O pesquisador passo-fundense, Rodrigo Nemmen da Silva, que trabalha na Nasa há dois anos, foi responsável pela mais recente descoberta sobre os buracos negros, um dos maiores mistérios da ciência. Através de uma “engenharia reversa" desses buracos negros usando telescópios da NASA, Nemmen "quebrou o código" dos buracos negros e descobriu uma simetria na maneira como eles produzem jatos de partículas movendo-se próximo à velocidade da luz. “A nossa descoberta traz a possibilidade de uma unificação de diferentes classes de objetos astronômicos: buracos negros supermassivos no centro das galáxias e gamma-ray bursts”, relata. Os resultados da nova pesquisa foram publicados no dia 14 de dezembro na Science, uma das revistas científicas mais conceituadas do mundo.
Há um ano, Nemmen concedeu entrevista exclusiva ao ON já prevendo descobrir qual era a conexão entre os diferentes tipos de buracos negros. “O meu objetivo é estudar o comportamento dos buracos negros bebês e descobrir qual é a ponte de conexão com os buracos negros supermassivos que vivem há bilhões de anos em galáxias super distantes”, explicou. CLIQUE AQUI E VEJA A PÁGINA |
Gastando como um milionário
Para chegar à descoberta, Nemmen estudou durante um ano uma grande variedade de buracos negros com a ajuda de cinco pesquisadores, do telescópio espacial Fermi e de dados do satélite Swift da Nasa. Ele comparou os supermassivos com os buracos negros bebês. Os mais idosos – que podem ter bilhões de anos de idade -, e maiores – onde sua dimensão é bilhões de vezes superior à massa do sol - são chamados de “supermassivos”. Já os recém-nascidos, ou "gamma-ray burst”, são bem menores - cerca de 10 vezes a massa do sol -, se originam da morte das estrelas e vivem apenas por alguns segundos. A conclusão da pesquisa foi que, mesmo com características tão diferentes, foi possível verificar que os buracos negros de massas, idades e locais completamente diferentes, produzem da mesma forma jatos de gás ionizado e convertem a sua energia em luz com a mesma eficiência. “É como se tivéssemos descoberto que uma pessoa de baixa renda e um bilionário gastassem sempre a mesma percentagem da sua renda na conta de luz”, explica Nemmen.
Novos mistérios a desvendar
A comprovação deste comportamento semelhante nos mais variados ambientes no universo deve ajudar os cientistas a desvendar os mistérios por trás destes objetos, já que, segundo o passo-fundense, os astrônomos tendem a se focar no estudo de um ou outro tipo de buraco negro ao invés de adotar um ponto de vista mais global ou holístico. “A nossa descoberta vai estimular uma maior sinergia entre as comunidades de cientistas que estudam os buracos negros supermassivos e os gamma-ray bursts. No final das contas, os astrônomos podem estar estudando manifestações do mesmo fenômeno só que em diferentes escalas”, esclarece.
Os grandes enigmas da astrofísica
Nemmem relata que está empolgado em desvendar um dos maiores enigmas da astrofísica. “Uma das perguntas que eu quero responder é como os buracos negros produzem jatos de partículas a velocidades tão altas (próximas à velocidade da luz), que transportam quantidades fenomenais de energia para fora? Além disso, quero descobrir como é possível uma fração tão grande da energia transportada por estes jatos ser convertida na luz que observamos com os nossos telescópios?”, finaliza.
Confira animações produzidas pela Nasa mostrando o comportamento dos buracos negros
Animação produzida pela Nasa mostrando um buraco negro supermassivo engolindo matéria e produzindo os jatos de partículas
Animação de um buraco negro engolindo matéria
Estrela sendo "assassinada" por um buraco negro
O caminho que a luz percorre desde o momento que é emitida no jato produzido por um buraco negro supermassivo, até chegar no nosso planeta e ser detectada pelo Telescópio Fermi da NASA
Animação mostrando um gamma-ray burst