontos com vazamentos nas redes para evitar que a água se perca em razão desses problemas. Isso envolverá o diagnóstico detalhado desse tipo de situação e a modernização do sistema, especialmente das redes e ligações de água.
• Na cidade carioca também se desenvolve um trabalho intenso para localizar e cadastrar pessoas para que elas tenham o abastecimento de água regularizado e paguem por ele conforme a capacidade financeira de cada morador.
• Para a Águas do Rio, essa iniciativa é considerada muito importante porque gera conscientização das pessoas sobre o uso racional da água e consequentemente a redução do consumo.
Tecnologia e inovação
• Outro ponto muito importante do trabalho da Aegea envolve os investimentos em tecnologia e inovação. Na Águas do Rio, por exemplo, existe o Centro de Operações Integradas (COI), espaço de controle utilizado para o monitoramento dos ativos e que auxilia para que todos os serviços funcionem dentro do que foi planejado. O painel na sede da concessionária é o maior da América Latina e o local está na vanguarda em relação à tecnologia disponível no mercado.
• Com o auxílio de recursos tecnológicos, a empresa também realizou um mapeamento das estruturas abandonadas, para que elas pudessem ser recuperadas e colocadas em funcionamento de acordo com o planejamento inicial feito para cada uma delas. Um exemplo disso, foi a expansão da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Alegria, na Zona Norte do Rio de Janeiro.
• A estrutura, que é a maior do estado do Rio de Janeiro e a segunda maior do Brasil, atrás da estação de Barueri, em São Paulo, recebeu serviços de limpeza e de reativação de decantadores, troca de bombas, motores e gradeamentos. O principal objetivo é melhorar a qualidade da água que retorna para o meio ambiente após o processo realizado nesse local. A ETE Alegria é o maior ativo da Aegea e trata o esgoto da região Central e parte da Zona Norte do Rio de Janeiro.
Lagoa Rodrigo de Freitas e Baía de Guanabara
• A Aegea investirá R$ 2,7 bilhões na recuperação da Baía de Guanabara. A intenção da empresa é evitar que o esgoto chegue até o local para que ela tenha capacidade de regenerar, processo feito naturalmente pela própria baía a cada 15 dias.
• Para isso, já foi feito um cinturão no entorno dela para evitar que o esgoto contaminasse a água. Após um trabalho intenso, mas que ainda está em fase inicial, a Águas do Rio já alcançou alguns resultados positivos, como melhores resultados para a balneabilidade das praias do Flamengo e Botafogo, que recentemente voltaram a ser consideradas próprias para banho.
• Na Lagoa Rodrigo de Freitas, o projeto Manguezal da Lagoa, desenvolvido há 34 anos pelo biólogo Mário Moscatelli, ganhou reforço há cerca de dois anos quando a Águas do Rio passou a apoiar a iniciativa. Por meio dessa parceria é feito o monitoramento das galerias de esgoto que chegam até a lagoa durante 24 horas para evitar que ela seja poluída. A equipe de trabalho é composta por 40 pessoas.
• Com esse trabalho conjunto, já é possível perceber um aumento na biodiversidade no local, com o reaparecimento de animais que há muito tempo não eram vistos. “A grande lição disso é que é possível recuperar. Aqui [na Lagoa Rodrigo de Freitas] nunca vai dar para baixar a guarda porque o inimigo está por todo lado. Essa limpeza vai gerar uma mudança cultural nas pessoas, que vão passar a cuidar mais”, relata Moscatelli.
Lagoa Rodrigo de Freitas conta com o Projeto Manguezal da Lagoa realizado para auxiliar na recuperação do local. Foto: Taís Fortes
Na capital fluminense e em outras dez cidades da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, a Águas do Rio, concessionária do grupo Aegea, realiza a distribuição de água. Nessas cidades, a Cedae continua sendo a responsável pela captação e tratamento de água.