Uma nova forma de ver o diabetes

1º Acampamento da Criança Diabética reuniu crianças, pais e professores para pensar sobre os cuidados e prevenção da doença

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Júlia Melara tem 11 anos, frequenta o 6º ano do Ensino Fundamental e mora em Tapejara. A menina se divide entre as brincadeiras, os estudos e os cuidados com a diabete que segue o tipo 1. Ela não é a única. De sexta-feira (2) a domingo (4), Júlia conviveu com outras 20 crianças que têm a mesma rotina que ela. O 1º Acampamento da Criança Diabética, uma iniciativa ousada, reuniu crianças, pais, voluntários, professores e alunos da área da saúde para trocar experiências, informações e cuidados. 

Promovido pelo Lions Clube LD-7 em parceria com o Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), Universidade de Passo Fundo (UPF), Ministério Público e Escoteiros Maragatos, o acampamento teve como sede a Universidade. Com atividades lúdicas e práticas, o encontro enfatizou, principalmente, a importância do auto-cuidado. Para Júlia, a troca de informações foi essencial e a motiva a participar de uma próxima edição do acampamento: “Achei muito legal conhecer pessoas diferentes. Às vezes a gente se sente único no mundo e conheci todo mundo aqui que também tem o mesmo problema que eu e isso é muito legal”, comentou.
A programação do acampamento foi inspirada em ações que já acontecem em São Paulo, através da Associação de Diabetes Juvenil. Além de oficinas e trabalhos manuais, as crianças – que deveriam ter entre 6 e 12 anos, fazem uso de insulina e frequentam a escola regularmente, seja pública ou privada - foram acompanhadas por um responsável durante todo o acampamento e participaram de atividades esportivas como natação, escalada e atividades que envolveram culinária, música e artes visuais.

Uma cortina de intenções
A professora Mariane Loch Sbeghen, coordenadora do curso de Artes da UPF, realizou um trabalho de arteterapia e reflexão sobre as diferenças de cada um. “Através de bolas fizemos uma sensibilização. Todas as bolas eram diferentes umas das outras. Então, todos nós somos como as bolas: somos humanos, mas temos nossas diferenças. Fizemos um trabalho de conscientização de que todos somos diferentes, mas dentro dessas diferenças é que somos importantes”, explicou. Depois de pensarem e conversarem sobre aquilo que as caracterizada, cada criança escreveu, com lápis coloridos, em tiras de papel o que mais havia gostado nos dias do acampamento e o que isso a fazia sentir. O resultado foi o que a professora chamou de “cortina de intenções”, com desejos de que o encontro se repita. Com letras, tamanhos e cores diferentes, a cortina foi formada pelo pensamento de cada um que, pouco a pouco, começa a ver a diabete de uma forma mais clara.

Uma iniciativa inédita
Por mais que ainda não exista uma cura para a diabete, existem formas de controlar a doença, prevenindo complicações. Para Mirian Tombini, assessora de saúde do Lions Clube e mentora do projeto do acampamento, a troca de experiências entre pais, crianças e profissionais foi essencial para que o acampamento atingisse o objetivo esperado. “Achamos que devíamos potencializar esse trabalho, com algo que tivesse continuidade, que pudéssemos colher algo. Proporcionar essa troca de experiências entre as crianças é o melhor resultado. Se eles guardarem um pouco dos ensinamentos aprendidos aqui, já valeu a pena”, comenta.
Com a ajuda de 50 monitores, o acampamento contou com a assessoria da Unimed e de médicos que estavam a disposição das crianças. Todas as oficinas foram abraçadas pela Universidade e abrangeram diferentes áreas da saúde e da educação. A intenção agora é, segundo Miriam, realizar o acampamento em novembro, perto da data em que se lembra o Dia da Diabete. “Esse foi um projeto piloto e já foi muito proveitoso. Agora esperamos consolidar essa iniciativa. Optamos por trabalhar com as crianças porque quanto antes aprendermos a conviver com a doença, menores são as chances de complicações futuras”, explica.
De acordo com Mirian, novos eventos com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos diabéticos devem ocorrer nos próximos meses.

Entenda a doença
Os tipos de diabete mais frequentes são a diabete tipo 1, anteriormente conhecido como diabete juvenil, que compreende cerca de 10% do total de casos, e a diabete tipo 2, anteriormente conhecido como diabete do adulto, que compreende cerca de 90% do total de casos. Outro tipo de diabete encontrado com maior frequência e cuja etiologia ainda não está esclarecida é a diabete gestacional, que, em geral, é um estágio pré-clínico de diabete, detectado no rastreamento pré-natal.

Outros tipos específicos de diabete menos frequentes podem resultar de defeitos genéticos da função das células beta, defeitos genéticos da ação da insulina, doenças do pâncreas exócrino, endocrinopatias, efeito colateral de medicamentos, infecções e outras síndromes genéticas associadas ao diabetes.

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